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Abraão é provado

22 Mais tarde, Deus quis provar a fé e a obediência de Abraão. “Abraão!”, chamou Deus. “Aqui estou!”

“Pega no teu filho, Isaque, o teu único filho, a quem tanto amas, vai à terra de Moriá e oferece-o lá em holocausto, num dos montes que te hei de indicar.”

No dia seguinte, de manhã cedo, preparou o seu jumento para a viagem, assim como a lenha necessária para o holocausto e, na companhia do seu filho Isaque e de mais dois moços, seus criados, partiu para onde Deus lhe tinha dito. Ao terceiro dia de viagem Abraão viu de longe o lugar para onde se dirigia; e disse aos moços que iam com ele: “Fiquem aqui com o animal, porque eu e o meu rapaz vamos até ali para adorar, e logo regressaremos.”

Abraão pôs a lenha do holocausto às costas de Isaque, acendeu o fogo, pegou no cutelo e prosseguiram juntos.

“Pai”, disse Isaque. “Temos lenha, temos lume para o fogo, mas onde está o cordeiro para o holocausto?”

“Deus proverá um cordeiro, meu filho.” E continuaram juntos o caminho.

Quando chegaram ao local de que Deus lhe tinha falado, Abraão construiu um altar; colocou a lenha em ordem, amarrou Isaque, deitou-o no altar em cima da lenha, 10 e pegou no cutelo a fim de sacrificar o seu filho. 11 Nesse preciso momento o anjo do Senhor gritou-lhe, desde o céu: “Abraão! Abraão!” Ele respondeu: “Aqui estou!”

12 “Baixa a tua mão, não lhe faças mal algum. Porque já sei agora que temes a Deus, a ponto de não me recusares nem sequer o teu único e querido filho!”

13 Logo a seguir Abraão reparou num carneiro que estava por detrás deles, preso pelos chifres a um arbusto. Pegou então no animal e sacrificou-o como holocausto em lugar do filho. 14 Por isso, Abraão deu àquele lugar o nome de O Senhor Proverá[a]. E ainda hoje existe entre o povo um ditado que diz: “Lá na montanha, o Senhor proverá o necessário!”

15 Então o anjo do Senhor chamou de novo Abraão, do céu, 16 e disse-lhe: “Eu, o Senhor, juro por mim mesmo que por teres feito o que fizeste, por me teres obedecido, sem sequer me recusares até o teu próprio filho querido, 17 te abençoarei efetivamente, e que terás uma descendência abundantíssima, que serão milhões sem conta, tal como as estrelas do céu, como os grãos da areia das praias; além de que virão a ser vitoriosos sobre os seus inimigos. 18 Na tua descendência todas as nações da Terra serão abençoadas. Tudo isto por me teres obedecido.”

19 Abraão voltou para junto dos criados, que estavam à sua espera, e regressaram todos a casa, a Berseba.

Os filhos de Naor

20 Depois destas coisas, vieram anunciar a Abraão que Milca, a mulher do seu irmão Naor, teve filhos:

21 Uz, o mais velho, Buz, Quemuel, pai de Aram,

22 Quesede, Hazo, Pildas, Jidlafe e Betuel,

23 pai de Rebeca.

Foram estes os oito filhos que Naor teve de Milca.

24 Teve ainda mais quatro filhos da sua concubina Reuma:

Teba, Gaão, Taás e Maacá.

A morte de Sara

23 Quando Sara tinha 127 anos, morreu em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã. Abraão foi chorar a morte dela. E ali mesmo, ao lado do corpo de Sara, pôs-se de pé e disse aos homens de Hete. “Como sou estrangeiro aqui nesta terra, não tenho um sítio onde sepultar a minha mulher. Vendam-me um pedaço de terra para sepultá-la.”

Responderam-lhe: “Tu, no nosso meio, és como um príncipe de Deus. Para nós será um privilégio que escolhas nesta terra a melhor das sepulturas, para colocares a tua falecida mulher.”

Abraão inclinou-se profundamente e disse: “Se é essa a vossa vontade, peçam a Efrom, o filho de Zoar, que me venda a gruta de Macpela que está na extremidade do seu campo. Pagar-lhe-ei o devido preço por ela.”

10 Efrom estava sentado ali, no meio da gente de Hete. Por isso, levantou-se e, publicamente, diante de todos os habitantes da terra e de todos os que passavam pela cidade, disse: 11 “Ouve-me, eu dou-te não só a gruta, mas até o campo todo, sem teres nada a pagar. Diante dos meus concidadãos afirmo que o dou sem te pedir preço algum. Podes ir sepultar a tua mulher.”

12 Abraão tornou a inclinar-se diante de todos 13 e respondeu a Efrom, enquanto os outros o ouviam atentamente: “Não, deixa-me que to compre. Dou-te pelo campo o preço que combinarmos e só então enterrarei a minha mulher.”

14-15 “Pois bem. A terra vale 4,5 quilos de prata; mas para dois amigos como nós isso não interessa. Vai sem preocupação enterrar o teu morto.”

16 No entanto, Abraão fez questão de lhe pagar o preço que ele tinha sugerido; e pagou-lhe os 4,5 quilos de prata, conforme o peso corrente entre os mercadores, tal como tinha sido combinado publicamente.

17 Por esse preço Abraão adquiriu o campo de Efrom, em Macpela perto de Mamre, e a gruta na extremidade da propriedade, e todas as árvores plantadas no campo. 18 Tornou-se pois dono desse terreno por acordo mútuo, diante de todos os cidadãos de Hete, na praça pública da povoação. 19 Abraão enterrou ali Sara, na gruta do campo de Macpela, perto de Hebrom, na terra de Canaã, 20 conforme o acordo feito com o povo de Hete.

