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19 E, havendo Labão ido a tosquiar as suas ovelhas, furtou Raquel os ídolos que seu pai tinha. 20 E esquivou-se Jacó de Labão, o arameu, porque não lhe fez saber que fugia. 21 E fugiu ele com tudo o que tinha; e levantou-se, e passou o rio, e pôs o seu rosto para a montanha de Gileade.

Labão prossegue atrás de Jacó

22 E, no terceiro dia, foi anunciado a Labão que Jacó tinha fugido. 23 Então, tomou consigo os seus irmãos e atrás dele seguiu o seu caminho por sete dias; e alcançou-o na montanha de Gileade. 24 Veio, porém, Deus a Labão, o arameu, em sonhos, de noite, e disse-lhe: Guarda-te, que não fales a Jacó nem bem nem mal.

25 Alcançou, pois, Labão a Jacó. E armara Jacó a sua tenda naquela montanha; armou também Labão com os seus irmãos a sua na montanha de Gileade. 26 Então, disse Labão a Jacó: Que fizeste, que te esquivaste de mim e levaste as minhas filhas como cativas pela espada? 27 Por que fugiste ocultamente, e te esquivaste de mim, e não me fizeste saber, para que eu te enviasse com alegria, e com cânticos, e com tamboril, e com harpa? 28 Também não me permitiste beijar os meus filhos e as minhas filhas. Loucamente, pois, agora andaste, fazendo assim. 29 Poder havia em minha mão para vos fazer mal, mas o Deus de vosso pai me falou ontem à noite, dizendo: Guarda-te, que não fales a Jacó nem bem nem mal. 30 E agora, se te querias ir embora, porquanto tinhas saudades de voltar à casa de teu pai, por que furtaste os meus deuses? 31 Então, respondeu Jacó e disse a Labão: Porque temia; pois que dizia comigo se porventura me não arrebatarias as tuas filhas. 32 Com quem achares os teus deuses, esse não viva; reconhece diante de nossos irmãos o que é teu do que está comigo e toma-o para ti. Pois Jacó não sabia que Raquel os tinha furtado.

33 Então, entrou Labão na tenda de Jacó, e na tenda de Leia, e na tenda de ambas as servas e não os achou; e, saindo da tenda de Leia, entrou na tenda de Raquel. 34 Mas tinha tomado Raquel os ídolos, e os tinha posto na albarda de um camelo, e assentara-se sobre eles; e apalpou Labão toda a tenda e não os achou. 35 E ela disse a seu pai: Não se acenda a ira nos olhos de meu senhor, que não posso levantar-me diante da tua face; porquanto tenho o costume das mulheres. E ele procurou, mas não achou os ídolos.

36 Então, irou-se Jacó e contendeu com Labão. E respondeu Jacó e disse a Labão: Qual é a minha transgressão? Qual é o meu pecado, que tão furiosamente me tens perseguido? 37 Havendo apalpado todos os meus móveis, que achaste de todos os móveis da tua casa? Põe-no aqui diante dos meus irmãos e teus irmãos; e que julguem entre nós ambos. 38 Estes vinte anos eu estive contigo, as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca abortaram, e não comi os carneiros do teu rebanho. 39 Não te trouxe eu o despedaçado; eu o pagava; o furtado de dia e o furtado de noite da minha mão o requerias. 40 Estava eu de sorte que de dia me consumia o calor, e, de noite, a geada; e o meu sono foi-se dos meus olhos. 41 Tenho estado agora vinte anos na tua casa; catorze te servi por tuas duas filhas e seis anos por teu rebanho; mas o meu salário tens mudado dez vezes. 42 Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o Temor de Isaque, não fora comigo, por certo me enviarias agora vazio. Deus atendeu à minha aflição e ao trabalho das minhas mãos e repreendeu-te ontem à noite.

