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Lamentação sobre Faraó

32 No primeiro dia do décimo segundo mês[a], no décimo segundo ano do cativeiro do rei Jeconias, veio a mim esta palavra do Senhor. “Homem mortal, chora por Faraó, o rei do Egito, e diz-lhe: Pensas que és tão forte como um leão novo, no meio dos povos, mas não passas dum mero monstro marinho arrastando-se nos bancos de areia do rio, fazendo borbulhar a água e remexendo o lodo.

Diz o Senhor Deus: Mandarei um grande exército para te apanhar com a minha rede. Arrastar-te-ei e ficarás abandonado no chão até morreres. As aves dos céus voarão para ti e os animais selvagens de toda a Terra devorar-te-ão até estarem fartos e cheios. Cobrirei as colinas com a tua carne, atulharei os vales com os teus ossos. Ensoparei a terra com o teu sangue ainda a jorrar; as ravinas mais profundas encher-se-ão até ao cimo das montanhas. Desaparecerás totalmente. Cobrirei os céus, escurecerei as estrelas. O Sol deixará de se ver, escondido por uma espessa nuvem, e a Lua não mais brilhará. É verdade! Em toda a terra não haverá senão escuridão! Nem as estrelas no firmamente terão luz, diz o Senhor Deus!

Quando te destruir, haverá uma sensação de abatimento no coração de muitos povos distantes que tu nunca viste. 10 Sim, muitas terras serão sacudidas pelo terror! Muitos governantes ficarão tremendamente aflitos devido ao que te fiz. Estremecerão de pânico quando brandir a minha espada perante eles. Tremerão pelas suas vidas no dia da tua queda.

11 Diz o Senhor Deus: Virá sobre vocês a espada do rei da Babilónia. 12 Destruir-te-ei com o seu poderoso exército, o terror das nações, que esmigalhará o orgulho do Egito e todo o seu povo; todos perecerão. 13 Liquidarei todos os teus rebanhos e todo o teu gado que pasta junto aos ribeiros; nem os homens nem os animais remexerão jamais essas águas. 14 Por isso, as torrentes do Egito passarão a permanecer claras e fluídas como o azeite que se escoa aveludadamente, diz o Senhor Deus. 15 Quando eu destruir o Egito e varrer da sua terra tudo o que lá existe, então ele saberá que fui eu, o Senhor, quem fez tal coisa. 16 Sim, chorem por causa das angústias do Egito! Que todas as nações derramem lágrimas por ele e pelo seu povo! Diz o Senhor Deus.”

17 No décimo segundo ano, no décimo quinto dia do mesmo mês, recebi outra mensagem do Senhor. 18 “Homem mortal, chora pelo povo do Egito e também pelas outras poderosas nações. Serão mandadas para o mundo inferior, para junto dos residentes do inferno. 19 Diz-lhes: Serás tu, ó Egito, mais favorecido do que os outros? Desce lá para o fundo; ali ficarás com os incircuncisos! 20 Os egípcios morrerão com as multidões que foram trespassadas pela espada, porque uma espada está voltada na direção do Egito, e executará o juízo. 21 Os poderosos guerreiros no mundo dos mortos o receberão, quando ali descer na companhia dos seus amigos, para lá ficarem junto das nações que tanto desprezaram; todos serão vítimas da espada.

22 Os príncipes da Assíria jazem por lá, rodeados dos túmulos de todo o seu povo, daqueles que foram mortos na guerra. 23 Os seus cadáveres foram parar às profundezas do inferno, juntamente com os dos seus aliados. Toda essa gente poderosa, que anteriormente lançara o terror em imensos corações, foi morta às mãos dos adversários.

24 Lá estão os grandes reis do Elão com o seu povo. Espalharam o seu terror entre as nações, enquanto viveram, e agora estão nas profundezas do inferno. Tiveram o destino de todos os pagãos e levaram a sua vergonha para o sepulcro. 25 Encontraram repouso, sim, mas no meio dos mortos, no meio dos sepulcros da sua gente. É verdade, sim, que aterrorizaram nações, enquanto viviam, e que agora foram parar vergonhosamente à cova, mortos na guerra.