Isaque e Rebeca

24 Abraão era agora já muito idoso e o Senhor o tinha abençoado em tudo. Um dia, mandou chamar o encarregado da administração da sua casa que era quem há mais tempo trabalhava para ele.

“Põe a tua mão debaixo de mim e jura-me solenemente pelo Senhor, o Deus do céu e da Terra, que não deixarás que o meu filho se case com uma das raparigas desta terra em que habito, mas que irás à minha terra de origem e lá procurarás uma mulher para ele entre os meus parentes.”

“Supõe que eu não consigo encontrar uma moça que esteja disposta a vir de tão longe? Deverei, se assim acontecer, fazer voltar o teu filho para lá, para viver com os seus familiares?”

“Não! Nunca faças tal coisa! Porque o Senhor, o Deus dos céus, disse-me que deixasse essa terra e o meu povo, e prometeu que me daria esta terra, a mim e aos meus descendentes. Ele enviará o seu anjo à tua frente e fará que encontres ali uma rapariga para mulher do meu filho. Se ela não quiser vir, ficarás livre deste juramento. Mas em caso nenhum farás com que o meu filho volte para lá.”

Então o mordomo, administrador da fazenda de Abraão, colocou a mão debaixo da coxa de Abraão, para significar solenemente que seguiria à risca todas as suas instruções. 10 Preparou dez dos camelos do seu patrão, carregou-os com amostras do que de melhor havia na casa de Abraão, porque tudo estava nas suas mãos, e partiu para a Mesopotâmia, para a localidade em que vivia Naor. 11 Quando ali chegou fez ajoelhar os camelos fora da cidade, junto de uma fonte. Era o final da tarde, altura em que as moças da povoação vinham tirar água.

12 “Ó Senhor, tu que és o Deus do meu patrão Abraão”, orou ele, “mostra agora a tua bondade para com ele, ajudando-me a alcançar o objetivo para o qual aqui venho. 13 Como vês, eu estou aqui ao pé desta fonte, enquanto as raparigas da localidade vêm buscar água. 14 O pedido que te faço é que quando pedir a uma delas que me dê de beber, se ela disser, ‘Sim, com certeza; e posso até tirar também água para os teus camelos!’, que seja essa a que tu designaste como mulher de Isaque. Assim, ficarei a saber que estás a agir com bondade para com Abraão.”

15-16 Enquanto estava a orar sobre isto, chegou-se uma rapariga muito formosa chamada Rebeca, filha de Betuel, com o seu cântaro de água sobre o ombro. Betuel era filho de Milca e de Naor, irmão de Abraão. 17 Ele apressou-se a ir ao seu encontro e pediu que lhe desse a beber um pouco de água do seu cântaro.

18 “Sim, certamente!”, e logo baixou a vasilha para que bebesse. 19 Quando acabou de beber acrescentou: “Vou também tirar água para os teus camelos, tanta quanto precisarem.”

20 Vazou o resto da água da bilha na pia da fonte, e correu de novo ao poço, começando a puxar a água para eles, até que ficassem saciados. 21 O mordomo entretanto não disse mais nada; limitava-se a observá-la, por um lado admirado, por outro cuidadoso em verificar se ela ia até ao fim da sua ação, de forma a não ficar com dúvida sobre se era ou não a indicada pelo Senhor.

22 Por fim, quando os camelos acabaram de beber, ofereceu-lhe uns brincos de 6 gramas de ouro e duas pulseiras de 115 gramas de ouro.

23 “De quem és tu filha?”, perguntou-lhe. “Haverá na casa do teu pai lugar para descansarmos?”

24 “Meu pai é Betuel, filho de Milca e de Naor. 25 Sim. Temos lugar para ficares, assim como palha e comida em abundância para os animais.”

26 O homem ficou ali um momento de pé, com a cabeça inclinada, adorando o Senhor. 27 Depois disse em voz alta: “Eu te agradeço, Senhor, Deus do meu patrão Abraão! Porque continuas a ser bondoso e fiel no cumprimento das tuas promessas para com ele! E a mim, conduziste-me precisamente à família dos parentes do meu patrão!”

28 A rapariga correu a casa para contar tudo à mãe e à família. 29-30 Quando o seu irmão Labão lhe viu os brincos e as pulseiras nas mãos, e ao ouvir o relato que ela fez do encontro que tinha tido, correu por sua vez à fonte onde o homem ainda estava junto aos camelos, 31 e disse-lhe: “Vem, fica connosco, amigo; o Senhor está certamente contigo. Porque havias de ficar aqui quando temos um quarto pronto para te receber e lugar para recolher os camelos?”

32 Assim, foi para casa com Labão. Desataram os camelos, puseram palha para que se deitassem, e forneceram água para o homem e os camelos lavarem os pés.

33 E depois prepararam-se para jantar. Mas o administrador de Abraão disse: “Eu não queria começar a comer sem vos dizer a razão por que vim até aqui.”

“Pois sim”, respondeu-lhe Labão. “Diz o que tens a dizer.”

34 “Eu sou o administrador da casa de Abraão”, explicou. 35 “O Senhor tem enriquecido o meu patrão com toda a espécie de coisas boas, de tal forma que se tornou um grande senhor na terra em que vive. Deus tem-lhe dado rebanhos de ovelhas, manadas de vacas, uma fortuna em prata e ouro, muita gente ao seu serviço, e ainda camelos e jumentos. 36 Sara, a mulher do meu patrão, deu-lhe um filho, quando já estava numa idade avançada, e o moço agora vai herdar tudo quanto o pai tem. 37 Ora o meu patrão fez-me prometer solenemente que não deixaria que Isaque casasse com uma cananita, com uma das raparigas da terra em que habitamos, 38 mas que viria buscar aqui a esta terra distante, a terra dos seus parentes, à família do seu irmão, uma moça com quem seu filho casasse.