O pacto entre Labão e Jacó em Galeede

43 Então, respondeu Labão e disse a Jacó: Estas filhas são minhas filhas, e estes filhos são meus filhos, e este rebanho é o meu rebanho, e tudo o que vês meu é; e que farei, hoje, a estas minhas filhas ou aos filhos que tiveram? 44 Agora, pois, vem, e façamos concerto, eu e tu, que seja por testemunho entre mim e ti. 45 Então, tomou Jacó uma pedra e erigiu-a por coluna. 46 E disse Jacó a seus irmãos: Ajuntai pedras. E tomaram pedras, e fizeram um montão, e comeram ali sobre aquele montão. 47 E chamou-lhe Labão Jegar-Saaduta; porém Jacó chamou-lhe Galeede. 48 Então, disse Labão: Este montão seja, hoje, por testemunha entre mim e ti; por isso, se chamou o seu nome Galeede 49 e Mispa, porquanto disse: Atente o Senhor entre mim e ti, quando nós estivermos apartados um do outro. 50 Se afligires as minhas filhas e se tomares mulheres além das minhas filhas, mesmo que ninguém esteja conosco, atenta que Deus é testemunha entre mim e ti.

51 Disse mais Labão a Jacó: Eis aqui este mesmo montão, e eis aqui esta coluna que levantei entre mim e ti. 52 Este montão seja testemunha, e esta coluna seja testemunha de que eu não passarei este montão para lá e que tu não passarás este montão e esta coluna para cá, para mal. 53 O Deus de Abraão e o Deus de Naor, o Deus de seu pai, julguem entre nós. E jurou Jacó pelo Temor de Isaque, seu pai. 54 E sacrificou Jacó um sacrifício na montanha e convidou seus irmãos para comerem pão; e comeram pão e passaram a noite na montanha.

55 E levantou-se Labão pela manhã, de madrugada, e beijou seus filhos e suas filhas, e abençoou-os; e partiu e voltou Labão ao seu lugar.

32 E foi também Jacó o seu caminho, e encontraram-no os anjos de Deus. E Jacó disse, quando os viu: Este é o exército de Deus. E chamou o nome daquele lugar Maanaim.

Jacó envia mensageiros a Esaú

E enviou Jacó mensageiros diante da sua face a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, território de Edom. E ordenou-lhes, dizendo: Assim direis a meu senhor Esaú: Assim diz Jacó, teu servo: Como peregrino morei com Labão e me detive até agora. E tenho bois, e jumentos, e ovelhas, e servos, e servas; e enviei para o anunciar a meu senhor, para que ache graça a teus olhos.

E os mensageiros tornaram a Jacó, dizendo: Fomos a teu irmão Esaú; e também ele vem a encontrar-te, e quatrocentos varões com ele. Então, Jacó temeu muito e angustiou-se; e repartiu em dois bandos o povo que com ele estava, e as ovelhas, e as vacas, e os camelos. Porque dizia: Se Esaú vier a um bando e o ferir, o outro bando escapará.

Disse mais Jacó: Deus de meu pai Abraão e Deus de meu pai Isaque, ó Senhor, que me disseste: Torna à tua terra e à tua parentela, e far-te-ei bem; 10 menor sou eu que todas as beneficências e que toda a fidelidade que tiveste com teu servo; porque com meu cajado passei este Jordão e, agora, me tornei em dois bandos. 11 Livra-me, peço-te, da mão de meu irmão, da mão de Esaú, porque o temo, para que porventura não venha e me fira e a mãe com os filhos. 12 E tu o disseste: Certamente te farei bem e farei a tua semente como a areia do mar, que, pela multidão, não se pode contar.

