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Eliseu replicou: “O Senhor manda dizer que amanhã, por esta altura, sete litros de farinha ou catorze litros de cevada serão vendidos nos mercados de Samaria por 12 gramas de prata!”

Um dos ajudantes do rei disse-lhe: “Isso, nem que o Senhor abrisse janelas no céu, poderia acontecer!” Eliseu replicou-lhe: “Verás isso acontecer, mas não poderás comprar nada!”

O cerco é levantado

Havia quatro leprosos que se sentavam habitualmente do lado de fora dos portões da cidade. “Afinal, o que é que estamos aqui a fazer, sentados, a deixarmo-nos morrer?”, disseram uns para os outros. “Se ficamos aqui, morremos de fome; se vamos para a cidade, também morremos de fome. O melhor é a gente render-se ao exército arameu. Se nos deixarem viver, tanto melhor; se nos matarem, iríamos de qualquer forma acabar por morrer.”

No final da tarde, dirigiram-se ao acampamento dos arameus e constataram que não havia ali ninguém. É que o Senhor tinha feito com que o exército arameu ouvisse o ruído do rodado de muitos carros e o galopar de muitos cavalos a aproximarem-se. “O rei de Israel contratou o exército dos hititas e dos egípcios para nos atacarem!”, gritaram eles. Entraram em pânico e fugiram durante a noite, abandonando tendas, cavalos, jumentos, tudo.

Quando os leprosos chegaram à entrada do acampamento, foram de tenda em tenda, comendo e bebendo o que encontravam, ao mesmo tempo que guardavam tudo o que fosse prata, ouro e roupa, para esconderem.

Acabaram por reconhecer que faziam mal: “Isto não está certo! Acontecer uma coisa maravilhosa e não dizermos a ninguém! Se esperarmos pela manhã, até nos pode suceder alguma desgraça; vamos dizer ao povo e no palácio aquilo que aconteceu.”

10 Voltaram para a cidade e contaram às sentinelas o sucedido; que tinham ido ao acampamento dos arameus e que não estava ali ninguém, embora os cavalos e os jumentos continuassem presos e as tendas em ordem; mas não se via vivalma em redor. 11 As sentinelas transmitiram a notícia ao pessoal do palácio.

12 O rei levantou-se da cama e disse aos seus conselheiros: “Eu sei o que aconteceu. Os arameus sabem que estamos a morrer de fome, por isso armaram-nos uma cilada; deixaram o acampamento, esconderam-se aí pelos campos, pensando atrair-nos assim para fora da cidade. Nessa altura, atacar-nos-ão; levam-nos para sermos seus escravos e ocupam a cidade.”

13 Um dos conselheiros avançou: “Não seria melhor que enviássemos alguns homens a espiar o que se passa? Poderão levar cinco dos cavalos que ainda nos restam; se alguma coisa lhes acontecer, a perda será igual a ficarem aqui e morrerem connosco.”

14 Conseguiram encontrar quatro cavalos, que atrelaram a dois carros, e o rei mandou dois homens com os carros ver para onde tinham ido os arameus. 15 Eles seguiram o trilho do inimigo; havia roupa e equipamentos espalhados por todo o lado, que tinham sido abandonados na corrida até ao Jordão. Os espias regressaram e contaram ao rei o que tinham visto. 16 O povo de Samaria irrompeu para fora da cidade e lançou-se literalmente sobre o acampamento dos arameus. Dessa forma, sete litros de farinha ou catorze litros de cevada chegaram a ser vendidos por 12 gramas de prata, tal como o Senhor dissera!

17 O rei tinha colocado à entrada da cidade um ajudante, em cujo braço se apoiara, para controlar a circulação de quem entrava e saía. Este acabou por ser derrubado e morreu debaixo dos pés da multidão em delírio. 18 Este ajudante fora o tal que, na véspera, Eliseu previra haveria de chegar daí a instantes para o prender. Nessa altura, o homem de Deus dissera ao rei que sete litros de farinha ou catorze litros de cevada haveriam de ser vendidos no dia seguinte por 12 gramas de prata. 19 Esse tal ajudante retorquira ao homem de Deus, que isso não poderia acontecer nem que as janelas do céu fossem abertas pelo Senhor! Eliseu garantira a esse ajudante: “Verás isso acontecer, mas não poderás comprar nada!” 20 E foi o que sucedeu, porque o povo o esmagou à entrada da cidade, morrendo ali.

