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A Páscoa

(Lv 23.5-8; Nm 28.16-25; Dt 16.1-8)

12 O Senhor disse depois a Moisés e a Aarão: “Daqui em diante, este será o primeiro mês do ano e o mês mais importante do vosso calendário. Todos os anos, no dia 10 deste mesmo mês, isto será o que terão de anunciar ao povo de Israel: cada família tomará um cordeiro. Se for uma família pequena poderá partilhar um cordeiro com outra família vizinha. Dependerá, portanto, do tamanho da família. Este cordeiro deverá ser um macho de um ano, mas sem nenhum defeito. Em vez de um cordeiro, poderá ser um cabrito.

Deverão guardá-lo até ao dia 14 deste mesmo mês e, nesse dia, ele será morto, ao cair da tarde, pela assembleia do povo de Israel. Depois o seu sangue será posto nos dois lados e na parte de cima da entrada da casa. O sangue que usarem para isso será o do cordeiro que for comido nessa casa. Toda a gente deverá comer a carne assada do cordeiro nessa noite, acompanhada de pão sem fermento e de ervas amargas. Não poderá ser comido nem cru, nem cozido, mas sim assado no forno, incluindo a cabeça, as pernas, o coração e as vísceras. 10 Além disso, deverá ser comido todo ele nessa noite, sem deixar nada para o dia seguinte. Se algum resto tiver de ficar, queimem-no. 11 Ao comê-lo devem estar vestidos e preparados como para uma longa viagem, com os sapatos de marcha e a vara na mão, e será comido à pressa. Isto é a Páscoa do Senhor.

12 Porque eu passarei esta noite através da terra do Egito e matarei todos os filhos mais velhos, de entre os homens, e os primeiros nascidos dos machos entre os animais, e executarei o meu julgamento sobre todos os deuses do Egito, pois eu sou o Senhor. 13 O sangue que tiverem colocado nas ombreiras e na verga das portas mostrará que vocês me obedeceram. Quando eu vir o sangue, passarei adiante e não matarei o filho primogénito dessa família, quando vier ferir o país do Egito.

14 Celebrarão este acontecimento cada ano. É uma lei para sempre que vos lembrará esta noite especial. 15 Esta celebração durará sete dias, durante os quais comerão apenas pão sem fermento. Quem desobedecer a este mandamento durante os sete dias da celebração será expulso da comunidade de Israel. 16 Tanto no primeiro dia da celebração como no sétimo, haverá serviços religiosos especiais para toda a congregação, e não se fará trabalho de espécie alguma, exceto o necessário para a preparação dos alimentos.

17 Esta celebração dos pães sem fermento, que terá lugar todos os anos, vos fará lembrar o dia em que vos vou tirar para fora do Egito. Por isso, é um mandamento que vocês terão de cumprir neste dia, anualmente, para sempre. 18 Comerão apenas pão sem fermento, desde a noite do dia 14 até à noite do dia 21 deste mesmo mês. 19 Durante os sete dias não deverá haver qualquer vestígio de fermento nas vossas casas. E se alguém nesse período comer seja o que for com levedura deverá ser expulso da comunidade de Israel. Tais regras terão de se aplicar igualmente aos estrangeiros que viverem convosco e aos naturais da terra. 20 Repito: durante esse tempo não devem comer nada que tenha fermento, apenas pães sem fermento.”

21 Moisés chamou então todos os anciãos de Israel e disse-lhes: “Escolham cordeiros dos vossos rebanhos, um cordeiro para uma ou mais famílias de acordo com o número de pessoas de cada família, e matem-no para que Deus ao passar não vos destrua: é o sacrifício da Páscoa. 22 Escorram o sangue para uma bacia, façam um molho de ramos de hissopo e com ele ponham o sangue do cordeiro nos lados e na parte de cima da entrada da casa. Ninguém deverá sair nessa noite. 23 Porque o Senhor passará por toda a terra para matar os egípcios, mas quando vir o sinal do sangue nas ombreiras e nas vergas da entrada, passará adiante e não permitirá que o destruidor entre e mate o filho mais velho. 24 E lembrem-se: isto é uma lei para sempre, para vocês e para a vossa posteridade.