13 E passou ali aquela noite; e tomou, do que lhe veio à sua mão, um presente para seu irmão Esaú: 14 duzentas cabras e vinte bodes; duzentas ovelhas e vinte carneiros; 15 trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas e dez novilhos; vinte jumentas e dez jumentinhos. 16 E deu-o na mão dos seus servos, cada rebanho à parte, e disse a seus servos: Passai adiante da minha face e ponde espaço entre rebanho e rebanho. 17 E ordenou ao primeiro, dizendo: Quando Esaú, meu irmão, te encontrar e te perguntar, dizendo: De quem és, para onde vais, de quem são estes diante da tua face? 18 Então, dirás: São de teu servo Jacó, presente que envia a meu senhor, a Esaú; e eis que ele mesmo vem também atrás de nós. 19 E ordenou também ao segundo, e ao terceiro, e a todos os que vinham atrás dos rebanhos, dizendo: Conforme esta mesma palavra, falareis a Esaú, quando o achardes. 20 E direis também: Eis que o teu servo Jacó vem atrás de nós. Porque dizia: Eu o aplacarei com o presente que vai diante de mim e, depois, verei a sua face; porventura aceitará a minha face. 21 Assim, passou o presente diante da sua face; ele, porém, passou aquela noite no arraial.

Jacó passa o vau de Jaboque e luta com um anjo

22 E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque. 23 E tomou-os e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha. 24 Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um varão, até que a alva subia. 25 E, vendo que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa; e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. 26 E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se me não abençoares. 27 E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. 28 Então, disse: Não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel, pois, como príncipe, lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. 29 E Jacó lhe perguntou e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. 30 E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva. 31 E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa. 32 Por isso, os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até o dia de hoje, porquanto ele tocara a juntura da coxa de Jacó no nervo encolhido.

19 Enquanto Labão tinha ido cortar a lã das suas ovelhas, Raquel roubou as imagens dos deuses da família do seu pai. 20 Assim Jacó enganou Labão, o arameu, fugindo depressa sem lhe dizer nada, 21 e levando tudo o que tinha. Atravessaram o rio Eufrates e foram para as montanhas de Gileade.

Labão persegue Jacó

22 No terceiro dia contaram a Labão que Jacó tinha fugido. 23 Então Labão juntou os seus homens e saiu atrás de Jacó. Depois de sete dias, Labão alcançou Jacó nas montanhas de Gileade. 24 Nessa noite, Deus apareceu num sonho a Labão, o arameu, e lhe disse:

—Cuidado! Não faça nenhum mal a Jacó.

25 Na manhã seguinte, Labão alcançou a Jacó, o qual tinha o seu acampamento no monte de Gileade, e Labão acampou também nesse mesmo lugar. 26 Então Labão disse a Jacó:

—Por que você fugiu e me enganou? Levou as minhas filhas como se fossem prisioneiras de guerra. 27 Por que fugiu sem me dizer nada? Se tivesse me falado, eu teria me despedido de você com alegria e com música de tambores e harpas. 28 Nem sequer me deixou dar um beijo de despedida aos meus netos e netas. Você foi muito insensato ao fazer isso! 29 Eu poderia fazer muito mal a vocês, mas o Deus do seu pai me apareceu ontem à noite num sonho e me disse: “Cuidado! Não faça nada de mal a Jacó”. 30 Eu sei que foi embora porque queria regressar à casa do seu pai. Mas, porque roubou as imagens dos deuses da minha família?

31 Jacó respondeu a Labão:

—Fui embora sem lhe dizer nada porque tive medo, pensei que fosse tirar as suas filhas de mim. 32 Mas se encontrar aqui alguém que tenha as imagens dos seus deuses, essa pessoa será morta. Aqui, na presença dos nossos parentes, veja se tenho algo que lhe pertença e, se tiver, pode levá-lo.

Jacó não sabia que Raquel tinha roubado os deuses de Labão. 33 Então Labão procurou na tenda de Jacó, na tenda de Lia e na tenda das duas servas, mas não encontrou as imagens dos deuses. Depois foi para a tenda de Raquel. 34 Raquel tinha pegado os deuses da família e os tinha escondido debaixo da sela do camelo, e tinha se sentado em cima. Labão procurou por toda a tenda mas não os encontrou. 35 Raquel disse ao seu pai:

—Ó pai, meu senhor, não se irrite comigo por não me levantar, mas é que estou no período de menstruação.