39 ‘Mas supondo que não encontro uma rapariga que queira vir comigo?’, perguntei-lhe. 40 ‘Há de querer com certeza! Porque o Senhor, em cuja presença sempre tenho andado, enviará o seu anjo contigo para que sejas bem sucedido na tua missão. Sim, procura uma moça entre os meus parentes na família do meu irmão. 41 Fizeste um juramento. Contudo, se eles não quiserem mandar alguém, então ficarás livre da promessa solene que fizeste.’

42 Pois bem. Esta tarde quando me aproximava da fonte à entrada da localidade, fiz esta oração: ‘Ó Senhor, Deus do meu patrão Abraão, se tens a intenção de me fazer bem sucedido nesta missão, peço-te que me guies da seguinte maneira: 43 Eu fico aqui junto da fonte, e direi a uma das raparigas que vier buscar água: “Dá-me a beber um pouco de água do teu cântaro.” 44 Se ela responder: “Com certeza! E até poderei tirar também água para os teus camelos!”, então por essa resposta verei que é essa rapariga que tu escolheste para casar com o filho do meu patrão!’

45 Pois ainda estava eu a dizer a Deus estas palavras quando Rebeca se aproximou com o cântaro de água sobre o ombro. Desceu à fonte, tirou água, encheu a vasilha e eu disse-lhe: ‘Por favor, dá-me de beber!’ 46 Imediatamente baixou o cântaro e eu bebi. Depois acrescentou: ‘Não só te dou a beber a ti como também poderei tirar água para os teus camelos!’ E assim fez.

47 Nessa altura, perguntei-lhe: ‘Quem é a tua família?’ Respondeu: ‘Sou filha de Betuel, filho de Naor e de Milca.’ E dei-lhe os brincos e as pulseiras. 48 Então inclinei a cabeça e adorei e louvei o Senhor, o Deus do meu patrão Abraão, por me ter conduzido pelo caminho exato de forma a encontrar a sobrinha do meu patrão para vir a ser a esposa do seu filho. 49 Sendo assim, digam-me se querem ou não fazer este bem ao meu patrão, o que é, aliás, uma coisa justa. Conforme a vossa resposta, saberei o que fazer a seguir, se devo ou não ir a outro sítio.”

50 Então Labão e Betuel responderam: “Sem dúvida alguma que foi o Senhor que te conduziu até aqui. 51 Por isso, que queres tu que digamos mais? Pega na moça e parte! Que ela case com o filho do teu patrão, conforme o Senhor planeou.”

52 Perante esta resposta, o mordomo de Abraão caiu de joelhos perante o Senhor. 53 Depois foi buscar várias joias em prata e ouro, assim como belas e ricas peças de vestuário para dar a Rebeca. E também à mãe e ao irmão ofereceu valiosos presentes.

54 Só então se sentaram para jantar e o mordomo de Abraão com aqueles que o acompanhavam passaram ali a noite. Logo pela manhã do dia seguinte, levantou-se e disse aos da casa: “Deixem-me regressar, para prestar contas ao meu patrão!”

55 “Mas nós queríamos que a pequena ficasse aqui connosco ainda uns dias, pelo menos uns dez! Depois sim, partiria contigo!”

56 Contudo, ele insistiu: “Não retenham o meu regresso! O Senhor fez com que a minha missão fosse bem sucedida. Por isso, deixem-me ir dar já conta de tudo ao meu patrão.”

57 “Bom, então chamemos a moça para saber o que ela pensa.” 58 Chamaram Rebeca: “Queres partir agora com este homem?”

“Sim, quero!”

59 Fizeram a despedida de Rebeca e mandaram com ela a sua ama. 60 E abençoaram-na desta forma: “Ó nossa irmã, que tu te tornes mãe de muitos milhões de pessoas! E que os teus descendentes sejam vitoriosos sobre os seus inimigos!”

61 Por fim, Rebeca e as suas criadas subiram para os camelos e partiram.

62 Entretanto, Isaque, que morava para os lados do sul, do Negueve, tinha regressado ao Poço de Laai-Roi. 63 Tinha saído ao entardecer a dar uma volta no campo e orar e reparou nos camelos que se aproximavam. 64 Por sua vez, Rebeca também viu Isaque que se aproximava e desmontou depressa do camelo em que vinha.

65 “Quem é aquele homem que vem ali pelos campos em nossa direção?”, perguntou ao mordomo. “É o meu patrão.” Então cobriu o rosto com um véu.

66 O mordomo contou a Isaque tudo o que acontecera. 67 Isaque trouxe Rebeca para a tenda da sua mãe e ela tornou-se sua mulher. E amou-a muito. Ela foi para ele um conforto muito especial, após a morte de sua mãe, Sara.

Footnotes

  1. 22.14 No hebraico, é um nome composto de Deus, Jahwe-Jireh.

Deus manda Abraão matar seu filho Isaque

22 E aconteceu, depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi. Então, se levantou Abraão pela manhã, de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e fendeu lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera. Ao terceiro dia, levantou Abraão os seus olhos e viu o lugar de longe. E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e, havendo adorado, tornaremos a vós. E tomou Abraão a lenha do holocausto e pô-la sobre Isaque, seu filho; e ele tomou o fogo e o cutelo na sua mão. E foram ambos juntos. Então, falou Isaque a Abraão, seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim, caminharam ambos juntos.