25 Quando entrarem na terra que o Senhor vos der, como prometeu, quando estiverem a celebrar esta Páscoa, 26 e os vossos filhos vos perguntarem: ‘O que é que isto significa?’, 27 responderão assim: ‘É a celebração do sacrifício da páscoa do Senhor, quando ele feriu de morte os egípcios, ao ter passado sobre nós, sobre as casas do povo de Israel, e não nos destruiu.’ ” Então todos inclinaram as suas cabeças e adoraram o Senhor.

O êxodo

28 O povo de Israel fez como Moisés e Aarão mandaram.

29 Naquela noite, à meia-noite, o Senhor matou todos os primogénitos da terra do Egito, desde o filho mais velho do Faraó, seu sucessor no trono, até ao do prisioneiro que estava no cárcere, inclusive dos animais.

30 O Faraó e a sua corte, assim como todo o povo do Egito, levantaram-se de noite. Começou a ouvir-se um clamor de aflição por toda a terra, porque não havia uma só casa em que a morte não tivesse entrado.

31 O Faraó convocou Moisés e Aarão mesmo durante a noite e disse-lhes: “Deixem-nos! Vão-se embora todos e sirvam o Senhor como pretendem. 32 Levem o gado e os rebanhos. Não deixem de me dar a vossa bênção de despedida.”

33 Ao mesmo tempo, os egípcios faziam pressão sobre o povo de Israel para que saíssem da terra o mais depressa possível, porque diziam: “Se não, acabamos por morrer todos!”

34 Os israelitas tomaram consigo a massa sem fermento, embrulharam as amassadeiras na roupa que tinham vestida ou puseram-nas ao ombro. 35 Fizeram também como Moisés dissera: pediram aos egípcios que lhes dessem objetos e recipientes de prata e ouro assim como roupa. 36 O Senhor fez nascer um movimento de simpatia dos egípcios a favor do povo, de tal forma que deram tudo de que os israelitas precisavam, ficando praticamente despojados de tudo o tinham.

37 Nessa noite, o povo de Israel deixou Ramessés em direção a Sucote. Eram 600 000, só os homens, não contando as mulheres e as crianças; e todos iam a pé. 38 Além disso, uma grande mistura de gente foi com eles e havia ainda o gado e os rebanhos. Era um vasto êxodo de animais.

39 Cozeram pães sem fermento, com a massa que tinham trazido do Egito, porque não tinham tido tempo para preparar outras provisões.

40 Os filhos de Israel estiveram 430 anos completos no Egito. 41 Foi no último dia desses 430 anos que todo o povo do Senhor deixou aquela terra.

A instituição da Páscoa

42 Essa foi a noite escolhida pelo Senhor para tirar o seu povo fora do Egito e, por tal, escolhida para a celebração anual da salvação do Senhor.

43 O Senhor disse a Moisés e a Aarão: “Estes são os regulamentos respeitantes à comemoração da Páscoa: Nenhum estrangeiro comerá do cordeiro, 44 porém os servos comprados por dinheiro podem comer, se tiverem sido circuncidados. 45 Mas o estrangeiro e o assalariado, esses não. 46 Todos aqueles que comem do cordeiro devem estar juntos numa casa, não vão comê-lo para fora. Também não devem quebrar nenhum osso do cordeiro. 47 Toda a congregação de Israel celebrará esta festividade ao mesmo tempo. 48 Ainda, quanto aos estrangeiros, se estiverem a viver convosco e quiserem comemorar a Páscoa na vossa companhia, terão de fazer circuncidar todos os indivíduos do sexo masculino. Só assim poderão vir e celebrar com vocês, porque serão como se tivessem nascido no vosso meio. Doutra forma, nenhum incircunciso comerá do cordeiro. 49 Esta lei deverá aplicar-se tanto aos naturais de Israel, como aos estrangeiros que estiverem a viver no vosso meio.”

50 E todo o povo de Israel seguiu as instruções que o Senhor deu a Moisés e a Aarão. 51 Naquele mesmo dia o Senhor trouxe para fora do Egito toda aquela grande multidão do povo de Israel.