26 Lá estão os governantes de Meseque e Tubal, no meio das campas dos seus exércitos inteiros, todos eles idólatras, e que antes tinham aterrorizado o coração de imensa gente; agora ali estão, jazendo mortos. 27 Enterraram-nos como gente comum e não como grandes senhores a quem se fazem pomposos funerais e se coloca as armas na campa, com a espada debaixo do corpo e o escudo a cobri-lo. Foram o terror das gentes, enquanto viveram. 28 Agora serão despedaçados e esmagados, no meio dos incircuncisos, mortos pela espada da guerra.

29 Ali está Edom com os seus governantes e altos magistrados. Poderosos como eram, ali estão agora entre toda essa gente abatida em combate, entre os incircuncisos que desceram à cova. 30 Os príncipes do norte ali estão, mais os sidónios, todos trespassados pela espada. Antes, eram o terror de todos, mas agora estão cobertos de vergonha; levam a sua ignomínia para a cova, juntamente com os que foram mortos.

31 Quando o Faraó vir aquilo, consolar-se-á por não ter sido o único a ver o seu exército desfeito, diz o Senhor Deus. 32 Porque eu mandei o seu terror sobre todos os viventes. O Faraó e os seus exércitos jazerão igualmente entre os idólatras que a guerra liquidou, declara o Senhor Deus!”

Ezequiel, o vigia

33 Mais uma vez recebi uma mensagem do Senhor que dizia assim: “Homem mortal, diz ao teu povo o seguinte: Quando trouxer um exército contra uma nação, e se o povo dessa terra tiver escolhido um homem para o constituir por vigia, quando este vir chegar as tropas inimigas e der o alarme, tocando a trombeta para avisar toda a gente, aquele que depois de a ouvir não lhe ligar importância, se vier a morrer, morrerá com a plena culpa que a sua atitude lhe trouxe. Porque ouviu o alarme e não quis prestar-lhe atenção. Tornou-se só ele culpado dos seus atos. Se tivesse dado ouvidos ao aviso, teria sido salvo.

No entanto, se o vigia vir o inimigo chegar e não tocar a trombeta para avisar a população, será ele o responsável por todos os mortos que houver. Estes morrerão com a culpa dos seus pecados, mas pedirei contas dessas vidas ao vigia.

Assim também é contigo, homem mortal. Nomeei-te vigia do povo de Israel; por isso, ouve o que te digo e avisa-os. Quando eu disser ao iníquo: Ó homem malvado, certamente morrerás! Se não lhe deres esse recado da minha parte, que o leve a arrepender-se, esse iníquo morrerá carregado com os seus pecados, mas é a ti que pedirei contas pela sua morte. Contudo, se o avisares para que arrepie caminho, e se ele recusar, essa pessoa morrerá com a culpa dos seus pecados, mas a responsabilidade não será mais tua.

10 Ó povo de Israel, vocês dizem: ‘Os nossos pecados pesam sobre nós; desfalecemos debaixo da culpa que nos é imposta por causa deles. Como é que se pode viver assim?’ 11 Responde-lhes então: Tão certo como eu viver, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do pecador; o que eu pretendo é que ele se converta do seu mau caminho e que viva. Convertam-se, convertam-se da vossa vida de maldade! Porque haveriam de morrer, ó Israel?