E vieram ao lugar que Deus lhes dissera, e edificou Abraão ali um altar, e pôs em ordem a lenha, e amarrou a Isaque, seu filho, e deitou-o sobre o altar em cima da lenha. 10 E estendeu Abraão a sua mão e tomou o cutelo para imolar o seu filho. 11 Mas o Anjo do Senhor lhe bradou desde os céus e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. 12 Então, disse: Não estendas a tua mão sobre o moço e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus e não me negaste o teu filho, o teu único. 13 Então, levantou Abraão os seus olhos e olhou, e eis um carneiro detrás dele, travado pelas suas pontas num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho. 14 E chamou Abraão o nome daquele lugar o Senhor proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.

15 Então, o Anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus 16 e disse: Por mim mesmo, jurei, diz o Senhor, porquanto fizeste esta ação e não me negaste o teu filho, o teu único, 17 que deveras te abençoarei e grandissimamente multiplicarei a tua semente como as estrelas dos céus e como a areia que está na praia do mar; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos. 18 E em tua semente serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz. 19 Então, Abraão tornou aos seus moços, e levantaram-se e foram juntos para Berseba; e Abraão habitou em Berseba.

20 E sucedeu, depois destas coisas, que anunciaram a Abraão, dizendo: Eis que também Milca deu filhos a Naor, teu irmão: 21 Uz, o seu primogênito, e Buz, seu irmão, e Quemuel, pai de Arã, 22 e Quésede, e Hazo, e Pildas, e Jidlafe, e Betuel. 23 E Betuel gerou Rebeca. Estes oito deu Milca a Naor, irmão de Abraão. 24 E a sua concubina, cujo nome era Reumá, lhe deu também Teba, e Gaã, e Taás, e Maaca.

A morte de Sara

23 E foi a vida de Sara cento e vinte e sete anos; estes foram os anos da vida de Sara. E morreu Sara em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã; e veio Abraão lamentar a Sara e chorar por ela. Depois, se levantou Abraão de diante do seu morto e falou aos filhos de Hete, dizendo: Estrangeiro e peregrino sou entre vós; dai-me possessão de sepultura convosco, para que eu sepulte o meu morto de diante da minha face. E responderam os filhos de Hete a Abraão, dizendo-lhe: Ouve-nos, meu senhor: príncipe de Deus és no meio de nós; enterra o teu morto na mais escolhida de nossas sepulturas; nenhum de nós te vedará a sua sepultura, para enterrares o teu morto. Então, se levantou Abraão e inclinou-se diante do povo da terra, diante dos filhos de Hete. E falou com eles, dizendo: Se é de vossa vontade que eu sepulte o meu morto de diante de minha face, ouvi-me e falai por mim a Efrom, filho de Zoar. Que ele me dê a cova de Macpela, que tem no fim do seu campo; que ma dê pelo devido preço em posse de sepulcro no meio de vós. 10 Ora, Efrom estava no meio dos filhos de Hete; e respondeu Efrom, heteu, a Abraão, aos ouvidos dos filhos de Hete, de todos os que entravam pela porta da sua cidade, dizendo: 11 Não, meu senhor; ouve-me: o campo te dou, também te dou a cova que nele está; diante dos olhos dos filhos do meu povo ta dou; sepulta o teu morto. 12 Então, Abraão se inclinou diante da face do povo da terra 13 e falou a Efrom, aos ouvidos do povo da terra, dizendo: Mas, se tu estás por isto, ouve-me, peço-te: o preço do campo o darei; toma-o de mim, e sepultarei ali o meu morto. 14 E respondeu Efrom a Abraão, dizendo-lhe: 15 Meu senhor, ouve-me: a terra é de quatrocentos siclos de prata; que é isto entre mim e ti? Sepulta o teu morto. 16 E Abraão deu ouvidos a Efrom e Abraão pesou a Efrom a prata de que tinha falado aos ouvidos dos filhos de Hete, quatrocentos siclos de prata, correntes entre mercadores.

17 Assim, o campo de Efrom, que estava em Macpela, em frente de Manre, o campo e a cova que nele estava, e todo o arvoredo que no campo havia, que estava em todo o seu contorno ao redor, 18 se confirmaram a Abraão em possessão diante dos olhos dos filhos de Hete, de todos os que entravam pela porta da sua cidade. 19 E, depois, sepultou Abraão a Sara, sua mulher, na cova do campo de Macpela, em frente de Manre, que é Hebrom, na terra de Canaã. 20 Assim, o campo e a cova que nele estava se confirmaram a Abraão, em possessão de sepultura pelos filhos de Hete.

Abraão manda seu servo buscar uma mulher para Isaque

24 E era Abraão já velho e adiantado em idade, e o Senhor havia abençoado a Abraão em tudo. E disse Abraão ao seu servo, o mais velho da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe agora a tua mão debaixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo Senhor, Deus dos céus e Deus da terra, que não tomarás para meu filho mulher das filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito, mas que irás à minha terra e à minha parentela e daí tomarás mulher para meu filho Isaque. E disse-lhe o servo: Porventura não quererá seguir-me a mulher a esta terra. Farei, pois, tornar o teu filho à terra de onde saíste? E Abraão lhe disse: Guarda-te, que não faças lá tornar o meu filho. O Senhor, Deus dos céus, que me tomou da casa de meu pai e da terra da minha parentela, e que me falou, e que me jurou, dizendo: À tua semente darei esta terra, ele enviará o seu Anjo adiante da tua face, para que tomes mulher de lá para meu filho. Se a mulher, porém, não quiser seguir-te, serás livre deste meu juramento; somente não faças lá tornar a meu filho. Então, pôs o servo a sua mão debaixo da coxa de Abraão, seu senhor, e jurou-lhe sobre este negócio.