A sunamita recupera as suas terras

Eliseu dissera à mulher cujo filho trouxera de novo à vida: “Pega na tua família e vai viver noutro país, porque o Senhor mandou vir sobre Israel uma fome que durará sete anos.” A mulher, com efeito, levou a família para viverem na terra dos filisteus por sete anos.

Quando a fome acabou, voltou para Israel e pediu uma audiência ao rei, com o fim de reaver a sua casa e as terras que lhe pertenciam. Quando compareceu perante o rei, este estava justamente a falar com Geazi, o ajudante de Eliseu, e dizia-lhe o seguinte: “Conta-me lá outros feitos notáveis que Eliseu tenha feito.” Geazi estava a contar ao soberano como Eliseu ressuscitou o rapaz que tinha morrido, quando a mulher apareceu: “Oh! Senhor!”, exclamou Geazi. “É esta precisamente a mulher de que te falava e este é o seu filho, o rapaz que Eliseu devolveu à vida!”

“Isto é verdade?”, perguntou o rei à mulher. Ela confirmou-lhe tudo. O rei deu então ordens a um dos seus conselheiros que garantisse à mulher a posse do que tinha tido antes, assim como o direito às rendas daquilo que terras entretanto tinham produzido.

Hazael mata Ben-Hadade

Posteriormente, Eliseu foi para Damasco, capital de Aram, onde o rei Ben-Hadade se encontrava doente. Alguém lhe comunicou a chegada do homem de Deus. Quando o rei teve conhecimento disso, disse a Hazael: “Leva um presente ao homem de Deus e pede-lhe que pergunte ao Senhor se hei de restabelecer-me.”

Hazael levou a Eliseu um carregamento de quarenta camelos, com tudo o que de melhor a terra produzia, e disse-lhe: “O teu filho, Ben-Hadade, rei de Aram, mandou-me perguntar-te se ele se restabelecerá.”

10 “Diz-lhe que sim”, respondeu o profeta. “Contudo, o Senhor mostrou-me que, de qualquer modo, ele morrerá.” 11 Entretanto, Eliseu começou a olhar para ele muito fixamente. Hazael, embaraçado, já não sabia o que havia de fazer, até que o homem de Deus começou a chorar.

12 “Que é que se passa, senhor?”, perguntou-lhe Hazael. Eliseu respondeu: “Eu sei as coisas terríveis que farás ao povo de Israel: queimarás as suas fortalezas, matarás os seus jovens, esmagarás os bebés contra os rochedos, desventrarás as grávidas!”

13 Então Hazael respondeu: “O quê, eu? Não valho mais que um cão vadio. Alguma vez faria tais coisas!” Eliseu insistiu: “O Senhor mostrou-me que hás de ser rei de Aram.”

14 Quando Hazael regressou, o rei perguntou-lhe: “Que te disse ele?” Hazael respondeu: “Que haverias de ficar bom.”

15 No dia seguinte, Hazael pegou num cobertor, molhou-o e abafou com ele a cara do rei, e assim o matou. Na sequência disto, ascendeu ao trono em lugar de Ben-Hadade.

Jeorão rei de Judá

(2 Cr 21.5-10, 20)

16 O rei Jeorão, filho do rei Jeosafá de Judá, começou a reinar no quinto ano do reinado de Jorão, rei de Israel, filho de Acabe. 17 Tinha 32 anos quando começou a reinar. Reinou 8 anos em Jerusalém. 18 Foi tão mau como os reis de Israel. Assemelhou-se ao ímpio Acabe e até casou com uma das suas filhas. Toda a sua vida fez o que era mau aos olhos do Senhor. 19 No entanto, o Senhor não tinha a intenção de destruir Judá, por causa da promessa feita a David, seu servo, de que, quanto ele e os seus filhos, manteria para sempre acesa a sua lâmpada.