12 Por isso, homem mortal, diz aos teus compatriotas: Quando um homem reto peca, o bem que ele fez não o salvará. Se um homem mau deixa de praticar o mal, não será castigado; mas se um homem reto começar a pecar, a sua vida não será poupada. 13 Eu disse que o homem reto com certeza viverá; mas se ele vier a pecar, esperando que a sua vida passada, de justiça, acabe por salvá-lo, está enganado, pois o que ele foi anteriormente não será tomado em consideração; será morto por causa dos seus pecados. 14 Por outro lado, quando eu disser ao pecador que terá de morrer, se este se arrepender e passar a praticar a justiça e o bem, 15 se restituir aquilo que extorquiu aos outros fraudulentamente, aquilo que roubou, se passar a andar pelos caminhos da justiça e não mais praticar desonestidades, com toda a certeza que viverá! Não morrerá! 16 Nenhum dos seus anteriores pecados serão tomados em consideração contra ele; voltou-se para o caminho do bem; sem dúvida alguma que viverá.

17 Mesmo assim o povo ainda diz que o Senhor não está a ser inteiramente justo, mas eles é que não são. 18 Por isso, torno a repetir: alguém que é uma pessoa reta, se cair no pecado, terá mesmo de morrer. 19 Uma pessoa perversa que abandona a sua vida má e começa a praticar o bem e a justiça, esse indubitavelmente viverá. 20 Ainda que digam que o Senhor não está a ser justo dessa maneira, o facto é que eu terei de julgar cada um de acordo com os seus atos.”

A queda de Jerusalém explicada

21 No décimo segundo ano do nosso exílio, no dia 5 do décimo mês[b], um daqueles que escapou de Jerusalém correu para mim a dizer-me: “A cidade foi tomada!” 22 A mão do Senhor tinha estado sobre mim durante a tarde. Por isso, não me deixei abater e tive forças suficientes para falar nesse momento dramático.

23 E foi esta mensagem que o Senhor me comunicou no momento: 24 “Homem mortal, a pouca gente que ficou de Judá, e que está a viver no meio das cidades arruinadas, continua a dizer: ‘Abraão era um homem só e recebeu a posse desta terra toda! Nós somos muitos, não vamos com certeza abandoná-la!’ 25 Mostra-lhes então o que eu, o Senhor Deus, tenho para lhes dizer: Vocês comem carne com sangue, adoram ídolos, praticam assassínios e pensam que, com essas coisas todas, eu iria dar-vos a terra? 26 Matam gente, praticam a idolatria, adulteram e, ainda por cima, iriam ficar com a terra?

27 Diz-lhes então: O Senhor Deus garante-vos, tão certo como ele ser um Deus vivo, que vocês, os que moram agora no meio de ruínas, acabarão por morrer na guerra; os que vivem no meio dos campos serão abatidos pelos animais selvagens; os que se abrigam nas cavernas, ou mesmo em construções de pedra, acabarão morrendo de doença. 28 Tornarei essa terra numa assolação, o seu orgulho será abatido e cessará a fama da sua força. As povoações de Israel, construídas no cimo dos montes, ficarão tão destruídas que ninguém mais viverá nelas. 29 Quando virem, enfim, a sua terra desfeita em ruínas, por causa dos seus pecados, então saberão que sou eu o Senhor!

30 Homem mortal, o teu povo anda a conspirar nas tuas costas. Falam de ti quando estão em casa e murmuram a teu respeito à soleira das portas, dizendo: ‘Venham daí, vamo-nos divertir, ouvindo o que o Senhor tem hoje a dizer!’ 31 Então aproximam-se, com o ar de quem é muito sincero, e sentam-se para ouvir, mas por dentro não têm a mínima intenção de fazer o que lhes é ordenado. Falam com hipocrisia sobre amar o Senhor, mas nos seus corações o que reina é o amor ao dinheiro. 32 Tu, para eles, não passas duma diversão como outra qualquer; é como se alguém se pusesse a cantar-lhes lindas canções, com uma bela voz e acompanhado por um bonito instrumento. Ouvem o que dizes, é verdade, mas não ligam nenhuma importância! 33 No entanto, quando todas estas terríveis coisas lhes acontecerem, e já estão para breve, nessa altura dar-se-ão conta de que realmente esteve no meio deles um profeta.”

