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Elias foge para Horebe

19 Quando Acabe contou à rainha Jezabel o que Elias fizera, que tinha matado todos os profetas de Baal, ela mandou um recado a Elias: “Mataste os meus profetas, mas juro-te pelos deuses que amanhã, por esta altura, te matarei eu.”

Elias resolveu fugir para escapar com vida. Foi a Berseba, cidade de Judá e deixou ali o seu criado. Depois continuou sozinho pelo deserto, andando o dia inteiro. A certa altura, sentou-se debaixo dum zimbro e orou, pedindo que a morte o levasse: “Já basta, Senhor! Toma agora a minha vida. Tenho de morrer um dia, como todos os que me precederam e que morreram por te servir. Então que seja agora.”

Deitou-se e adormeceu ali, debaixo do zimbro. Enquanto dormia, um anjo chegou-se, tocou-lhe e disse-lhe que se levantasse e comesse. Olhou em volta e viu pão, que fora cozido sobre brasas, e um jarro de água. Comeu, bebeu e tornou a deitar-se.

O anjo do Senhor veio de novo, tocou-lhe e disse-lhe: “Levanta-te, come mais alguma coisa, porque tens uma longa caminhada pela frente.”

Levantou-se então, comeu, bebeu, e aquele alimento deu-lhe forças bastantes para uma longa marcha de quarenta dias e quarenta noites, até ao monte Horebe, a montanha de Deus. Ali passou a noite numa gruta.

O Senhor aparece a Elias

Contudo, o Senhor disse-lhe: “Que fazes aqui, Elias?”

10 Elias respondeu: “Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, Deus dos exércitos, mas o povo de Israel quebrou a aliança que fizeste com ele, derrubou os teus altares e matou os teus profetas; só eu fiquei e ainda procuram matar-me.”

11 “Sai daí; põe-te perante mim, nesta montanha.”

Elias assim fez e o Senhor passou por ele, ao mesmo tempo que soprava um fortíssimo vento sobre a montanha; era de tal intensidade que até as rochas se quebravam. Mas o Senhor não estava nesse vento. Depois houve um tremor de terra; mas também aí não estava o Senhor. 12 Posteriormente apareceu um fogo; mas também no fogo o Senhor não estava. Por fim, ouviu-se o ruído de um som delicado, como um sopro. 13 Ao ouvi-lo, Elias escondeu o rosto na capa, saiu da gruta e pôs-se à entrada.

Disse-lhe assim uma voz: “Que estás aqui a fazer, Elias?”

14 Respondeu de novo o profeta: “Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos, mas o povo de Israel quebrou a aliança que fizeste com ele, derrubou os teus altares e matou os teus profetas; só eu fiquei e ainda procuram matar-me.”

15 “Volta pelo caminho do deserto para Damasco; quando lá chegares unge Hazael como rei de Aram. 16 Depois unge também Jeú, o filho de Ninsi, como rei de Israel, e unge ainda Eliseu, o filho de Safate de Abel-Meolá, para te substituir como profeta. 17 Quem escapar de Hazael será morto por Jeú; os que escaparem de Jeú, serão mortos por Eliseu. 18 Acontece que ainda há 7000 pessoas em Israel que nunca se inclinaram perante Baal, nem o beijaram!”

A chamada de Eliseu

19 Elias partiu e encontrou Eliseu, lavrando um campo com doze juntas de bois; ele encontrava-se com a última junta. Elias foi ter com ele, lançou-lhe a capa sobre os ombros e continuou o seu caminho. 20 Eliseu deixou ali os bois e correu atrás de Elias dizendo: “Deixa-me ir primeiro dizer adeus aos meus pais e depois logo vou contigo!”

Elias respondeu-lhe: “Vai e volta depois! Bem viste o que eu te fiz!”

21 Eliseu voltou para os seus bois, matou-os e usou a madeira do arado para fazer fogo para assar a carne. Deu assim de comer a todo o povo. Depois seguiu Elias como seu assistente.

Ben-Hadade ataca Samaria

20 O rei Ben-Hadade de Aram mobilizou o exército e, com mais 32 nações aliadas com os seus batalhões de carros de combate e cavalaria, atacou Samaria, a capital israelita. Ben-Hadade mandou uma mensagem à cidade para o rei Acabe de Israel: “A tua prata e o teu ouro são meus, assim como as tuas mulheres mais bonitas e os melhores dos teus filhos!”

“Está bem, meu senhor”, respondeu Acabe. “Tudo o que tenho é teu!”