20 Durante o reinado de Jeorão, o povo de Edom revoltou-se contra Judá e elegeu o seu próprio rei. 21 Jeorão tentou, inutilmente, travar essa rebelião; atravessou o Jordão e atacou a povoação de Zair, mas foi rapidamente cercado pelo exército de Edom. A coberto da noite, ainda tentou atacar as fileiras edomitas, mas a sua tropa desertou e fugiu. 22 Edom manteve a sua independência até este dia. Por essa altura, também Libna se revoltou.

23 Outros acontecimentos respeitantes à história do rei Jeorão encontram-se relatados no Livro das Crónicas dos Reis de Judá. 24 Jeorão faleceu e foi sepultado no junto dos seus antepassados na Cidade de David. O seu filho Acazias reinou em seu lugar.

Acazias rei de Judá

(2 Cr 22.1-6)

25 O seu filho Acazias subiu ao trono no décimo segundo ano do reinado de Jorão, rei de Israel, o filho de Acabe. 26 Acazias tinha 22 anos quando começou a reinar. Reinou durante um ano em Jerusalém. O nome da sua mãe era Atalia, neta de Omri, rei de Israel. 27 Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, tal como foram todos os descendentes de Acabe. Aliás, estava relacionado com este último pelo casamento.

28 Aliou-se a Jorão para combater contra Hazael, rei de Aram, em Ramote-Gileade. Jorão ficou ferido na batalha. 29 Regressou a Jezreel, para se restabelecer dos ferimentos. Enquanto ali se encontrava, foi visitado por Acazias, rei de Judá.

Jeú ungido rei de Israel

Eliseu tinha mandado chamar um dos jovens profetas para lhe dizer: “Prepara-te para ires a Ramote-Gileade. Pega nesta almotolia e vai ter com Jeú, o filho de Jeosafá e neto de Ninsi. Chama-o à parte, longe dos que o rodeiam. Derrama o óleo sobre ele e diz-lhe que o Senhor o unge para que seja rei de Israel. Em seguida, foge depressa!”

O jovem fez como lhe foi mandado. Quando chegou a Ramote-Gileade, foi ter com Jeú, que estava sentado com os oficiais do exército à sua volta, e disse-lhe: “Tenho uma mensagem para ti, senhor.” Jeú perguntou: “Para qual de nós?” E respondeu: “Para ti, capitão.”

Jeú levantou-se, entrou nos seus aposentos e o jovem profeta derramou sobre ele o óleo, dizendo: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Unjo-te rei de Israel, o povo do Senhor. Deverás destruir a família de Acabe. Vingarás a morte dos meus profetas e do resto do meu povo que foi assassinado por Jezabel. Toda a família de Acabe deverá ser varrida da terra; todos os homens, sejam eles quem forem. Destruirei a família de Acabe tal como destruí a família de Jeroboão, filho de Nebate, e de Bacha, filho de Aías. 10 Cães comerão Jezabel, a mulher de Acabe, em Jezreel, e não haverá ninguém que a enterre.’ ” Depois de pronunciar estas palavras, abriu a porta e fugiu a correr.

11 Jeú voltou para junto dos seus amigos, os quais lhe perguntaram: “Há alguma novidade? O que é que esse maluco te veio dizer?” Jeú respondeu: “Vocês sabem muito bem quem era e o que ele queria.”

12 “Não, não sabemos. Diz lá o que ele queria.” Então Jeú contou: “Ele disse-me o seguinte: ‘Assim diz o Senhor: Eu te ungi rei sobre Israel!’ ”

13 Os outros, sem perder tempo, puseram as suas capas sobre os degraus da casa, mandaram tocar a trombeta e gritaram: “Jeú é rei!”

Jeú mata Jorão e Acazias

(2 Cr 22.7-9)

14 Foi assim que Jeú, filho de Jeosafá, filho de Ninsi, se revoltou contra o rei Jorão. Este tinha estado em Ramote-Gileade, defendendo Israel das forças do rei Hazael de Aram. 15 No entanto, fora para Jezreel com o fim de se restabelecer dos ferimentos. “Visto que me querem como rei”, disse Jeú aos homens que estavam com ele, “não deixem que ninguém escape da cidade e vá contar em Jezreel o que fizemos.”

16 Jeú subiu para um carro de combate e dirigiu-se ele próprio a Jezreel, para se encontrar com Jorão, que se encontrava de cama ainda ferido. Também o rei Acazias de Judá ali estava, pois tinha ido visitá-lo. 17 A sentinela na torre da povoação viu Jeú e os seus acompanhantes aproximarem-se e gritou: “Está a chegar um grupo de gente.”