Pastores e ovelhas

34 Recebi esta mensagem da parte do Senhor. “Homem mortal, profetiza contra os pastores, os líderes de Israel, e diz-lhes: Esta é a palavra que o Senhor Deus vos dirige: Ai dos pastores que se nutrem bem eles próprios e não os seus rebanhos. Não são os pastores que devem alimentar as ovelhas? Mas vocês comem da melhor comida, vestem-se com a melhor lã que há, matam as melhores ovelhas, mas não cuidam do rebanho. Não se preocupam com a que estava enfraquecida, não tratam daquela que está doente, não cuidam da ferida nem vão à procura da que se tinha extraviado e perdido. Pelo contrário, até as tratam com rigor e dureza. E a consequência foi que as ovelhas se espalharam, abandonadas; tornaram-se presa de qualquer animal selvagem que se aproximasse. O meu rebanho andou por aí vagueando, pelos montes e colinas, por toda a face da Terra, sem ninguém que fosse à procura das ovelhas, que se interessasse por elas.

Por isso, ó pastores, ouçam a palavra do Senhor: É certo que eu sou Deus que vive, diz o Senhor Deus! No entanto, vocês abandonaram o meu rebanho, permitindo que fosse atacado e destruído. Não foram realmente pastores, de forma nenhuma, pois não cuidaram dele nem um bocadinho. Trataram-se a si mesmos e deixaram morrer as ovelhas. Por isso, tomem atenção à palavra do Senhor, ó pastores! 10 Eis a razão por que estou contra os pastores e os torno responsáveis por tudo o que acontece ao meu rebanho. Hei de tirar-lhes o direito de se ocuparem dele e também o direito de se alimentarem a si mesmos; livrá-lo-ei de se tornar no alimento dos pastores.

11 Porque assim diz o Senhor Deus: Irei procurar e hei de encontrar o meu rebanho. 12 Eu serei como um verdadeiro pastor no encalço das minhas ovelhas. Encontrá-las-ei e as salvarei de todos os lugares para onde foram espalhadas, naquele dia escuro e nebuloso. 13 Tornarei a trazê-las de entre os povos e nações onde se encontravam e regressarão a casa, à sua terra de Israel. 14 Alimentá-las-ei sobre montes e vales, em toda a terra que é fértil e boa. Sim, dar-lhes-ei esplêndidas pastagens sobre outeiros de Israel! E ali repousarão em paz, pastando nas luxuriantes pastagens das montanhas. 15 Eu próprio serei o pastor das minhas ovelhas; por isso, descansarão tranquilamente, diz o Senhor Deus. 16 Irei à procura das que se perderam, das que se desviaram, e regressarei com elas em segurança. Porei talas e ligaduras nas que tiverem partido algum osso e tratarei da doente. Destruirei esses poderosos e gordos pastores. Alimentá-los-ei, sim, mas com a aplicação da justiça!

17 Quanto a ti, ó meu rebanho, meu povo, o Senhor Deus diz: Farei distinção entre ovelhas e cabritos, entre carneiros e bodes! 18 Será que é assim coisa de tão pouca importância que vocês, os pastores, não apenas tenham reservado para si mesmos as melhores pastagens como ainda tenham pisado e estragado o que restou? 19 Que tenham desviado para si mesmos o melhor da água como ainda tenham sujado com a lama dos vossos pés a que sobrou? Tudo o que deixaram ficar para o meu rebanho foi o que calcaram; as ovelhas são obrigadas a beber a água lamacenta que vocês remexeram com os pés.

20 Por isso, diz assim o Senhor Deus: Com toda a certeza que estabelecerei uma diferença, nos meus juízos, entre ovelhas gordas e ovelhas magras. 21 Porque eles espantam, empurram, escorraçam o meu rebanho, já de si doente e esfomeado, fazendo com que as ovelhas fujam para longe e se espalhem. 22 Portanto, serei eu próprio quem há de salvar o rebanho. Nunca mais as minhas ovelhas serão batidas e destruídas, pois atentarei para a que está enfraquecida, para a que está magra. 23 Estabelecerei um pastor, sobre todo o meu povo, que será o meu servo David. Apascentá-lo-á e será para ele como um verdadeiro pastor. 24 Quanto a mim, o Senhor, serei o seu Deus! O meu servo David será um príncipe, no meio do meu povo! Sou eu, o Senhor, quem diz isto!