Assim Labão procurou mas não encontrou as imagens dos deuses da sua família. 36 E Jacó ficou irritado e lhe disse:

—Que crime cometi? Qual foi o meu pecado para você me perseguir dessa maneira? 37 Já procurou entre todas as minhas coisas e não encontrou nada que fosse seu. Se encontrou alguma coisa, apresente-a aqui para que os nossos parentes decidam quem é que tem razão. 38 Nos vinte anos que trabalhei para você, as ovelhas e as cabras nunca abortaram, e eu nunca comi nenhum carneiro dos seus rebanhos. 39 Quando um animal selvagem matava alguma das suas ovelhas, eu mesmo pagava pela ovelha. Nunca levei para você um animal morto que eu mesmo não repusesse. Roubavam-me de dia e de noite. 40 Durante o dia, o sol me enfraquecia e durante a noite, o frio não me deixava dormir. 41 Trabalhei vinte anos para você. Os primeiros catorze anos trabalhei pelas suas duas filhas, e os últimos seis anos, pelos seus rebanhos. E você mudou o meu salário dez vezes. 42 Se o Deus dos meus pais, o Deus de Abraão e o Temor de Isaque[a] não tivesse estado comigo, você teria me deixado de mãos vazias. Mas Deus viu a minha tristeza e o resultado do meu trabalho, e ontem à noite repreendeu você.

A aliança entre Jacó e Labão

43 Labão respondeu então a Jacó:

—Estas mulheres são minhas filhas. Estas crianças são minhas. Estes rebanhos são meus. Tudo o que você vê é meu. No entanto, não há nada que possa fazer pelas minhas filhas ou pelos filhos que delas nasceram. 44 Por isso, façamos agora uma aliança entre nós dois, para servir de testemunho entre nós.

45 Então Jacó pegou uma pedra e a colocou em pé como prova de que tinham feito uma aliança. 46 Depois disse aos seus homens:

—Vão buscar mais pedras!

Então eles assim fizeram e juntaram todas as pedras num monte. Depois comeram ali, ao lado do monte de pedras. 47 Labão chamou esse lugar de Jegar-Saduta[b], e Jacó chamou de Galeede[c]. 48 Labão disse:

—Este monte de pedras serve para nos ajudar a lembrar da aliança que fizemos.

Por isso Jacó deu o nome de Galeede a este lugar. 49 Depois disse:

—Que o SENHOR veja o que estamos fazendo durante o tempo que estivermos separados.

Por isso o lugar também foi chamado de Mispá[d]. 50 Depois Labão disse:

—Se você tratar mal as minhas filhas ou se você se casar com outras mulheres, mesmo que mais ninguém o esteja vendo, lembre-se que Deus é testemunha entre nós. 51 Aqui estão o monte de pedras e a pedra da aliança que coloquei entre nós. 52 Eles servem como testemunhas de que eu nunca passarei deste lado para seu lado para lhe fazer mal, e de que você nunca passará desse lado para o meu lado para me fazer mal. 53 Que o Deus de Abraão e o Deus de Naor sejam os nossos juízes, e também o Deus do pai deles.

Então Jacó fez a promessa em nome do Temor[e] do seu pai Isaque. 54 Então Jacó ofereceu um sacrifício na montanha e convidou os seus parentes para a refeição. Naquela noite comeram e dormiram no monte. 55 E de manhã cedo, Labão se levantou e foi se despedir das suas filhas e dos seus netos com um beijo e, depois de os abençoar, voltou para casa.

O encontro com Esaú

32 Jacó continuou a sua viagem e os anjos de Deus foram ao seu encontro. Quando Jacó viu os anjos, ele disse:

—Este é o exército de Deus!

Por isso chamou aquele lugar Maanaim[f].

Esaú, o irmão de Jacó, estava vivendo na região de Seir, que ficava nas montanhas de Edom. Jacó enviou mensageiros a Esaú e lhes disse:

—Digam isto ao meu senhor Esaú: “Eu, seu servo Jacó, tenho vivido com Labão todos estes anos. Tenho gado, jumentos, ovelhas, escravos e escravas. Meu senhor, mando esta mensagem para pedir que nos receba bem”.