“Manda um cavaleiro que vá ver se são amigos ou inimigos!”, disse Jorão. 18 E saiu para ir ter com eles um homem a cavalo: “O rei manda perguntar se vêm como amigos ou como inimigos”, disse o cavaleiro a Jeú. “Vêm com intuitos de paz?” Jeú replicou: “Que é que tu entendes de paz ou de guerra? Passa já para trás de mim!”

O vigia mandou novo recado ao rei dizendo-lhe que o mensageiro enviado ao encontro dos outros não tinha regressado. 19 O rei mandou outro cavaleiro, que lhes perguntou igualmente se vinham como amigos ou como inimigos. “Que história é essa de amigos ou inimigos? Passa já para trás de mim!”, respondeu Jeú.

20 “Também este lá ficou!”, exclamou a sentinela. “Deve tratar-se de Jeú, pela forma como se aproxima furiosamente.”

21 “Depressa! Preparem o meu carro!”, mandou o rei. E logo saiu, em companhia de Acazias, ao encontro de Jeú. Encontraram-se com ele no campo de Nabote. 22 Jorão perguntou-lhe: “Vens como amigo, Jeú?” Jeú respondeu: “Como pode haver paz, enquanto a tua mãe, Jezabel, continuar com as suas práticas de feitiçaria e idolatria?”

23 Jorão fez meia-volta com o seu carro, gritando enquanto fugia: “Traição, Acazias! Atraiçoaram-nos!” 24 Jeú retesou com toda a força o seu arco e atirou-lhe uma flecha que o apanhou entre as espáduas. Com o coração perfurado, caiu logo morto do carro para o chão.

25 Jeú disse para Bidcar, o seu assistente: “Lança-o no campo de Nabote, porque uma vez, quando vínhamos atrás do seu pai Acabe, o Senhor revelou-me esta profecia: 26 ‘Assim como ontem vi o assassínio de Nabote e dos seus filhos, assim dar-lhe-ei aqui mesmo, neste campo, a paga deste assassínio.’ Por isso, deita-o na antiga propriedade de Nabote, tal como o Senhor disse.”

27 Entretanto, Acazias, o rei de Judá, fugira pelo caminho que vai para Bete-Hagã. Mas Jeú foi atrás dele gritando: “Matem-no! Matem também esse!” E, com efeito, mataram-no no seu carro, no lugar em que o caminho sobe para Gur, perto de Ibleão. Conseguiu mesmo ir até Megido, mas acabou por morrer ali. 28 Os seus oficiais levaram-no num carro para Jerusalém, onde o enterraram no cemitério real. 29 O reinado de Acazias sobre Judá tinha começado no décimo segundo ano do reinado de Jorão de Israel.

A morte de Jezabel

30 Quando Jezabel ouviu que Jeú tinha vindo a Jezreel, arranjou-se toda, pintou os olhos, penteou-se e foi sentar-se à janela. 31 Na altura em que Jeú regressava e entrava pelo portão do palácio, ela gritou-lhe: “Então já estás satisfeito, tu Zimri, que mataste o teu senhor[a]?”

32 Ele olhou para cima, viu-a à janela e disse: “O que eu quero agora saber é quem está do meu lado.” Nessa altura, dois ou três eunucos que se encontravam ali perto de Jezabel, olharam para ele: 33 “Atirem-na daí abaixo!”, gritou-lhes Jeú. Eles empurraram-na da janela abaixo e, ao esmagar-se no solo, o sangue espirrou para as paredes e sobre os cavalos; estes, excitados, esmagaram-na sob as patas.

34 Jeú entrou no palácio para comer. Mais tarde, disse: “Que alguém vá enterrar essa mulher maldita, porque sempre era filha de um rei!” 35 Contudo, quando foram buscar o cadáver, apenas acharam a caveira, os pés e as mãos.

36 Regressando e, ao darem-lhe conta disso, Jeú reconheceu: “Foi justamente o que o Senhor afirmou que haveria de acontecer, através de Elias, o tesbita. Ele disse que no campo os cães comeriam a carne de Jezabel. 37 E que o seu corpo seria lançado como esterco no campo, sem que ninguém a pudesse reconhecer.”