Os mensageiros de Ben-Hadade em breve voltaram com outra mensagem: “Não será apenas o ouro, a prata, as mulheres e os filhos que terás de me dar. Amanhã, por esta altura mandarei os meus homens fazer uma busca no teu palácio e nas casas do teu povo e trazer tudo o que lhes apetecer!”

Acabe convocou todos os anciãos do país: “Vejam bem o que este indivíduo está a fazer!”, lamentou-se ele. “Está decididamente a provocar-me para a guerra, a despeito de já lhe ter dito que podia ficar com as minhas mulheres, os meus filhos, o ouro e a prata, como exigira.”

“Então não lhes dês mais nada”, opinaram os anciãos.

Acabe deu esta resposta aos mensageiros: “Digam ao rei, meu senhor: Dar-te-ei tudo o que pediste da primeira vez, mas não deixarei que os teus homens entrem no meu palácio e nas casas do meu povo.” Os mensageiros regressaram com a resposta para Ben-Hadade.

10 Ben-Hadade tornou a enviar uma nova mensagem a Acabe. “Que os deuses me façam ainda pior do que aquilo que eu te fizer, se não tornar Samaria num montão de ruínas!”

11 O rei de Israel enviou-lhe a seguinte resposta: “Não contes com vitórias de guerras que ainda não travaste.”

12 Esta última resposta recebeu-a Ben-Hadade e os outros reis que estavam com ele, numa altura em que bebiam juntos na sua tenda de campanha. “Preparem o ataque!”, ordenou o rei arameu aos oficiais.

Acabe derrota Ben-Hadade

13 Então um profeta veio ter com Acabe e deu-lhe esta mensagem da parte do Senhor: “Vês todas estas forças inimigas? Vou entregá-las nas tuas mãos, hoje mesmo. Reconhecerás, enfim, que eu sou o Senhor.”

14 Acabe perguntou: “E quem é que vai fazer isso?” O profeta respondeu: “Serão as tropas das províncias.” Inquiriu ainda: “Quem começará a atacar?” Ao que lhe respondeu: “Tu.”

15 Assim contou os soldados das províncias, 232 mais o resto do exército israelita, 7000 homens. 16 Cerca do meio-dia, enquanto Ben-Hadade e os 32 reis aliados estavam ainda a beber, já embriagados, saíram as primeiras tropas de Acabe da cidade. 17 Durante a aproximação, as sentinelas de Ben-Hadade vieram dizer-lhe: “Estão a aproximar-se algumas tropas inimigas da Samaria!”

18 “Apanhem-nos vivos”, ordenou o rei, “venham para pedir tréguas ou para combater.”

19 Entretanto, o resto das tropas de Acabe tinham-se juntado para atacar. 20 Cada um matou um soldado arameu e, de repente, todo o exército de Ben-Hadade desertou em pânico. 21 Os israelitas perseguiram-nos; contudo, o rei e alguns outros conseguiram escapar a cavalo, mas a maior parte dos carros e da cavalaria foi capturada e muitos dos arameus foram mortos.

22 O profeta foi dizer a Acabe: “Vai e fortalece-te; atenta bem para as tuas atitudes, porque na próxima primavera o rei de Aram voltará a atacar-te!”

23 Porque, após esta derrota, os oficiais de Ben-Hadade disseram: “O Deus dos israelitas tem poder nas montanhas; por isso, é que eles ganharam; numa planície, facilmente os bateremos. 24 Da próxima vez substitui os reis por generais! 25 Recruta outro exército semelhante àquele que perdeste; dá-nos o mesmo número de cavalos, de carros e de homens; vencê-los-emos se for numa planície; não há sombra de dúvida que os liquidaremos.” Então o rei Ben-Hadade aceitou a sugestão.

26 No ano seguinte mobilizou o exército e marchou novamente contra Israel; desta vez em Afeque. 27 Israel convocou igualmente as suas tropas, que foram revistas; organizaram-se as linhas de abastecimento e deslocaram-se para a batalha; mas as forças israelitas mais pareciam dois pequenos rebanhos de cabritinhos em comparação com a imensa força militar dos arameus, que enchia por completo a paisagem.

28 Um homem de Deus foi ter com o rei de Israel para lhe dar a seguinte mensagem da parte do Senhor: “Visto que os arameus declaram: ‘O Senhor é Deus de colinas e não de planícies’, derrotarei este imenso exército e saberás, sem dúvida alguma, que eu sou o Senhor.”