10 E o servo tomou dez camelos, dos camelos do seu senhor, e partiu, pois que toda a fazenda de seu senhor estava em sua mão; e levantou-se e partiu para a Mesopotâmia, para a cidade de Naor. 11 E fez ajoelhar os camelos fora da cidade, junto a um poço de água, pela tarde, ao tempo em que as moças saíam a tirar água. 12 E disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão, dá-me, hoje, bom encontro e faze beneficência ao meu senhor Abraão! 13 Eis que eu estou em pé junto à fonte de água, e as filhas dos varões desta cidade saem para tirar água; 14 Seja, pois, que a donzela a quem eu disser: abaixa agora o teu cântaro para que eu beba; e ela disser: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos, esta seja a quem designaste ao teu servo Isaque; e que eu conheça nisso que fizeste beneficência a meu senhor.

O encontro de Rebeca

15 E sucedeu que, antes que ele acabasse de falar, eis que Rebeca, que havia nascido a Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, saía com o seu cântaro sobre o seu ombro. 16 E a donzela era mui formosa à vista, virgem, a quem varão não havia conhecido; e desceu à fonte, e encheu o seu cântaro, e subiu. 17 Então, o servo correu-lhe ao encontro e disse: Ora, deixa-me beber um pouco de água do teu cântaro. 18 E ela disse: Bebe, meu senhor. E apressou-se, e abaixou o seu cântaro sobre a sua mão, e deu-lhe de beber. 19 E, acabando ela de lhe dar de beber, disse: Tirarei também água para os teus camelos, até que acabem de beber. 20 E apressou-se, e vazou o seu cântaro na pia, e correu outra vez ao poço para tirar água, e tirou para todos os seus camelos. 21 E o varão estava admirado de vê-la, calando-se, para saber se o Senhor havia prosperado a sua jornada ou não.

22 E aconteceu que, acabando os camelos de beber, tomou o varão um pendente de ouro de meio siclo de peso e duas pulseiras para as suas mãos, do peso de dez siclos de ouro, 23 e disse: De quem és filha? Faze-mo saber, peço-te; há também em casa de teu pai lugar para nós pousarmos? 24 E ela disse: Eu sou filha de Betuel, filho de Milca, o qual ela deu a Naor. 25 Disse-lhe mais: Também temos palha, e muito pasto, e lugar para passar a noite. 26 Então, inclinou-se aquele varão, e adorou ao Senhor, 27 e disse: Bendito seja o Senhor, Deus de meu senhor Abraão, que não retirou a sua beneficência e a sua verdade de meu senhor; quanto a mim, o Senhor me guiou no caminho à casa dos irmãos de meu senhor.

28 E a donzela correu e fez saber estas coisas na casa de sua mãe. 29 E Rebeca tinha um irmão cujo nome era Labão; e Labão correu ao encontro daquele varão à fonte. 30 E aconteceu que, quando ele viu o pendente e as pulseiras sobre as mãos de sua irmã e quando ouviu as palavras de sua irmã Rebeca, que dizia: Assim me falou aquele varão, veio ao varão, e eis que estava em pé junto aos camelos, junto à fonte. 31 E disse: Entra, bendito do Senhor, por que estarás fora? Pois eu já preparei a casa e o lugar para os camelos. 32 Então, veio aquele varão à casa, e desataram os camelos e deram palha e pasto aos camelos e água para lavar os pés dele e os pés dos varões que estavam com ele. 33 Depois, puseram de comer diante dele. Ele, porém, disse: Não comerei, até que tenha dito as minhas palavras. E ele disse: Fala. 34 Então, disse: Eu sou o servo de Abraão. 35 O Senhor abençoou muito o meu senhor, de maneira que foi engrandecido; e deu-lhe ovelhas e vacas, e prata e ouro, e servos e servas, e camelos e jumentos. 36 E Sara, a mulher do meu senhor, gerou um filho a meu senhor depois da sua velhice; e ele deu-lhe tudo quanto tem. 37 E meu senhor me fez jurar, dizendo: Não tomarás mulher para meu filho das filhas dos cananeus, em cuja terra habito; 38 irás, porém, à casa de meu pai e à minha família e tomarás mulher para meu filho. 39 Então, disse eu ao meu senhor: Porventura não me seguirá a mulher. 40 E ele me disse: O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o seu Anjo contigo e prosperará o teu caminho, para que tomes mulher para meu filho da minha família e da casa de meu pai. 41 Então, serás livre do meu juramento, quando fores à minha família; e, se não ta derem, livre serás do meu juramento.

42 E hoje cheguei à fonte e disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão, se tu, agora, prosperas o meu caminho, no qual eu ando, 43 eis que estou junto à fonte de água; seja, pois, que a donzela que sair para tirar água e à qual eu disser: Ora, dá-me um pouco de água do teu cântaro, 44 e ela me disser: Bebe tu também e também tirarei água para os teus camelos, esta seja a mulher que o Senhor designou ao filho de meu senhor.