Footnotes

  1. 9.31 Ao chamar Zimri a Jeú, Jezabel faz referência, de forma irónica, à personagem mencionada em 1 Rs 16.9-15, que assassinou o rei Elá e os seus descendentes, para reinar em seu lugar.

Eliseu prediz a abundância de víveres

Então, disse Eliseu: Ouvi a palavra do Senhor; assim diz o Senhor: Amanhã, quase a este tempo, uma medida de farinha haverá por um siclo, e duas medidas de cevada, por um siclo, à porta de Samaria. Porém um capitão, em cuja mão o rei se encostava, respondeu ao homem de Deus e disse: Eis que, ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poder-se-ia fazer isso? E ele disse: Eis que o verás com os teus olhos, porém daí não comerás.

E quatro homens leprosos estavam à entrada da porta, os quais disseram uns aos outros: Para que estaremos nós aqui até morrermos? Se dissermos: Entremos na cidade, há fome na cidade, e morreremos aí; e, se ficarmos aqui, também morreremos; vamos nós, pois, agora, e demos conosco no arraial dos siros; se nos deixarem viver, viveremos, e, se nos matarem, tão somente morreremos. E levantaram-se ao crepúsculo, para irem ao arraial dos siros; e, chegando à entrada do arraial dos siros, eis que não havia ali ninguém. Porque o Senhor fizera ouvir no arraial dos siros ruído de carros e ruído de cavalos, como o ruído de um grande exército; de maneira que disseram uns aos outros: Eis que o rei de Israel alugou contra nós os reis dos heteus e os reis dos egípcios, para virem contra nós. Pelo que se levantaram, e fugiram no crepúsculo, e deixaram as suas tendas, e os seus cavalos, e os seus jumentos, e o arraial como estava; e fugiram para salvarem a sua vida. Chegando, pois, estes leprosos à entrada do arraial, entraram numa tenda, e comeram, e beberam, e tomaram dali prata, e ouro, e vestes, e foram, e os esconderam; então, voltaram, e entraram em outra tenda, e dali também tomaram alguma coisa, e a esconderam.

Então, disseram uns para os outros: Não fazemos bem; este dia é dia de boas-novas, e nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, algum mal nos sobrevirá; pelo que agora vamos e o anunciemos à casa do rei. 10 Vieram, pois, e bradaram aos porteiros da cidade, e lhes anunciaram, dizendo: Fomos ao arraial dos siros, e eis que lá não havia ninguém, nem voz de homem, porém, só cavalos atados, e jumentos atados, e as tendas como estavam dantes. 11 E chamaram os porteiros, e estes o anunciaram dentro da casa do rei. 12 E o rei se levantou de noite e disse aos seus servos: Agora, vos farei saber o que é que os siros nos fizeram; bem sabem eles que esfaimados estamos; pelo que saíram do arraial, a esconder-se pelo campo, dizendo: Quando saírem da cidade, então, os tomaremos vivos e entraremos na cidade. 13 Então, um dos seus servos respondeu e disse: Tomem-se, pois, cinco dos cavalos do resto que ficou aqui dentro, pois toda a multidão dos israelitas que ficaram aqui de resto terá a mesma sorte da multidão dos israelitas que pereceram; enviemo-los e vejamos. 14 Tomaram, pois, dois cavalos de carro; e o rei os enviou após o exército dos siros, dizendo: Ide e vede. 15 E foram após eles até ao Jordão, e eis que todo o caminho estava cheio de vestes e de aviamentos, que os siros, apressando-se, lançaram fora; e voltaram os mensageiros e o anunciaram ao rei.

16 Então, saiu o povo e saqueou o arraial dos siros; e havia uma medida de farinha por um siclo, e duas medidas de cevada, por um siclo, conforme a palavra do Senhor. 17 E pusera o rei à porta o capitão em cuja mão se encostava; e o povo o atropelou na porta, e ele morreu, como falara o homem de Deus, o que falou quando o rei descera a ele. 18 Porque assim sucedeu como o homem de Deus falara ao rei, dizendo: Amanhã, quase a este tempo, haverá duas medidas de cevada por um siclo, e uma medida de farinha, por um siclo, à porta de Samaria. 19 E aquele capitão respondera ao homem de Deus e disse: Eis que, ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poder-se-ia isso fazer conforme essa palavra? E o homem de Deus dissera: Eis que o verás com os teus olhos, porém daí não comerás. 20 E assim lhe sucedeu, porque o povo o atropelou à porta, e ele morreu.