29 Os dois exércitos formaram em linha de combate um em frente do outro e assim estiveram sete dias. Por fim, começou a peleja. Os israelitas mataram 100 000 homens de infantaria naquele primeiro dia. 30 O resto foi refugiar-se dentro das muralhas de Afeque; mas estas ruíram sobre eles, matando mais 27 000. Ben-Hadade fugiu também para dentro da povoação, escondendo-se no interior duma casa.

31 “Senhor”, disseram-lhe os seus oficiais, “ouvimos dizer que os reis de Israel são muito misericordiosos. Vamos pôr saco sobre nós e cordas ao pescoço e apresentar-nos perante o rei Acabe, pode ser que nos poupe a vida.”

32 Foram assim ter com o rei de Israel e imploraram: “O teu servo Ben-Hadade roga-te: ‘Deixa-nos viver!’ ” O rei de Israel respondeu: “O quê? Ele ainda está vivo? É meu irmão!”

33 Aqueles homens receberam aquelas palavras como um raio de esperança e apressaram-se a exclamar: “Sim, é verdade! É teu irmão!” O rei de Israel ordenou-lhes: “Vão já buscá-lo!” Quando Ben-Hadade chegou, convidou-o a subir para o seu carro.

34 O rei arameu disse-lhe: “Devolver-te-ei as povoações que o meu pai tomou ao teu e poderás estabelecer postos de comércio em Damasco, tal como o meu pai fez em Samaria.”

Acabe disse-lhe: “Vou deixar-te sair sob estas condições.” Fizeram então um tratado e Ben-Hadade foi em liberdade.

O profeta reprova Acabe

35 Entretanto, o Senhor deu instruções a um dos profetas para dizer a outro: “Fere-me, peço-te!” Mas aquele homem recusou. 36 Então o profeta disse-lhe: “Visto não teres obedecido à voz do Senhor, um leão matar-te-á assim que saíres daqui.” Com efeito, mal ele se foi, apareceu um leão que o matou.

37 O profeta voltou-se para outro homem e disse-lhe: “Fere-me com a tua espada.” O outro obedeceu e feriu-o.

38 O profeta ficou à espera do rei à beira da estrada, tendo vendado os olhos para se disfarçar. 39 Quando o rei passou, o profeta chamou-o: “Senhor, eu estive na batalha; um homem trouxe-me um prisioneiro e disse-me: ‘Guarda este indivíduo; se ele fugir, terás de morrer, ou então pagar-me 34 quilos de prata!’ 40 Enquanto eu fazia alguma coisa, o prisioneiro desapareceu.” O rei replicou: “Pois bem, a culpa é tua. Terás de pagar.”

41 Nessa altura, o profeta desvendou os olhos e o rei reconheceu-o como sendo um dos profetas. 42 Este disse-lhe: “Assim diz o Senhor: ‘Visto que poupaste o homem que eu disse que devia morrer, morrerás tu em seu lugar e o teu povo perecerá em lugar do dele.’ ” 43 O rei de Israel regressou a Samaria muito irritado e desgostoso.

Jezabel ameaça Elias

19 E Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito e como totalmente matara todos os profetas à espada. Então, Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses e outro tanto, se decerto amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um deles. O que vendo ele, se levantou, e, para escapar com vida, se foi, e veio a Berseba, que é de Judá, e deixou ali o seu moço.

E ele se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu em seu ânimo a morte e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais. E deitou-se e dormiu debaixo de um zimbro; e eis que, então, um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se. E o anjo do Senhor tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque mui comprido te será o caminho.

Elias no monte Horebe

Levantou-se, pois, e comeu, e bebeu, e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.

E ali entrou numa caverna e passou ali a noite; e eis que a palavra do Senhor veio a ele e lhe disse: Que fazes aqui, Elias? 10 E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem. 11 E ele lhe disse: Sai para fora e põe-te neste monte perante a face do Senhor. E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento, que fendia os montes e quebrava as penhas diante da face do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e, depois do vento, um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto; 12 e, depois do terremoto, um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e, depois do fogo, uma voz mansa e delicada. 13 E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias? 14 E ele disse: Eu tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem. 15 E o Senhor lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco, vem e unge a Hazael rei sobre a Síria. 16 Também a Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei de Israel e também Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar. 17 E há de ser que o que escapar da espada de Hazael, matá-lo-á Jeú; e o que escapar da espada de Jeú, matá-lo-á Eliseu. 18 Também eu fiz ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que se não dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou.