A consagração dos primogénitos

13 O Senhor deu as seguintes instruções a Moisés: “Consagra-me todo o primogénito, o primeiro a abrir o seio materno, dos filhos de Israel, assim como também o primogénito macho dos animais. Esses são meus!”

Então Moisés disse ao povo: “Este é um dia para ser lembrado para sempre, o dia em que deixaram o Egito e a vossa escravidão, da qual o Senhor vos tirou através de muitas maravilhas. Agora não se esqueçam: durante a celebração anual deste acontecimento não deverão comer pão fermentado. Tomem bem nota do dia do vosso êxodo, no fim do mês de Abibe[a] de cada ano, quando o Senhor vos tiver trazido para a terra em que ainda habitam os cananeus, os hititas, os amorreus, os heveus, os jebuseus, a terra que ele prometeu aos vossos pais, essa terra onde jorra leite e mel. 6-7 Por isso, durante sete dias comerão apenas pães sem fermento e nem sequer nas vossas casas haverá fermento, nem sequer dentro das fronteiras da vossa terra. No fim, no sétimo dia, haverá uma grande festa dedicada ao Senhor.

Durante os dias dessa solenidade, em cada ano, deverão explicar aos vossos filhos a razão por que estão a fazer essa comemoração, que é por aquilo que o Senhor fez por vocês quando saíram do Egito. Esta semana de festividade solene, todos os anos, é como um sinal que vos qualifica para sempre como pertencendo ao Senhor, tal como se tivessem uma marca de propriedade nas mãos ou nas testas. Será assim para que a Lei do Senhor não se afaste das vossas bocas. 10 Portanto, guardarão este mandamento sempre nesta mesma data.

11 Também deverão cumprir o seguinte: Quando o Senhor vos trouxer para a terra que prometeu aos vossos antepassados, na qual os cananeus estão a viver atualmente, 12 todo o primeiro filho que nascer, assim como o primogénito macho dos animais, pertence ao Senhor e deverão oferecer-lho. 13 No caso de crias de burros, poderão ser resgatados em troca dum cordeiro ou cabrito; se não quiserem fazer esse resgate, partirão o pescoço ao burrinho. Dessa forma, igualmente todo o primeiro nascido dos seres humanos deverão resgatar por meio de uma oferta.

14 Se acontecer no futuro que os vossos filhos vos perguntem: ‘Porque é que fazem isso?’, explicarão assim: ‘Porque foi com o seu poder que o Senhor nos trouxe do Egito, da escravidão em que vivíamos. 15 O Faraó não queria deixar-nos partir. Então, o Senhor matou todos os primogénitos do sexo masculino da terra do Egito, tanto homens como animais. Por isso, agora, vos oferecemos ao Senhor, embora os primeiros dos nossos filhos os possamos resgatar.’ 16 Mais uma vez vos digo, esta comemoração identifica-vos como o povo de Deus, como se tivessem uma marca de propriedade nas mãos ou nas testas. É uma lembrança do modo como o Senhor vos tirou do Egito com grande poder.”

A travessia do mar

17 Aconteceu que, por fim, o Faraó deixou o povo ir. Contudo, Deus não os levou pelo caminho que atravessa a terra dos filisteus, ainda que fosse o caminho mais curto e direto para a terra prometida. A razão disso foi que Deus sentiu que o povo podia desencorajar-se ao ter de travar combates indo por ali e voltar para o Egito. 18 Por isso, Deus os conduziu pelo caminho que atravessa o mar Vermelho e o deserto. Os israelitas saíram do Egito organizados como um exército.

19 Moisés teve o cuidado de levar os ossos de José, conforme a promessa solene que este exigiu dos filhos de Israel de levaram os seus ossos dali, quando Deus os tirasse do Egito, visto que tinha a certeza de que ele haveria de fazer isso.

20 Ao deixar Sucote acamparam em Etã, à entrada do deserto. 21 O Senhor conduzia-os de dia por meio duma coluna de nuvem, a qual de noite se tornava em fogo. Desta forma, podiam deslocar-se tanto de dia como de noite. 22 Nunca aquela coluna de nuvem e de fogo os deixou fosse de noite fosse de dia.

Footnotes

  1. 13.4 Mês de Abibe ou Nisan. Entre a lua nova do mês de março e o mês de abril.