45 E, antes que eu acabasse de falar no meu coração, eis que Rebeca saía com seu cântaro sobre o seu ombro, e desceu à fonte, e tirou água; e eu lhe disse: Ora, dá-me de beber. 46 E ela se apressou, e abaixou o seu cântaro de sobre si, e disse: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos; e bebi, e ela deu também de beber aos camelos. 47 Então, lhe perguntei e disse: De quem és filha? E ela disse: Filha de Betuel, filho de Naor, que lhe gerou Milca. Então, eu pus o pendente no seu rosto e as pulseiras sobre as suas mãos. 48 E, inclinando-me, adorei ao Senhor e bendisse ao Senhor, Deus do meu senhor Abraão, que me havia encaminhado pelo caminho da verdade, para tomar a filha do irmão de meu senhor para seu filho. 49 Agora, pois, se vós haveis de mostrar beneficência e verdade a meu senhor, fazei-mo saber; e, se não, também mo fazei saber, para que eu olhe à mão direita ou à esquerda.

50 Então, responderam Labão e Betuel e disseram: Do Senhor procedeu este negócio; não podemos falar-te mal ou bem. 51 Eis que Rebeca está diante da tua face; toma-a e vai-te; seja a mulher do filho de teu senhor, como tem dito o Senhor.

52 E aconteceu que o servo de Abraão, ouvindo as suas palavras, inclinou-se à terra diante do Senhor; 53 e tirou o servo vasos de prata, e vasos de ouro, e vestes e deu-os a Rebeca; também deu coisas preciosas a seu irmão e a sua mãe. 54 Então, comeram, e beberam, ele e os varões que com ele estavam, e passaram a noite. E levantaram-se pela manhã, e disse: Deixai-me ir a meu senhor. 55 Então, disseram seu irmão e sua mãe: Fique a donzela conosco alguns dias ou pelo menos dez dias; e depois irá. 56 Ele, porém, lhes disse: Não me detenhais, pois o Senhor tem prosperado o meu caminho; deixai-me partir, para que eu volte a meu senhor. 57 E disseram: Chamemos a donzela e perguntemos-lho.

Rebeca consente em casar com Isaque

58 E chamaram Rebeca e disseram-lhe: Irás tu com este varão? Ela respondeu: Irei. 59 Então, despediram Rebeca, sua irmã, e a sua ama, e o servo de Abraão, e os seus varões. 60 E abençoaram Rebeca e disseram-lhe: Ó nossa irmã, sejas tu em milhares de milhares, e que a tua semente possua a porta de seus aborrecedores! 61 E Rebeca se levantou com as suas moças, e subiram sobre os camelos e seguiram o varão; e tomou aquele servo a Rebeca e partiu.

62 Ora, Isaque vinha do caminho do poço de Laai-Roi, porque habitava na terra do Sul. 63 E Isaque saíra a orar no campo, sobre a tarde; e levantou os olhos, e olhou e eis que os camelos vinham. 64 Rebeca também levantou os olhos, e viu a Isaque, e lançou-se do camelo, 65 e disse ao servo: Quem é aquele varão que vem pelo campo ao nosso encontro? E o servo disse: Este é meu senhor. Então, tomou ela o véu e cobriu-se. 66 E o servo contou a Isaque todas as coisas que fizera. 67 E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe, Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim, Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe.

Deus prova a fé de Abraão

22 Algum tempo depois Deus pôs à prova a fé de Abraão, chamando-o:

—Abraão!

E ele respondeu:

—Estou aqui!

E Deus lhe disse:

—Leve com você o seu filho, o seu único filho, o seu filho amado, Isaque, e vá para a região de Moriá. Quando chegar lá, ofereça-o como sacrifício queimado num dos montes que eu lhe indicar.

Na manhã seguinte Abraão levantou-se cedo e preparou o seu jumento. Depois de cortar a lenha para o sacrifício, partiu para o lugar que Deus tinha lhe indicado, levando com ele dois dos seus servos e Isaque. No terceiro dia, Abraão viu de longe o lugar para onde iam. E Abraão disse aos seus servos:

—Fiquem aqui com o jumento. Eu e o meu filho vamos um pouco mais adiante para adorar a Deus. Depois disso, voltaremos aqui.

Abraão então pegou na lenha que tinha para o sacrifício e a colocou nos ombros do seu filho Isaque. Ele mesmo levava o fogo e a faca, e os dois foram caminhando juntos. Enquanto caminhavam, Isaque disse ao seu pai Abraão:

—Pai!

Abraão respondeu:

—Sim, meu filho.

Isaque perguntou:

—Temos aqui a lenha e o fogo, mas onde está o cordeiro que vamos sacrificar?

Abraão respondeu:

—É o próprio Deus quem vai nos dar o cordeiro para o sacrifício, meu filho.

Então os dois continuaram no seu caminho. Quando chegaram ao lugar que Deus tinha indicado, Abraão fez um altar e colocou a lenha sobre ele. Depois amarrou o seu filho e o colocou em cima da lenha do altar. 10 Então Abraão estendeu a mão e agarrou a faca para matar o seu filho. 11 Mas o anjo do SENHOR o chamou do céu:

—Abraão! Abraão!

E Abraão respondeu:

—Estou aqui.

12 E o anjo disse:

—Não levante a mão contra o seu filho, não lhe faça mal. Agora eu sei que você honra a Deus,[a] pois não poupou o seu filho, o seu único filho.

13 Abraão levantou os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Então foi apanhá-lo e ofereceu-o em sacrifício, no lugar do seu filho. 14 Abraão chamou a esse lugar: “O SENHOR é quem vai providenciar”. Por isso, ainda hoje se diz: “No monte o SENHOR vai providenciar”.