19 Partiu, pois, Elias dali e achou a Eliseu, filho de Safate, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante dele; e ele estava com a duodécima. Elias passou por ele e lançou a sua capa sobre ele. 20 Então, deixou ele os bois, e correu após Elias, e disse: Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe e, então, te seguirei. E ele lhe disse: Vai e volta; porque que te tenho eu feito? 21 Voltou, pois, de atrás dele, e tomou uma junta de bois, e os matou, e, com os aparelhos dos bois, cozeu as carnes, e as deu ao povo, e comeram. Então, se levantou, e seguiu a Elias, e o servia.

Guerra entre Acabe e o rei da Síria

20 E Ben-Hadade, rei da Síria, ajuntou todas as suas forças; e trinta e dois reis, e cavalos, e carros havia com ele; e subiu, e cercou a Samaria, e pelejou contra ela. E enviou à cidade mensageiros, a Acabe, rei de Israel. E disse-lhe: Assim diz Ben-Hadade: A tua prata e o teu ouro são meus; e tuas mulheres e os melhores de teus filhos são meus. E respondeu o rei de Israel e disse: Conforme tua palavra, ó rei, meu senhor, teu sou eu, e tudo quanto tenho. E tornaram a vir os mensageiros e disseram: Assim fala Ben-Hadade, dizendo: Ainda que eu te tenha mandado dizer: Tu me hás de dar a tua prata, e o teu ouro, e as tuas mulheres, e os teus filhos, todavia, amanhã a estas horas, enviarei os meus servos a ti, e esquadrinharão a tua casa e as casas dos teus servos; e há de ser que tudo o que for aprazível aos teus olhos o meterão nas suas mãos e o levarão.

Então, o rei de Israel chamou todos os anciãos da terra e disse: Notai agora e vede como este busca mal; pois enviara a mim por minhas mulheres, e por meus filhos, e pela minha prata, e pelo meu ouro, e não lho neguei. E todos os anciãos e todo o povo lhe disseram: Não lhe dês ouvidos, nem consintas. Pelo que disse aos mensageiros de Ben-Hadade: Dizei ao rei, meu senhor: Tudo o que primeiro mandaste pedir a teu servo farei, porém isto não posso fazer. E foram os mensageiros e lhe tornaram com esta resposta. 10 E Ben-Hadade enviou a ele e disse: Assim me façam os deuses e outro tanto, que o pó de Samaria não bastará para encher as mãos de todo o povo que me segue. 11 Porém o rei de Israel respondeu e disse: Dizei-lhe: Não se gabe quem se cinge como aquele que se descinge. 12 E sucedeu que, ouvindo ele esta palavra, estando bebendo ele e os reis nas tendas, disse aos seus servos: Ponde-vos em ordem contra a cidade.

13 E eis que um profeta se chegou a Acabe, rei de Israel, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Viste toda esta grande multidão? Eis que hoje ta entregarei nas tuas mãos, para que saibas que eu sou o Senhor. 14 E disse Acabe: Por quem? E ele disse: Assim diz o Senhor: Pelos moços dos príncipes das províncias. E disse: Quem começará a peleja? E disse: Tu. 15 Então, contou os moços dos príncipes das províncias, e foram duzentos e trinta e dois; e depois deles contou todo o povo, todos os filhos de Israel, sete mil.

16 E saíram ao meio-dia. Ben-Hadade estava bebendo e embriagando-se nas tendas, ele e os reis, os trinta e dois reis, que o ajudavam. 17 E os moços dos príncipes das províncias saíram primeiro; Ben-Hadade enviou a alguns, que lhe deram avisos, dizendo: Saíram de Samaria uns homens. 18 E ele disse: Ainda que para paz saíssem, tomai-os vivos; e ainda que à peleja saíssem, vivos os tomai. 19 Saíram, pois, da cidade os moços dos príncipes das províncias, e o exército que os seguia. 20 E eles feriram cada um o seu homem; e os siros fugiram, e Israel os perseguiu; porém Ben-Hadade, rei da Síria, escapou a cavalo, com alguns cavaleiros. 21 E saiu o rei de Israel e feriu os cavalos e os carros; e feriu os siros com grande estrago.