25 Farei uma aliança de paz com eles; afugentarei para longe os animais ferozes que andam nessa terra, para que o meu povo possa, com toda a segurança, fixar-se, ainda que seja nos lugares mais selvagens, e repousar descansadamente nas florestas. 26 O meu povo e as suas casas se transformarão numa bênção em redor do meu outeiro. E haverá chuva de bênçãos que hão de cair sempre no tempo próprio. 27 As árvores do campo darão belos frutos e toda a gente viverá em segurança. Quando, enfim, eu tiver quebrado as correntes que os escravizavam e os tiver libertado das mãos dos que viviam à custa deles, verão claramente que eu sou o Senhor. 28 Não haverá mais nações estrangeiras que os dominem, nem animais selvagens que os ataquem. Viverão em paz e ninguém mais os aterrorizará.

29 Dar-lhes-ei uma terra notavelmente fértil, de tal forma que o meu povo não mais passará fome na terra, nem passará pela humilhação dos povos estranhos. 30 Assim se darão conta de que eu, o Senhor, seu Deus, estou com o povo de Israel e que este é o meu povo, diz o Senhor Deus. 31 Vocês são o meu rebanho, as ovelhas do meu pasto, o povo que me pertence e eu sou o vosso Deus!, diz o Senhor Deus.”

Footnotes

  1. 32.1 Mês de Adar. Entre a lua nova do mês de fevereiro e o mês de março.
  2. 33.21 Mês de Tebet. Entre a lua nova do mês de dezembro e o mês de janeiro.

Lamentação sobre Faraó, rei do Egito

32 E sucedeu que, no ano duodécimo, no mês duodécimo, ao primeiro do mês, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, levanta uma lamentação sobre Faraó, rei do Egito, e dize-lhe: Semelhante eras a um filho de leão entre as nações, e tu foste como um dragão nos mares, e ferias os teus rios, e turbavas as águas com os teus pés, e sujavas os teus rios. Assim diz o Senhor Jeová: Portanto, estenderei sobre ti a minha rede com ajuntamento de muitos povos, e te farão subir na minha rede. Então, te deixarei em terra; sobre a face do campo te lançarei e farei morar sobre ti todas as aves do céu; e se fartarão de ti os animais de toda a terra. E porei as tuas carnes sobre os montes e encherei os vales da tua altura. E a terra onde nadas regarei com o teu sangue até aos montes, e as correntes se encherão de ti. E, apagando-te eu, cobrirei os céus e enegrecerei as suas estrelas; ao sol encobrirei com uma nuvem, e a lua não deixará resplandecer a sua luz. Todas as brilhantes luzes do céu enegrecerei sobre ti e trarei trevas sobre a tua terra, diz o Senhor Jeová. E afligirei o coração de muitos povos, quando eu levar a tua destruição entre as nações, às terras que não conheceste. 10 E farei com que muitos povos fiquem pasmados a teu respeito, e os seus reis tremam em grande maneira, quando eu brandir a minha espada ante o seu rosto; e estremecerão a cada momento, cada um pela sua vida, no dia da tua queda.

11 Porque assim diz o Senhor Jeová: A espada do rei de Babilônia virá sobre ti. 12 Farei cair a multidão com as espadas dos valentes, que são todos os mais terríveis das nações; e eles destruirão a soberba do Egito, e toda a sua multidão será perdida. 13 E exterminarei todos os seus animais sobre as muitas águas; nem as turbará mais pé de homem, nem as turbarão unhas de animais. 14 Então, farei assentar as suas águas e farei correr os seus rios como o azeite, diz o Senhor Jeová. 15 Quando eu tornar a terra do Egito em assolação, e a terra for assolada em sua plenitude, e quando ferir todos os que nela habitam, então, saberão que eu sou o Senhor. 16 Esta é a lamentação com que lamentarão; as filhas das nações o lamentarão; sobre o Egito e sobre toda a sua multidão assim se lamentará, diz o Senhor Jeová.