A sunamita volta para a sua terra

E falou Eliseu àquela mulher cujo filho vivificara, dizendo: Levanta-te, e vai-te, tu e a tua família, e peregrina onde puderes peregrinar; porque o Senhor chamou a fome, a qual também virá à terra por sete anos. E levantou-se a mulher e fez conforme a palavra do homem de Deus; porque foi ela com a sua família e peregrinou na terra dos filisteus sete anos. E sucedeu que, ao cabo dos sete anos, a mulher voltou da terra dos filisteus e saiu a clamar ao rei pela sua casa e pelas suas terras.

Ora, o rei falava a Geazi, moço do homem de Deus, dizendo: Conta-me, peço-te, todas as grandes obras que Eliseu tem feito. E sucedeu que, contando ele ao rei como vivificara a um morto, eis que a mulher cujo filho vivificara clamou ao rei pela sua casa e pelas suas terras; então, disse Geazi: Ó rei, meu senhor, esta é a mulher, e este o seu filho, a quem Eliseu vivificou. E o rei perguntou à mulher, e ela lho contou; então, o rei lhe deu um eunuco, dizendo: Faze-lhe restituir tudo quanto era seu e todas as rendas das terras, desde o dia em que deixou a terra até agora.

Hazael mata a Ben-Hadade

Depois, veio Eliseu a Damasco, estando Ben-Hadade, rei da Síria, doente; e lho anunciaram, dizendo: O homem de Deus é chegado aqui. Então, o rei disse a Hazael: Toma um presente na tua mão, e vai a encontrar-te com o homem de Deus, e pergunta por ele ao Senhor, dizendo: Hei de eu sarar desta doença? Foi, pois, Hazael encontrar-se com ele e tomou um presente na sua mão, a saber, de tudo que era bom de Damasco, quarenta camelos carregados; e veio, e se pôs diante dele, e disse: Teu filho Ben-Hadade, rei da Síria, me enviou a ti, a dizer: Sararei eu desta doença? 10 E Eliseu lhe disse: Vai e dize-lhe: Certamente, não sararás. Porque o Senhor me tem mostrado que certamente morrerá. 11 E afirmou a sua vista e fitou os olhos nele, até se envergonhar; e chorou o homem de Deus. 12 Então, disse Hazael: Por que chora meu senhor? E ele disse: Porque sei o mal que hás de fazer aos filhos de Israel; porás fogo às suas fortalezas, e os seus jovens matarás à espada, e os seus meninos despedaçarás, e as suas pejadas fenderás. 13 E disse Hazael: Pois que é teu servo, que não é mais do que um cão, para fazer tão grande coisa? E disse Eliseu: O Senhor me tem mostrado que tu hás de ser rei da Síria. 14 Então, partiu de Eliseu e veio a seu senhor, o qual lhe disse: Que te disse Eliseu? E disse ele: Disse-me que certamente sararás. 15 E sucedeu, ao outro dia, que tomou um cobertor, e o molhou na água, e o estendeu sobre o seu rosto, e morreu. E Hazael reinou em seu lugar.

O reinado de Jeorão

16 E, no ano quinto de Jorão, filho de Acabe, rei de Israel, reinando ainda Josafá em Judá, começou a reinar Jeorão, filho de Josafá, rei de Judá. 17 Era ele da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar e oito anos reinou em Jerusalém. 18 E andou no caminho dos reis de Israel, como também fizeram os da casa de Acabe, porque tinha por mulher a filha de Acabe, e fez o que era mal aos olhos do Senhor. 19 Porém o Senhor não quis destruir a Judá por amor de Davi, seu servo, como lhe tinha dito que lhe daria para sempre uma lâmpada a seus filhos.