22 Então, o profeta chegou-se ao rei de Israel e lhe disse: Vai, e esforça-te, e atenta, e olha o que hás de fazer; porque, no decurso de um ano, o rei da Síria subirá contra ti. 23 Porque os servos do rei da Síria lhe disseram: Seus deuses são deuses dos montes; por isso, foram mais fortes do que nós; mas pelejemos com eles em campo raso e por certo veremos se não somos mais fortes do que eles! 24 Faze, pois, isto: tira os reis, cada um do seu lugar, e põe capitães em seu lugar, 25 e numera outro exército, como o exército que caiu de ti, e cavalos como aqueles cavalos, e carros como aqueles carros; e pelejemos com eles em campo raso e veremos se não somos mais fortes do que eles! E deu ouvidos à sua voz e assim fez. 26 E sucedeu que, passado um ano, Ben-Hadade fez revista dos siros e subiu a Afeca, para pelejar contra Israel. 27 Também dos filhos de Israel se fez revista, e, providos de víveres, marcharam contra eles; e os filhos de Israel acamparam-se defronte deles, como dois pequenos rebanhos de cabras; mas os siros enchiam a terra. 28 E chegou o homem de Deus, e falou ao rei de Israel, e disse: Assim diz o Senhor: Porquanto os siros disseram: O Senhor é Deus dos montes e não Deus dos vales, toda esta grande multidão entregarei nas tuas mãos, para que saibas que eu sou o Senhor. 29 E sete dias estiveram estes acampados defronte dos outros; e sucedeu, ao sétimo dia, que a peleja começou, e os filhos de Israel feriram dos siros cem mil homens de pé, num dia. 30 E os restantes fugiram para Afeca, à cidade; e caiu o muro sobre vinte e sete mil homens que restaram. Ben-Hadade, porém, fugiu e veio à cidade, andando de câmara em câmara.

Acabe vence os siros e faz aliança com o seu rei

31 Então, lhe disseram os seus servos: Eis que já temos ouvido que os reis da casa de Israel são reis clementes; ponhamos, pois, panos de saco aos lombos e cordas às cabeças e saiamos ao rei de Israel; pode ser que guarde em vida a tua alma. 32 Então, cingiram panos de saco aos lombos e cordas às cabeças, e vieram ao rei de Israel, e disseram: Diz o teu servo Ben-Hadade: Deixa-me viver. E disse ele: Pois ainda vive? É meu irmão. 33 E aqueles homens tomaram isso por bom presságio, e apressaram-se em apanhar a sua palavra, e disseram: Teu irmão Ben-Hadade vive. E ele disse: Vinde, trazei-mo. Então, Ben-Hadade saiu a eles, e Acabe o fez subir ao carro. 34 E disse ele: As cidades que meu pai tomou de teu pai tas restituirei, e faze para ti ruas em Damasco, como meu pai as fez em Samaria. E eu, respondeu Acabe, te deixarei ir com esta aliança. E fez com ele aliança e o deixou ir.

35 Então, um dos homens dos filhos dos profetas disse ao seu companheiro, pela palavra do Senhor: Ora, fere-me. E o homem recusou feri-lo. 36 E ele lhe disse: Porque não obedeceste à voz do Senhor, eis que, em te apartando de mim, um leão te ferirá. E, como dele se apartou, um leão o encontrou e o feriu. 37 Depois, encontrou outro homem e disse-lhe: Ora, fere-me. E feriu-o aquele homem, ferindo-o e vulnerando-o. 38 Então, foi o profeta, e pôs-se perante o rei no caminho, e disfarçou-se com cinza sobre os seus olhos. 39 E sucedeu que, passando o rei, clamou ele ao rei e disse: Teu servo saiu ao meio da peleja, e eis que, desviando-se um homem, me trouxe outro homem e disse: Guarda-me este homem; se vier a faltar, será a tua vida em lugar da vida dele ou pagarás um talento de prata. 40 Sucedeu, pois, que, estando o teu servo ocupado de uma e de outra parte, entretanto, desapareceu. Então, o rei de Israel lhe disse: Esta é a tua sentença; tu mesmo a pronunciaste. 41 Então, ele se apressou, e tirou a cinza de sobre os seus olhos; e o rei de Israel reconheceu que era um dos profetas. 42 E disse-lhe: Assim diz o Senhor: Porquanto soltaste da mão o homem que eu havia posto para destruição, a tua vida será em lugar de sua vida, e o teu povo, em lugar do seu povo. 43 E foi-se o rei de Israel para sua casa, desgostoso e indignado, e veio a Samaria.

Elias no monte Horebe (Sinai)

19 O rei Acabe contou a Jezabel tudo o que Elias fez, até como Elias tinha assassinado com a espada a todos os profetas. Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias dizendo:

—Eu lhe garanto que amanhã a esta hora o matarei, assim como matou a esses profetas. Se não tiver sucesso, que me castiguem os deuses.