Lamentação sobre o Egito

17 E sucedeu que, no ano duodécimo, aos quinze do mês, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 18 Filho do homem, pranteia sobre a multidão do Egito e faze-a descer, a ela e às filhas das nações magníficas, à terra mais baixa, aos que descem à cova. 19 A quem sobrepujas tu em beleza? Desce e deita-te com os incircuncisos. 20 No meio daqueles que foram traspassados à espada, eles cairão; à espada ela está entregue; arrastai-a e a toda a sua multidão. 21 Os mais poderosos dos valentes lhe falarão desde o meio do inferno, juntamente com os que a socorrem: Desceram e estão lá os incircuncisos, traspassados à espada.

22 Ali está Assur com todo o seu ajuntamento; em redor dele estão os seus sepulcros; todos eles foram traspassados e caíram à espada. 23 Os seus sepulcros foram postos no mais interior da cova, e o seu ajuntamento está em redor do seu sepulcro; todos foram traspassados, e caíram à espada os que tinham causado espanto na terra dos viventes.

24 Ali está Elão com toda a sua multidão, em redor do seu sepulcro; todos eles foram traspassados e caíram à espada; eles desceram incircuncisos às mais baixas partes da terra; causaram terror na terra dos viventes e levaram a sua vergonha com os que desceram à cova. 25 No meio dos traspassados, lhe puseram uma cama entre toda a sua multidão; ao redor dele estão os seus sepulcros; todos eles são incircuncisos, traspassados à espada; porque causaram terror na terra dos viventes e levaram a sua vergonha com os que desceram à cova; no meio dos traspassados foi posto.

26 Ali estão Meseque e Tubal com toda a sua multidão; ao redor deles estão os seus sepulcros; todos eles são incircuncisos e traspassados à espada, porquanto causaram terror na terra dos viventes. 27 E não se acharão com os valentes que caíram dos incircuncisos, os quais desceram ao sepulcro com as suas armas de guerra e puseram as suas espadas debaixo da sua cabeça, e a sua iniquidade está sobre os seus ossos, porque eram o terror dos heróis na terra dos viventes. 28 Também tu, Egito, serás quebrado no meio dos incircuncisos e jazerás com os que foram traspassados à espada.

29 Ali está Edom, os seus reis e todos os seus príncipes, que, no seu poder, foram postos com os que foram traspassados à espada; estes jazem com os incircuncisos e com os que desceram à cova.

30 Ali estão os príncipes do Norte, todos eles, e todos os sidônios, que desceram com os traspassados, envergonhados com o terror causado pelo seu poder; e jazem incircuncisos com os que foram traspassados à espada e levam a sua vergonha com os que desceram à cova.

31 Faraó os verá e se consolará com toda a sua multidão; sim, o próprio Faraó e todo o seu exército, traspassados à espada, diz o Senhor Jeová. 32 Porque também eu pus o meu espanto na terra dos viventes; pelo que jazerá no meio dos incircuncisos, com os traspassados à espada, Faraó e toda a sua multidão, diz o Senhor Jeová.

O ofício do verdadeiro profeta

33 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, fala aos filhos do teu povo e dize-lhes: Quando eu fizer vir a espada sobre a terra e o povo da terra tomar um homem dos seus termos e o constituir por seu atalaia; e, vendo ele que a espada vem sobre a terra, tocar a trombeta e avisar o povo; se aquele que ouvir o som da trombeta não se der por avisado, e vier a espada e o tomar, o seu sangue será sobre a sua cabeça. Ele ouviu o som da trombeta e não se deu por avisado; o seu sangue será sobre ele; mas o que se dá por avisado salvará a sua vida. Mas, se, quando o atalaia vir que vem a espada, não tocar a trombeta, e não for avisado o povo; se a espada vier e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniquidade, mas o seu sangue demandarei da mão do atalaia.