15 Pela segunda vez o anjo do SENHOR chamou do céu a Abraão 16 e disse:

—Eu, o SENHOR, juro por mim mesmo que por você ter feito isto, não me negando o seu filho, o seu único filho, 17 eu certamente abençoarei você e lhe darei muitos descendentes. Os seus descendentes serão tantos como as estrelas do céu e como a areia da praia do mar. Eles irão possuir as cidades dos seus inimigos. 18 Também juro que todas as nações do mundo serão abençoadas através da sua descendência, porque você me obedeceu.

19 Abraão voltou ao lugar onde estavam os seus servos e juntos partiram para Berseba, onde Abraão ficou vivendo.

20 Algum tempo depois, alguém disse a Abraão:

—Milca também deu filhos ao seu irmão Naor: 21 Uz é o mais velho, Buz é o seu irmão. Depois ainda há: Quemuel (o pai de Aram), 22 Quésede, Hazo, Pildas, Jidlaf e Betuel. 23 Betuel foi pai de Rebeca. Milca teve esses oito filhos de Naor, o irmão de Abraão. 24 Naor também teve outros filhos pela sua concubina Reumá: Tebá, Gaã, Taás e Maaca.

A morte de Sara

23 Sara viveu cento e vinte e sete anos. Ela morreu em Quiriate-Arbá, que é Hebrom, na terra de Canaã. Abraão lamentou e chorou a sua morte. Depois Abraão saiu do lugar onde estava o corpo da sua esposa e foi falar com os heteus. Ele lhes disse:

—Eu sou um imigrante que vive entre vocês, peço que me vendam um terreno onde possa enterrar a minha esposa.

Os heteus disseram a Abraão:

—Ouça-nos, senhor, você é um príncipe de Deus que vive entre nós. Enterre a sua esposa no melhor dos nossos sepulcros. Nenhum de nós recusará dar-lhe um lugar para enterrar a sua esposa.

Então Abraão se levantou e inclinou-se diante dos heteus, e lhes disse:

—Já que permitem que eu enterre aqui a minha esposa, falem por mim a Efrom, filho de Zoar, para que me venda a caverna de Macpela, que fica no fim do seu campo. Eu comprarei a caverna por um preço justo e ficarei sendo dono do sepulcro.

10 Efrom estava sentado entre os heteus, perto da porta da cidade. Então ele disse a Abraão diante dos outros heteus e de todos os que passavam:

11 —Não, meu senhor, eu lhe ofereço a caverna e todo o campo. Digo isto na frente de todo o meu povo. Pode enterrar a sua esposa.

12 Abraão se inclinou diante dos heteus 13 e disse a Efrom diante de todos:

—Ouça o que eu vou dizer, por favor. Aceite que eu pague o preço do campo. Aceite o dinheiro para que eu possa enterrar a minha esposa.

14 Efrom respondeu a Abraão:

15 —Senhor, ouça o que eu digo. Essa terra vale quatrocentas moedas[b] de prata. Mas não é isso que é importante. Portanto, vá enterrar a sua esposa.

16 Assim Abraão chegou a um acordo com Efrom e lhe entregou o montante de prata que os dois tinham concordado diante dos heteus; comprou o campo por quatrocentas moedas de prata.

17 Então o campo de Efrom em Macpela, perto de Mamre, o próprio campo e a caverna, todas as árvores do campo e toda a área em volta da caverna, passaram a pertencer legalmente a Abraão. 18 Isso foi feito na presença dos heteus e de todos os que estavam presentes perto da entrada da cidade. 19 E Abraão enterrou a sua esposa Sara na caverna do campo de Macpela, perto de Mamre, que é Hebrom, na terra de Canaã. 20 Assim, o campo e a caverna dos heteus passaram a pertencer legalmente a Abraão, para ali poder sepultar os seus mortos.

Uma esposa para Isaque

24 Abraão tinha muitos anos e o SENHOR tinha o abençoado em tudo. Então chamou o seu servo mais antigo, o servo responsável por tudo o que ele possuía, e lhe disse:

—Coloque a sua mão debaixo da minha coxa.[c] Quero que me prometa, diante do SENHOR, Deus do céu e da terra, que você não vai escolher para ser esposa do meu filho nenhuma das mulheres dos cananeus, no meio dos quais estou vivendo. Mas irá à minha terra e lá escolherá uma esposa para o meu filho Isaque. Uma esposa que seja da minha família.

Então o servo lhe disse:

—E se a mulher não quiser deixar a sua terra e vir comigo para aqui? Devo então fazer com que o seu filho volte para a terra de onde veio?

Abraão respondeu:

—Nunca faça isso! Não leve o meu filho para esse lugar! O SENHOR, Deus do céu, me tirou da casa do meu pai e da minha terra e me trouxe para aqui. E jurou que ele iria dar esta nova terra à minha família. Deus vai enviar o seu anjo para estar com você, para que possa trazer daquela terra uma esposa para o meu filho. Se a mulher falar que não quer vir, você ficará livre desta promessa. Mas não leve o meu filho para lá.

O servo colocou a sua mão debaixo da coxa do seu senhor Abraão e prometeu fazer assim.

10 O servo levou consigo dez dos camelos do seu senhor e do melhor que Abraão tinha e partiu para a Mesopotâmia, em direção à cidade onde Naor tinha vivido.

11 Chegou lá de tarde, na hora em que as mulheres costumam ir buscar água. E fez com que os camelos se ajoelhassem perto do poço que ficava fora da cidade. 12 Então o servo fez esta oração:

—Ó SENHOR, Deus do meu senhor Abraão, peço-lhe que tudo dê certo hoje. Que seja bondoso com o meu senhor Abraão. 13 Vou ficar aqui, perto deste poço, esperando que as jovens desta cidade venham buscar água. 14 E vou pedir a uma delas: “Por favor, incline um pouco o seu cântaro para eu beber água”. Faça com que aquela que me responder: “Beba, e também vou dar água aos seus camelos”, seja a mulher que escolheu para o seu servo Isaque. Assim saberei que foi bondoso com o meu senhor.