Elias se assustou tanto ao ouvir isto que escapou para salvar sua vida, levando consigo o seu servo. Foram a Berseba, que está em Judá, e Elias deixou o seu servo ali. Então Elias caminhou todo o dia pelo deserto, se sentou debaixo de um arbusto e com vontade de morrer, disse:

—Já basta, SENHOR! Me deixe morrer, que não sou melhor do que os meus antepassados!

Então Elias se deitou ali, debaixo do arbusto, e dormiu. Um anjo se aproximou a Elias, o tocou e lhe disse:

—Levante-se e coma!

Elias viu que perto dele havia um pão cozido sobre um fogo de carvão e uma jarra de água. Elias comeu e bebeu e depois voltou a dormir.

Mais tarde o anjo do SENHOR se aproximou novamente, tocou nele e lhe disse:

—Levante-se e coma! Se não fizer isso, não terá a força necessária para a viagem. Então Elias se levantou, comeu e bebeu. A comida lhe deu força suficiente para caminhar por quarenta dias e quarenta noites até chegar a Horebe, o monte de Deus. Ali Elias entrou numa caverna e passou toda a noite.

Então o SENHOR disse a Elias:

—Elias, por que está aqui?

10 Ele respondeu:

—SENHOR, Deus Todo-Poderoso, eu sempre o servi da melhor maneira que pude, mas os israelitas quebraram a aliança que tinham com o Senhor. Eles destruíram os seus altares e mataram os seus profetas. Eu sou o único dos seus profetas que ficou com vida e agora eles querem me matar.

11 Então o SENHOR disse:

—Vá, e fique de pé diante do monte perante mim e eu passarei diante de você.[a]

Então passou o SENHOR e soprou um vento tão forte que quebrou uma parte do monte e quebrou grandes pedras diante do SENHOR, mas o SENHOR não estava no vento. Depois do vento, houve um terremoto, mas o SENHOR também não estava no terremoto. 12 Depois do terremoto passou um fogo mas o SENHOR também não estava no fogo. Depois do fogo, se ouviu um som muito suave. 13 Quando Elias o ouviu, cobriu o rosto com seu manto. Então saiu e ficou parado na entrada da caverna e uma voz lhe disse:

—Elias, por que está aqui?

14 Elias disse:

—SENHOR, Deus Todo-Poderoso, eu sempre o servi da melhor maneira que pude, mas os israelitas quebraram a aliança que tinham com o Senhor. Destruíram os seus altares e mataram aos seus profetas. Eu sou o único dos seus profetas que ficou com vida e agora eles querem me matar.

15 O SENHOR respondeu:

—Volte pelo caminho que leva ao deserto perto de Damasco, entre e consagre[b] a Hazael como rei da Síria. 16 Depois consagre a Jeú, filho de Ninsi, como rei de Israel, e depois consagre a Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, como o profeta que tomará seu lugar. 17 Jeú matará os que escaparem da espada de Hazael, e Eliseu matará àquele que escapar da espada de Jeú. 18 Além disso, ainda há 7.000 em Israel que não adoraram Baal nem o beijaram. Estes são os que eu deixarei com vida.

Eliseu se torna profeta

19 Elias saiu desse lugar e foi encontrar a Eliseu, filho de Safate. Eliseu estava arando doze fanegadas[c] de terra e já estava por acabar quando Elias se aproximou e pôs seu manto nele. 20 De imediato Eliseu deixou seu arado e correu para alcançar a Elias e lhe disse:

—Me deixe dar um beijo de despedida em meu pai e minha mãe, e depois o seguirei.

Elias respondeu:

—Claro, faça isso, não o impedirei.[d]

21 Eliseu saiu e matou dois bois, e usando o jugo como lenha cozinhou a carne. Então a deu às pessoas e a comeram como uma oferta para festejar. Então Eliseu começou a seguir a Elias e se tornou o seu ajudante.

Ben-Hadade e Acabe vão para a batalha

20 Ben-Hadade, rei da Síria, ajuntou todo seu exército. Entre eles tinha trinta e dois reis que tinham cavalos e carruagens. Eles atacaram Samaria e a rodearam. Ben-Hadade mandou mensageiros à cidade e ao rei Acabe de Israel com a seguinte mensagem:

—Ben-Hadade diz que a sua prata e ouro, os seus melhores filhos e as suas mulheres mais lindas pertencem a ele.