A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da minha boca e lha anunciarás da minha parte. Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para desviar o ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniquidade, mas o seu sangue eu o demandarei da tua mão. Mas, quando tu tiveres falado para desviar o ímpio do seu caminho, para que se converta dele, e ele se não converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniquidade, mas tu livraste a tua alma.

10 Tu, pois, filho do homem, dize à casa de Israel: Assim falais vós, dizendo: Visto que as nossas prevaricações e os nossos pecados estão sobre nós, e nós desfalecemos neles, como viveremos então? 11 Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Jeová, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva; convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que razão morrereis, ó casa de Israel? 12 Tu, pois, filho do homem, dize aos filhos do teu povo: A justiça do justo não o fará escapar no dia da sua prevaricação; e, quanto à impiedade do ímpio, não cairá por ela, no dia em que se converter da sua impiedade; nem o justo, pela justiça, poderá viver no dia em que pecar. 13 Quando eu disser ao justo que certamente viverá, e ele, confiando na sua justiça, praticar iniquidade, não virão em memória todas as suas justiças, mas na sua iniquidade, que pratica, ele morrerá. 14 Quando eu também disser ao ímpio: Certamente morrerás; se ele se converter do seu pecado e fizer juízo e justiça, 15 restituindo esse ímpio o penhor, pagando o furtado, andando nos estatutos da vida e não praticando iniquidade, certamente viverá, não morrerá. 16 De todos os seus pecados com que pecou não se fará memória contra ele; juízo e justiça fez, certamente viverá.

17 Todavia, os filhos do teu povo dizem: Não é reto o caminho do Senhor; mas o próprio caminho deles é que não é reto. 18 Desviando-se o justo da sua justiça e praticando iniquidade, morrerá nela. 19 E, convertendo-se o ímpio da sua impiedade e fazendo juízo e justiça, ele viverá por isto mesmo. 20 Todavia, vós dizeis: Não é reto o caminho do Senhor; julgar-vos-ei a cada um conforme os seus caminhos, ó casa de Israel.

O castigo de Israel por causa da sua presunção

21 E sucedeu que, no ano duodécimo, no décimo mês, aos cinco do mês do nosso cativeiro, veio a mim um que tinha escapado de Jerusalém, dizendo: Ferida está a cidade. 22 Ora, a mão do Senhor estivera sobre mim pela tarde, antes que viesse o que tinha escapado; abriu a minha boca, até que veio a mim pela manhã; e abriu-se a minha boca, e não fiquei mais em silêncio.

23 Então, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 24 Filho do homem, os moradores destes lugares desertos da terra de Israel falam, dizendo: Abraão era um só e possuiu esta terra; mas nós somos muitos; esta terra nos foi dada em possessão. 25 Dize-lhes, portanto: Assim diz o Senhor Jeová: Com sangue comeis, e levantais os olhos para os vossos ídolos, e derramais sangue! E possuíreis esta terra? 26 Vós vos estribais sobre a vossa espada, cometeis abominação, e contamina cada um a mulher do seu próximo! E possuireis a terra? 27 Assim lhes dirás: Assim disse o Senhor Jeová: Vivo eu, que os que estiverem em lugares desertos cairão à espada, e o que estiver sobre a face do campo, o entregarei à fera, para que o coma, e os que estiverem em lugares fortes e em cavernas morrerão de pestilência. 28 E tornarei a terra em assolação e espanto, e cessará a soberba da sua força; e os montes de Israel ficarão tão assolados, que ninguém passará por eles. 29 Então, saberão que eu sou o Senhor, quando eu tornar a terra em assolação e espanto, por todas as abominações que cometeram.