20 Nos seus dias, se revoltaram os edomitas contra o mando de Judá e puseram sobre si um rei. 21 Pelo que Jeorão passou a Zair, e todos os carros com ele; e ele se levantou de noite e feriu os edomitas que estavam ao redor dele e os capitães dos carros; e o povo foi para as suas tendas. 22 Todavia, os edomitas ficaram revoltados contra o mando de Judá até ao dia de hoje; então, também se revoltou Libna no mesmo tempo.

23 O mais dos atos de Jeorão e tudo quanto fez, porventura, não estão escritos no livro das Crônicas dos Reis de Judá? 24 E Jeorão dormiu com seus pais e foi sepultado com seus pais na Cidade de Davi; e Acazias, seu filho, reinou em seu lugar.

O reinado de Acazias

25 No ano doze de Jorão filho de Acabe, rei de Israel, começou a reinar Acazias, filho de Jeorão, rei de Judá. 26 Era Acazias de vinte e dois anos de idade quando começou a reinar e reinou um ano em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Atalia, filha de Onri, rei de Israel. 27 E andou no caminho da casa de Acabe e fez mal aos olhos do Senhor, como a casa de Acabe, porque era genro da casa de Acabe. 28 E foi com Jorão, filho de Acabe, a Ramote-Gileade, à peleja contra Hazael, rei da Síria; e os siros feriram Jorão. 29 Então, voltou o rei Jorão para se curar em Jezreel das feridas que os siros lhe fizeram em Ramá, quando pelejou contra Hazael, rei da Síria; e desceu Acazias, filho de Jeorão, rei de Judá, para ver a Jorão, filho de Acabe, em Jezreel, porquanto estava doente.

Jeú é ungido rei de Israel e mata a Jorão e a Jezabel

Então, o profeta Eliseu chamou um dos filhos dos profetas e lhe disse: Cinge os teus lombos, e toma esta almotolia de azeite na tua mão, e vai-te a Ramote-Gileade. E, chegando lá, vê onde está Jeú, filho de Josafá, filho de Ninsi; e entra, e faze que ele se levante do meio de seus irmãos, e leva-o à câmara interior. E toma a almotolia de azeite, e derrama-o sobre a sua cabeça, e dize: Assim diz o Senhor: Ungi-te rei sobre Israel. Então, abre a porta, e foge, e não te detenhas.

Foi, pois, o rapaz, o jovem profeta, a Ramote-Gileade. E, entrando ele, eis que os capitães do exército estavam assentados ali; e disse: Capitão, tenho uma palavra que te dizer. E disse Jeú. A qual de todos nós? E disse: A ti, capitão! Então, se levantou, e entrou na casa, e derramou o azeite sobre a sua cabeça, e lhe disse: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Ungi-te rei sobre o povo do Senhor, sobre Israel. E ferirás a casa de Acabe, teu senhor, para que eu vingue o sangue de meus servos, os profetas, e o sangue de todos os servos do Senhor da mão de Jezabel. E toda a casa de Acabe perecerá; e destruirei de Acabe todo varão, tanto o encerrado como o livre em Israel. Porque à casa de Acabe hei de fazer como à casa de Jeroboão, filho de Nebate, e como à casa de Baasa, filho de Aías. 10 E os cães comerão a Jezabel no pedaço de campo de Jezreel; não haverá quem a enterre. Então, abriu a porta e fugiu.

11 E, saindo Jeú aos servos de seu senhor, disseram-lhe: Vai tudo bem? Por que veio a ti este louco? E ele lhes disse: Bem conheceis o homem e o seu falar. 12 Mas eles disseram: É mentira; agora, faze-no-lo saber. E disse: Assim e assim me falou, dizendo: Assim diz o Senhor: Ungi-te rei sobre Israel. 13 Então, se apressaram, e tomou cada um a sua veste e a pôs debaixo dele, no mais alto degrau; e tocaram a buzina e disseram: Jeú reina.

14 Assim, Jeú, filho de Josafá, filho de Ninsi, conspirou contra Jorão. Tinha, porém, Jorão cercado a Ramote-Gileade, ele e todo o Israel, por causa de Hazael, rei da Síria. 15 Porém o rei Jorão voltou para se curar em Jezreel das feridas que os siros lhe fizeram, quando pelejou contra Hazael, rei da Síria. E disse Jeú: Se é da vossa vontade, ninguém saia da cidade, nem escape, para ir anunciar isso em Jezreel. 16 Então, Jeú subiu a um carro e foi-se a Jezreel, porque Jorão estava deitado ali; e também Acazias, rei de Judá, descera para ver a Jorão.