Os mensageiros voltaram a Jacó e disseram:

—Fomos falar com o seu irmão Esaú. Ele vem ao seu encontro com quatrocentos homens.

Jacó ficou com muito medo e preocupado. Então dividiu as pessoas que estavam com ele, os rebanhos, o gado e os camelos em dois grupos. Pois pensou: “Se Esaú vier e atacar o primeiro grupo e o destruir, então o segundo grupo poderá escapar”.

E Jacó fez esta oração:

—Ó SENHOR, Deus do meu avô Abraão e Deus do meu pai Isaque, foi o Senhor que me disse: “Regresse ao seu país, ao lugar onde você nasceu, e tudo correrá bem”. 10 Não sou digno de todo o bem que me fez, nem da dedicação que tem me mostrado, a mim, ao seu servo. A primeira vez que atravessei o rio Jordão só levava o meu cajado, mas agora tenho tantas coisas que até posso formar dois grupos de pessoas e animais. 11 Por favor, salve-me do poder do meu irmão, Esaú. Tenho medo de que ele venha e nos mate a todos, inclusive as mulheres e as crianças. 12 Lembre-se de ter prometido: “Vou fazer com que tudo corra bem e que os seus descendentes sejam tão numerosos como a areia do mar. Eles serão tantos que ninguém os poderá contar”.

13 Jacó passou ali a noite. De manhã decidiu mandar um presente ao seu irmão Esaú. Escolheu do gado que ali tinha 14 duzentas cabras, vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte carneiros, 15 trinta camelas com os seus filhotes, quarenta vacas, dez bois, vinte burras e dez burros. 16 E entregou cada rebanho a um dos seus escravos. Depois lhes disse:

—Vão na minha frente e deixem um espaço entre cada um dos rebanhos.

17 E Jacó deu a seguinte ordem ao primeiro escravo:

—Quando se encontrar com o meu irmão Esaú e ele lhe perguntar: “A quem você pertence? Para onde você vai? De quem são os animais que leva com você?”, 18 então você responderá: “Pertencem ao seu servo Jacó, são um presente que ele lhe manda. Ele próprio vem atrás de mim”.

19 Depois deu a seguinte ordem ao segundo, ao terceiro e a todos os escravos que levavam os rebanhos:

—Digam também vocês a mesma coisa quando se encontrarem com Esaú. 20 Digam-lhe também: “O seu servo Jacó vem aí atrás de nós”.

Pois Jacó pensava: “Vou acalmar o meu irmão com os presentes que lhe mando. E assim serei bem recebido quando me encontrar com ele”. 21 Então Jacó enviou os presentes na sua frente e passou a noite ali no seu acampamento.

22 Naquela noite Jacó se levantou, levou as suas duas mulheres, as suas servas e os seus onze filhos e lhes disse para irem para o outro lado do rio Jaboque pela travessia. 23 Depois de tê-los feito atravessar o rio, fez também passar tudo o que possuía.

A luta com Deus

24 Jacó ficou sozinho. E veio um homem que lutou com ele até o amanhecer. 25 Quando o homem viu que não podia vencer Jacó, tocou na anca dele e deslocou a sua coxa.

26 Então o homem disse:

—Deixe-me ir embora, pois já está amanhecendo.

Mas Jacó respondeu:

—Não deixarei o senhor ir embora, se não me der a sua bênção.

27 O homem lhe perguntou:

—Como se chama?

E Jacó respondeu:

—Me chamo Jacó.

28 Então o homem disse:

—De agora em diante já não se chamará Jacó, o seu nome será Israel[g], pois você lutou contra Deus e contra homens e venceu.

29 Então Jacó lhe disse:

—Por favor, me diga o seu nome.

Mas o homem lhe perguntou:

—Por que quer saber o meu nome?

E nesse momento o homem abençoou Jacó.

30 Jacó chamou aquele lugar Penuel[h] e disse:

—Foi aqui que vi Deus face a face e consegui viver.