30 Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto às paredes e nas portas das casas; e fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual seja a palavra que procede do Senhor. 31 E eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza. 32 E eis que tu és para eles como uma canção de amores, canção de quem tem voz suave e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra. 33 Mas, quando vier isto (eis que está para vir), então, saberão que houve no meio deles um profeta.

Profecia contra os pastores infiéis de Israel

34 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque.

Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Vivo eu, diz o Senhor Jeová, visto que as minhas ovelhas foram entregues à rapina e vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuram as minhas ovelhas, pois se apascentam a si mesmos e não apascentam as minhas ovelhas, portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: 10 Assim diz o Senhor Jeová: Eis que eu estou contra os pastores e demandarei as minhas ovelhas da sua mão; e eles deixarão de apascentar as ovelhas e não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e lhes não servirão mais de pasto.

11 Porque assim diz o Senhor Jeová: Eis que eu, eu mesmo, procurarei as minhas ovelhas e as buscarei. 12 Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; e as farei voltar de todos os lugares por onde andam espalhadas no dia de nuvens e de escuridão. 13 E as tirarei dos povos, e as farei vir dos diversos países, e as trarei à sua terra, e as apascentarei nos montes de Israel, junto às correntes e em todas as habitações da terra. 14 Em bons pastos as apascentarei, e nos altos montes de Israel será a sua malhada; ali, se deitarão numa boa malhada e pastarão em pastos gordos nos montes de Israel. 15 Eu apascentarei as minhas ovelhas, e eu as farei repousar, diz o Senhor Jeová. 16 A perdida buscarei, e a desgarrada tornarei a trazer, e a quebrada ligarei, e a enferma fortalecerei; mas a gorda e a forte destruirei; apascentá-las-ei com juízo.

17 E, quanto a vós, ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor Jeová: Eis que eu julgarei entre gado pequeno e gado pequeno, entre carneiros e bodes. 18 Acaso não vos basta pastar o bom pasto, senão que pisais o resto de vossos pastos a vossos pés? E beber as profundas águas, senão que enlameais o resto com os vossos pés? 19 E, quanto às minhas ovelhas, elas pastam o que foi pisado com os vossos pés e bebem o que tem sido turvado com os vossos pés.

20 Por isso, o Senhor Jeová assim lhes diz: Eis que eu, eu mesmo, julgarei entre o gado gordo e o gado magro. 21 Visto como, com o lado e com o ombro, dais empurrões e, com as vossas pontas, escorneais todas as fracas, até que as espalhais para fora, 22 eu livrarei as minhas ovelhas, para que não sirvam mais de rapina, e julgarei entre gado miúdo e gado miúdo. 23 E levantarei sobre elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as há de apascentar; ele lhes servirá de pastor. 24 E eu, o Senhor, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o Senhor, o disse.

25 E farei com elas um concerto de paz e acabarei com a besta ruim da terra; e habitarão no deserto seguramente e dormirão nos bosques. 26 E a elas e aos lugares ao redor do meu outeiro, eu porei por bênção; e farei descer a chuva a seu tempo; chuvas de bênção serão. 27 E as árvores do campo darão o seu fruto, e a terra dará a sua novidade, e estarão seguras na sua terra; e saberão que eu sou o Senhor, quando eu quebrar as varas do seu jugo e as livrar da mão dos que se serviam delas. 28 E não servirão mais de rapina aos gentios, e a besta-fera da terra nunca mais as comerá; e habitarão seguramente, e ninguém haverá que as espante. 29 E lhes levantarei uma plantação de renome, e nunca mais serão consumidas pela fome na terra, nem mais levarão sobre si opróbrio dos gentios. 30 Saberão, porém, que eu, o Senhor, seu Deus, estou com elas e que elas são o meu povo, a casa de Israel, diz o Senhor Jeová. 31 Vós, pois, ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto; homens sois, mas eu sou o vosso Deus, diz o Senhor Jeová.