17 E o atalaia estava na torre de Jezreel, e viu a tropa de Jeú, que vinha, e disse: Vejo uma tropa. Então, disse Jorão: Toma um cavaleiro e envia-lho ao encontro; e diga: Há paz? 18 E o cavaleiro lhe foi ao encontro e disse: Assim diz o rei: Há paz? E disse Jeú: Que tens tu que fazer com a paz? Passa para trás de mim. E o atalaia o fez saber, dizendo: Chegou a eles o mensageiro, porém não volta. 19 Então, enviou outro cavaleiro; e, chegando este a eles, disse: Assim diz o rei: Há paz? E disse Jeú: Que tens tu que fazer com a paz? Passa para trás de mim. 20 E o atalaia o fez saber, dizendo: Também este chegou a eles, porém não volta; e o andar parece como o andar de Jeú, filho de Ninsi, porque anda furiosamente.

21 Então, disse Jorão: Aparelha o carro. E aparelharam o seu carro. E saiu Jorão, rei de Israel, e Acazias, rei de Judá, cada um em seu carro, e saíram ao encontro de Jeú, e o acharam no pedaço de campo de Nabote, o jezreelita. 22 E sucedeu que, vendo Jorão a Jeú, disse: Há paz, Jeú? E disse ele: Que paz, enquanto as prostituições da tua mãe Jezabel e as suas feitiçarias são tantas? 23 Então, Jorão voltou as mãos, e fugiu, e disse a Acazias: Traição há, Acazias. 24 Mas Jeú entesou o seu arco com toda a força e feriu a Jorão entre os braços, e a flecha lhe saiu pelo coração; e caiu no seu carro. 25 Então, Jeú disse a Bidcar, seu capitão: Toma-o, lança-o no pedaço do campo de Nabote, o jezreelita; pois, lembra-te de que, indo eu e tu juntos a cavalo após Acabe, seu pai, o Senhor pôs sobre ele esta carga, dizendo: 26 Por certo que, se eu não visse ontem à tarde o sangue de Nabote e o sangue de seus filhos, diz o Senhor, também não to pagaria neste pedaço de campo, diz o Senhor. Agora, pois, toma-o e lança-o neste pedaço de campo, conforme a palavra do Senhor. 27 O que vendo Acazias, rei de Judá, fugiu pelo caminho da casa do jardim, porém Jeú seguiu após ele e disse: Feri também a este no carro à subida de Gur, que está junto a Ibleão. E fugiu para Megido e morreu ali. 28 E seus servos o levaram num carro a Jerusalém e o sepultaram na sua sepultura, junto a seus pais, na Cidade de Davi. 29 E, no ano undécimo de Jorão, filho de Acabe, começou Acazias a reinar sobre Judá.

30 E Jeú veio a Jezreel, o que ouvindo Jezabel, se pintou em volta dos olhos, e enfeitou a sua cabeça, e olhou pela janela. 31 E, entrando Jeú pelas portas, disse ela: Teve paz Zinri, que matou a seu senhor? 32 E levantou ele o rosto para a janela e disse: Quem é comigo? Quem? E dois ou três eunucos olharam para ele. 33 Então, disse ele: Lançai-a de alto abaixo. E lançaram-na de alto abaixo; e foram salpicados com o seu sangue a parede e os cavalos, e Jeú a atropelou. 34 Entrando ele, pois, e havendo comido e bebido, disse: Olhai por aquela maldita e sepultai-a, porque é filha de rei. 35 E foram para a sepultar; porém não acharam dela senão somente a caveira, e os pés, e as palmas das mãos. 36 Então, voltaram e lho fizeram saber; e ele disse: Esta é a palavra do Senhor, a qual falou pelo ministério de Elias, o tisbita, seu servo, dizendo: No pedaço do campo de Jezreel, os cães comerão a carne de Jezabel. 37 E o cadáver de Jezabel será como esterco sobre o campo, no pedaço de Jezreel, que se não possa dizer: Esta é Jezabel.