31 Jacó ia mancando quando passava por Penuel, ao nascer do sol. 32 (Ainda hoje o povo de Israel não come o nervo que faz a ligação da coxa, porque foi nesse nervo que Jacó foi ferido.)

Footnotes

  1. 31.42 Temor de Isaque Um dos nomes de Deus.
  2. 31.47 Jegar-Saduta Palavra aramaica que significa “Monte de Pedras do Testemunho”.
  3. 31.47 Galeede Palavra hebraica que significa “Monte de Pedras do Testemunho”.
  4. 31.49 Mispá Este nome significa “Torre de Vigia”.
  5. 31.53 Temor Um dos nomes de Deus. Ver Gn 31.42.
  6. 32.2 Maanaim Este nome significa “exércitos”.
  7. 32.28 Israel Pode significar: “O que luta com Deus” ou “Deus luta”.
  8. 32.30 Penuel ou “Peniel”. Este nome significa, “o rosto de Deus”.

19 Labão, o pai de Raquel, havia ido para outro lugar a fim de cortar a lã das suas ovelhas; e, enquanto ele estava fora, Raquel roubou as imagens dos deuses da casa dele. 20 Foi assim que Jacó, sem avisar que ia embora, enganou Labão, o arameu, 21 fugindo com tudo o que tinha. Atravessou o rio Eufrates e foi na direção da região montanhosa de Gileade.

Labão vai atrás de Jacó

22 Três dias depois Labão ficou sabendo que Jacó havia fugido. 23 Ele reuniu os seus parentes e foi atrás de Jacó. Sete dias depois, Labão alcançou Jacó na região montanhosa de Gileade. 24 Naquela noite Deus apareceu num sonho a Labão, o arameu, e disse:

— Cuidado! Não faça nada a Jacó.

25 Labão alcançou Jacó na região montanhosa de Gileade, onde ele estava acampado. E Labão e os seus parentes acamparam no mesmo lugar. 26 Aí Labão disse a Jacó:

— Por que foi que você me enganou, levando as minhas filhas como se fossem prisioneiras de guerra? 27 Por que você me enganou, fugindo desse jeito, sem me dizer nada? Se você tivesse falado comigo, eu teria preparado uma festa alegre de despedida, com canções acompanhadas de pandeiros e de liras. 28 Você nem me deixou beijar os meus netos e as minhas filhas. O que você fez foi coisa de gente sem juízo. 29 Eu poderia ter feito muito mal a vocês, mas na noite passada o Deus do seu pai me disse assim: “Cuidado! Não faça nada a Jacó.” 30 Eu sei que você foi embora porque tinha saudades de casa. Mas por que foi que você roubou as imagens dos deuses da minha casa?

31 Jacó respondeu:

— Eu fiquei com medo, pois pensei que o senhor ia me tirar as suas filhas à força. 32 Mas, se o senhor achar as suas imagens com alguém aqui, essa pessoa será morta. Os nossos parentes são testemunhas: se o senhor encontrar aqui qualquer coisa que seja sua, pode levar.

Acontece que Jacó não sabia que Raquel havia roubado as imagens.

33 Labão entrou na barraca de Jacó, depois na de Leia e depois na das duas escravas, porém não encontrou as suas imagens. Então foi para a barraca de Raquel. 34 Aí ele procurou em toda parte, porém não achou nada, pois Raquel havia posto as imagens numa sela de camelo e estava sentada em cima. 35 Ela disse ao pai:

— O senhor não fique zangado comigo por eu não me levantar, mas é que estou menstruada.

Foi assim que Labão procurou as suas imagens, sem as encontrar.