O rei de Israel mandou lhe dizer:

—É como diz, Sua Majestade, tudo o que é meu é dele.

Então os mensageiros voltaram novamente onde estava Acabe e disseram:

—Ben-Hadade diz que já tinha lhe avisado que seu ouro, sua prata, as suas esposas e os seus filhos são dele e você deve dar tudo a ele. Ainda mais, amanhã a esta hora ele mandará os servos dele procurarem todos os membros da sua família. Eles pegarão o que é mais valioso e o levarão para as suas próprias casas.

Então o rei Acabe convocou uma reunião com todos os líderes do seu país e lhes disse:

—Vejam, Ben-Hadade só quer nos fazer mal. Primeiro me disse que desse a ele as minhas esposas, os meus filhos, a prata e o ouro, e concordei em entregá-los a ele.

Todos os líderes e o povo disseram:

—Não o obedeça nem esteja disposto a entregar tudo.

Acabe mandou uma mensagem a Ben-Hadade que dizia:

—Farei o que disse no começo, mas não posso obedecer à sua segunda ordem.

Os homens do rei Ben-Hadade levaram a mensagem ao rei. 10 Então eles voltaram com outra mensagem do rei Ben-Hadade que dizia:

—Eu destruirei completamente a cidade de Samaria. Eu lhe prometo que não ficará nada da cidade, nem sequer para que os meus homens levem consigo um punhado de pó de lembrança. Que os deuses façam comigo alguma coisa pior se eu não fizer isso!

11 O rei Acabe respondeu:

—Digam a Ben-Hadade que não cante vitória antes do tempo.

12 O rei Ben-Hadade estava bebendo em sua tenda junto com os outros reis quando os mensageiros voltaram e lhe deram a mensagem do rei Acabe. Então o rei Ben-Hadade ordenou que os seus soldados preparassem o ataque e ocupassem posições para a batalha.

13 Nesse momento chegou um profeta, se apresentou ao rei Acabe e disse:

—O SENHOR lhe diz: “Vê aquele grande exército? Eu permitirei que você o derrote hoje. Então você saberá que eu sou o SENHOR”.

14 Acabe disse:

—Quem será usado para derrotá-lo?

O profeta respondeu:

—O SENHOR diz: “Usarei os jovens ajudantes dos ministros do governo”.

Então o rei perguntou:

—Quem deve estar liderando o exército?

O profeta respondeu:

—Você o fará.

15 Acabe ajuntou os duzentos e trinta e dois ajudantes jovens dos ministros do governo e todo o exército de Israel. Eram em total 7.000 homens.

16 Ao meio-dia, Acabe atacou enquanto o rei Ben-Hadade e os trinta e dois reis que o ajudavam estavam ainda bebendo e se embriagando dentro das suas tendas. 17 Os ajudantes jovens atacaram primeiro. Os homens do rei Ben-Hadade disseram que havia soldados saindo de Samaria. 18 Então Ben-Hadade lhes disse:

—Talvez eles vêm para combater ou pode ser que estejam procurando fazer as pazes. Que eles sejam trazidos com vida.

19 Os homens jovens do rei Acabe atacaram com o exército de Israel por trás deles. 20 Cada homem de Israel matou o homem que vinha contra ele, e os homens da Síria fugiram enquanto o exército de Israel os perseguia. O rei Ben-Hadade fugiu no cavalo de um carro de combate. 21 O rei Acabe esteve liderando o exército e conquistou todos os cavalos e carros do exército da Síria. O rei Acabe conseguiu uma grande vitória contra o exército arameu.

22 Então o profeta foi ver ao rei Acabe e disse:

—Ben-Hadade, o rei da Síria, virá para combater contra você na próxima primavera. Portanto, vá e prepare o exército para que seja mais forte e planejem cuidadosamente a sua defesa.

Ben-Hadade ataca de novo

23 Os oficiais do rei da Síria disseram:

—Já que os deuses de Israel são deuses das montanhas, os israelitas ganharam ao receberem ajuda dos seus deuses. Porém, se lutarmos na planície, veremos que somos mais fortes do que eles. 24 Portanto, cada um dos reis coloque um governador em seu lugar. 25 Você ajunte um exército como aquele que foi destruído antes, com a mesma quantidade de cavalos e carros de combate, e lutemos contra os israelitas na planície. Certamente teremos a vitória.

Ben-Hadade aceitou o conselho e fez como lhe propuseram.