36 Aí Jacó ficou zangado. Ele disse a Labão:

— O que foi que eu fiz de errado? Qual foi a lei que eu quebrei para o senhor me perseguir com tanta raiva? 37 Agora que mexeu em todas as minhas coisas, será que encontrou alguns objetos que são seus? Pois ponha esses objetos aqui, na frente dos meus parentes e dos seus, para que eles julguem qual de nós dois está com a razão. 38 Durante os vinte anos que trabalhei para o senhor, as suas ovelhas e as suas cabras nunca tiveram abortos, e eu não comi um só carneiro do seu rebanho. 39 Nunca lhe trouxe os animais que as feras mataram, mas eu mesmo pagava o prejuízo. O senhor me cobrava qualquer animal que fosse roubado de dia ou de noite. 40 A minha vida era assim: de dia o calor me castigava, e de noite eu morria de frio. E quantas noites eu passei sem dormir! 41 Fiquei vinte anos na sua casa. Trabalhei catorze anos para conseguir as suas duas filhas e seis anos para conseguir os seus animais. E, ainda por cima, o senhor mudou o meu salário umas dez vezes. 42 Se o Deus dos meus antepassados — o Deus de Abraão, o Deus a quem Isaque temia — não tivesse estado comigo, o senhor teria me mandado embora com as mãos vazias. Mas Deus viu o meu sofrimento e o trabalho que tive e ontem à noite ele resolveu a questão.

Jacó e Labão fazem um trato

43 Labão respondeu a Jacó assim:

— Estas filhas são minhas, os netos são meus, estes animais são meus, e tudo o que você está vendo é meu. Agora, como não posso fazer nada para ficar com as minhas filhas e com os filhos que elas tiveram, 44 estou disposto a fazer um trato com você. Vamos fazer aqui um montão de pedras para que lembremos desse trato.

45 Então Jacó pegou uma pedra e a pôs de pé como se fosse um pilar. 46 Depois disse aos seus parentes que ajuntassem e amontoassem pedras. Eles fizeram um montão de pedras e depois tomaram uma refeição ali do lado dele. 47 Labão pôs naquele lugar o nome de Jegar-Saaduta, e Jacó o chamou de Galeede. 48 Depois Labão disse:

— Este montão de pedras servirá para que nós dois lembremos desse trato.

Foi por isso que aquele lugar recebeu o nome de Galeede. 49 E também teve o nome de Mispa porque Labão disse:

— Que o Senhor Deus fique nos vigiando quando estivermos separados um do outro! 50 Se você maltratar as minhas filhas ou se você casar com outras mulheres, mesmo que eu não saiba o que está acontecendo, lembre que Deus está nos vigiando. 51 Aqui estão as pedras e o pilar que coloquei entre nós dois. 52 O montão de pedras e o pilar são para lembrarmos desse trato. Eu nunca passarei para lá deste pilar para atacá-lo, e você não passará para cá deste montão de pedras e deste pilar para me atacar. 53 O Deus de Abraão e o Deus de Naor será juiz entre nós.

Então Jacó fez um juramento em nome do Deus a quem Isaque, o seu pai, temia. 54 Ele ofereceu um animal em sacrifício ali na montanha e convidou os seus parentes para uma refeição. Naquela noite eles comeram e dormiram ali na montanha.

55 Na manhã seguinte Labão se levantou bem cedo, beijou as suas filhas e os seus netos e os abençoou. E depois foi embora, voltando para a sua terra.

Jacó faz planos para o encontro com Esaú

32 Jacó estava continuando a sua viagem quando alguns anjos de Deus foram encontrar-se com ele. Quando Jacó os viu, disse:

— Este é o acampamento de Deus.

Por isso pôs naquele lugar o nome de Maanaim.

Jacó mandou mensageiros para a região de Seir, também chamada de Edom, a fim de se encontrarem com Esaú e lhe darem esta mensagem: “Eu, Jacó, estou às suas ordens para servi-lo. Durante todo esse tempo morei com Labão. Tenho gado, jumentos, ovelhas, cabras, escravos e escravas. Estou mandando este recado ao senhor, esperando ser bem-recebido.”

Os mensageiros voltaram e disseram:

— Estivemos com Esaú, o seu irmão. Ele já vem vindo para se encontrar com o senhor. E vem com quatrocentos homens.

Quando Jacó ouviu isso, teve muito medo e ficou preocupado. Então dividiu em dois grupos a gente que estava com ele e também as ovelhas, as cabras, o gado e os camelos. Ele pensou que, se Esaú viesse e atacasse um grupo, o outro poderia escapar.

Depois Jacó fez esta oração:

— Ouve-me, ó Senhor, Deus do meu avô Abraão e de Isaque, o meu pai! Tu me mandaste voltar para a minha terra e para os meus parentes, prometendo que tudo correria bem para mim. 10 Eu, teu servo, não mereço toda a bondade e fidelidade com que me tens tratado. Quando atravessei o rio Jordão, eu tinha apenas um bastão e agora estou voltando com estes dois grupos de pessoas e animais. 11 Ó Senhor, eu te peço que me salves do meu irmão Esaú. Tenho medo de que ele venha e me mate e também as mulheres e as crianças. 12 Lembra que prometeste que tudo me correria bem e que os meus descendentes seriam como a areia da praia, tantos que ninguém poderia contar.

13 Naquela noite Jacó dormiu ali. Depois ele escolheu alguns dos seus animais para dar de presente a Esaú. 14 Escolheu duzentas cabras e vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte carneiros, 15 trinta camelas com as suas crias, que ainda mamavam, quarenta vacas e dez touros, e vinte jumentas e dez jumentos. 16 Jacó dividiu esses animais em grupos e pôs um empregado para tomar conta de cada grupo. E deu esta ordem:

— Vocês vão na frente, deixando um espaço entre os grupos.

17 Jacó disse ao primeiro empregado:

— Quando o meu irmão Esaú se encontrar com você, ele vai perguntar: “Quem é o seu patrão? Aonde você vai? E de quem são esses animais que você vai levando?” 18 Então responda assim: “Estes animais são do seu criado Jacó. São um presente que ele está enviando ao seu patrão Esaú. E ele também vem vindo aí atrás.”

19 Também ao segundo, e ao terceiro, e a todos os outros que tomavam conta dos grupos, Jacó disse:

— Quando vocês se encontrarem com Esaú, digam a mesma coisa. 20 E não esqueçam de dizer isto: “O seu criado Jacó vem vindo aí atrás.”

É que Jacó estava pensando assim: “Vou acalmar Esaú com os presentes que irão na minha frente. E, quando nos encontrarmos, talvez ele me perdoe.” 21 Desse modo Jacó mandou os presentes na frente e passou aquela noite no acampamento.

A luta de Jacó em Peniel

22 Naquela mesma noite Jacó se levantou e atravessou o rio Jaboque, levando consigo as suas duas mulheres, as suas duas concubinas e os seus onze filhos. 23 Depois que as pessoas passaram, Jacó fez com que também passasse tudo o que era seu; 24 mas ele ficou para trás, sozinho.

Aí veio um homem que lutou com ele até o dia amanhecer. 25 Quando o homem viu que não podia vencer, deu um golpe na junta da coxa de Jacó, de modo que ela ficou fora do lugar. 26 Então o homem disse:

— Solte-me, pois já está amanhecendo.

— Não solto enquanto o senhor não me abençoar — respondeu Jacó.

27 Aí o homem perguntou:

— Como você se chama?

— Jacó — respondeu ele.

28 Então o homem disse:

— O seu nome não será mais Jacó. Você lutou com Deus e com os homens e venceu; por isso o seu nome será Israel.

29 — Agora diga-me o seu nome — pediu Jacó.

O homem respondeu:

— Por que você quer saber o meu nome?

E ali ele abençoou Jacó.

30 Então Jacó disse:

— Eu vi Deus face a face, mas ainda estou vivo.

Por isso ele pôs naquele lugar o nome de Peniel. 31 O sol nasceu quando Jacó estava saindo de Peniel, e ele ia mancando por causa do golpe que havia levado na coxa. 32 Até hoje os descendentes de Israel não comem o músculo que fica na junta da coxa, pois foi nessa parte do corpo que ele recebeu o golpe.