26 Quando chegou a primavera, Ben-Hadade chamou ao povo da Síria e atacou a Afeque para começar a batalha contra Israel. 27 Também os israelitas tinham preparado e equipado seu exército e saíram para enfrentar o exército sírio. Fizeram seu acampamento na frente do acampamento sírio. Comparado com as forças do inimigo, Israel parecia como duas pequenas manadas de cabras, enquanto que os soldados arameus eram tantos que cobriam a terra.

28 Um homem de Deus se aproximou ao rei de Israel com esta mensagem:

—O SENHOR disse: “Os arameus dizem que eu, o SENHOR, sou um deus das montanhas. Pensam que não tenho poder nos vales. Portanto, farei com que você derrote a toda esta multidão. Então você saberá que eu sou o SENHOR em todo lugar”.

29 Os exércitos acamparam um em frente do outro por sete dias. No sétimo dia começou a batalha e os israelitas mataram a 100.000 soldados da Síria num só dia. 30 O resto dos soldados arameus escapou para a cidade de Afeque, mas a muralha da cidade desabou sobre 27.000 deles. Ben-Hadade fugiu, tratando de se esconder em alguma casa da cidade. 31 Os servos do rei arameu lhe disseram:

—Vejam, ouvimos que os reis da nação de Israel são reis que respeitam os tratados. Vistamos panos de saco e cordas no pescoço e falemos com o rei de Israel, talvez nos deixe com vida.

32 Então vestiram panos de saco, puseram cordas no pescoço, foram onde estava o rei de Israel e disseram:

—Seu servo, Ben-Hadade, diz: “Peço a você que me perdoe a vida”.

Acabe disse:

—Ainda vive? Ele é como meu irmão!

33 Ben-Hadade procurava um sinal que mostrasse que Acabe não o mataria. Ao ouvir essas palavras de Acabe, os conselheiros de Ben-Hadade entenderam logo e disseram:

—Claro! Ben-Hadade é seu irmão.

Acabe disse:

—Tragam-no.

Ben-Hadade saiu para ver ao rei Acabe. E o rei Acabe pediu que ele subisse na sua carruagem com ele.

34 Ben-Hadade disse:

—Acabe, darei a você as vilas que meu pai tirou do seu. Poderá pôr negócios em Damasco, assim como fez meu pai em Samaria.

Acabe respondeu:

—Se está de acordo com esta aliança, então o deixarei em liberdade. Então os dois reis fizeram um acordo de paz e o rei Acabe deixou em liberdade a Ben-Hadade.

Profecia contra Acabe

35 Então, um profeta disse a outro:

—Bata em mim!

Disse isto porque o SENHOR o mandou, mas o outro profeta não quis fazê-lo. 36 Portanto, o primeiro profeta disse:

—Por não ter obedecido à ordem do SENHOR, um leão o matará quando sair deste lugar.

O homem saiu e um leão o matou.

37 E o primeiro profeta encontrou a um homem e lhe disse:

—Bata em mim.

O homem o bateu tão forte que o feriu. 38 O profeta cobriu os olhos com seu manto para que o rei não o reconhecesse. Ele saiu e esperou pelo rei. 39 Quando o rei passava por ali, o profeta gritou:

—Seu servo saiu da batalha porque um homem me encarregou vigiar um prisioneiro. Ele me disse que se escapasse teria que dar minha vida por ele ou pagar uma multa de 3.000 moedas[e] de prata. 40 E enquanto seu servo fazia isto e outras coisas, o prisioneiro desapareceu. O rei respondeu:

—Você mesmo pronunciou a sua própria sentença.

41 De repente o profeta tirou o manto do seu rosto e o rei se deu conta que era um dos profetas. 42 Então o profeta disse ao rei:

—O SENHOR lhe diz: “Por ter deixado em liberdade aquele que eu queria que morresse, morrerá você em lugar dele. Morrerão você e o seu povo”.

43 Então o rei voltou a Samaria furioso e mal-humorado.

Footnotes

  1. 19.11 Vá, e fique de pé (…) de você Episódio semelhante a quando Deus lhe apareceu a Moisés. Ver Êx 33.12-23.
  2. 19.15 consagre Literalmente, “unja”. Ver Ungir no vocabulário.
  3. 19.19 doze fanegadas Literalmente, “doze pares de bois”.
  4. 19.20 não o impedirei Literalmente, “o que eu lhe fiz” ou “o que eu lhe farei”?
  5. 20.39 3.000 moedas Literalmente, “um talento”. Ver tabela de pesos e medidas.