15 E antes que ele terminasse a oração, chegou ali uma jovem chamada Rebeca. Ela era filha de Betuel, filho de Milca, esposa de Naor, o irmão de Abraão. Ela trazia o seu cântaro no ombro. 16 A jovem era muito linda e era virgem, nunca tendo dormido com nenhum homem. Ela desceu ao poço e encheu o seu cântaro. Quando ela subia para ir embora, 17 o servo correu ao seu encontro e lhe disse:

—Por favor, dê-me um pouco da água do seu cântaro.

18 Rebeca disse:

—Beba, meu senhor.

E rapidamente baixou o seu cântaro e agarrando-o com as mãos lhe deu água para ele beber. 19 Depois de ter lhe dado água, ela lhe disse:

—Também vou dar de beber aos seus camelos até eles ficarem satisfeitos.

20 Então, rapidamente, ela esvaziou o seu cântaro no bebedouro e correu até o poço para buscar mais água para todos os camelos.

21 Entretanto, o servo de Abraão observava o que ela fazia em silêncio. Queria ter certeza de que o SENHOR tinha respondido ao seu pedido e feito com que a sua viagem tivesse bom resultado. 22 Quando os camelos acabaram de beber, o servo ofereceu a Rebeca para pôr no nariz um brinco de ouro que pesava seis gramas e duas pulseiras de ouro que pesavam cem gramas.[d] 23 E lhe perguntou:

—Quem é o seu pai? Será que há lugar na casa do seu pai para mim e para os homens que estão comigo? Precisamos de um lugar para ficar esta noite e alojarmos os animais.

24 Rebeca respondeu:

—Meu pai é Betuel, ele é filho de Milca e Naor.

25 E disse também:

—Sim, temos muita palha e forragem para os camelos e também temos lugar onde vocês podem dormir.

26 O servo se inclinou em adoração ao SENHOR, 27 e disse:

—Bendito seja o SENHOR, Deus do meu senhor Abraão, que lhe mostrou o seu amor e a sua bondade e me trouxe até à casa da família do meu amo.

28 Rebeca correu para a sua casa e contou à sua família tudo o que tinha acontecido. 29 Então o seu irmão, Labão, saiu correndo para se encontrar com o homem que estava junto ao poço. 30 Pois ele ouviu Rebeca contando tudo o que o homem lhe disse. Também ele viu o brinco e as pulseiras que a sua irmã tinha nos braços. Labão encontrou o homem de pé, junto ao poço, ao lado dos seus camelos, 31 e lhe disse:

—Venha comigo, abençoado do SENHOR, não fique aqui fora. Já tenho tudo preparado em casa e um lugar para os seus camelos.

32 Então o servo de Abraão entrou em casa. Labão descarregou os camelos e lhes deu palha e forragem. E deu água ao servo de Abraão e aos homens que estavam com ele para lavarem os pés. 33 Depois disso Labão quis servir a comida ao servo de Abraão, mas ele disse:

—Não vou comer até falar o que devo dizer.

Então Labão lhe disse:

—Então pode falar.

34 O servo disse:

—Eu sou servo de Abraão. 35 O SENHOR abençoou o meu senhor em tudo e ele se tornou um homem muito rico. Deus lhe deu ovelhas, bois, ouro, prata, escravos, escravas, camelos e burros. 36 Sara, a mulher do meu senhor, deu à luz um filho quando já era muito velha. E Abraão fez com que o seu filho fosse herdeiro de tudo o que ele tem. 37 E o meu senhor me obrigou a fazer uma promessa. Ele me disse: “Não procure uma esposa para o meu filho entre as mulheres do Canaã. Nós vivemos entre esse povo, mas não deixe que ele se case com uma das filhas dos cananeus. 38 Deve ir à minha terra, onde vive a minha família, e é lá que deve procurar uma esposa para o meu filho”. 39 Então eu perguntei ao meu senhor: “Que vou fazer se a mulher não quiser vir comigo?” 40 E ele respondeu: “O SENHOR, a quem eu sigo, vai enviar o seu anjo para acompanhar você e para que a sua viagem tenha êxito e possa trazer uma esposa da minha família para o meu filho. 41 Mas se for à terra da minha família e eles recusarem lhe dar uma esposa para o meu filho, então você ficará livre da sua promessa”.

42 —Hoje, quando cheguei ao poço, fiz esta oração: “Ó SENHOR, Deus do meu senhor Abraão, faça com que a minha viagem tenha êxito. 43 Estou aqui, junto deste poço. Quando uma jovem vier buscar água, eu pedirei a ela que me dê de beber um pouco do seu cântaro. 44 Se ela me responder que sim e também se oferecer para dar água aos meus camelos, que seja ela a mulher que o SENHOR escolheu para ser esposa do filho do meu senhor”.

45 —Antes de eu terminar esta oração, apareceu Rebeca com o cântaro ao ombro, e tirou água do poço. Então eu lhe disse: “Por favor, dê-me água”. 46 Ela tirou imediatamente o cântaro do ombro e me disse: “Beba, e eu também darei água aos seus camelos”. Eu bebi e ela deu água aos camelos. 47 E eu lhe perguntei: “Quem é o seu pai?”, e ela respondeu: “O meu pai é Betuel, o filho de Milca e Naor”. Então coloquei o brinco no seu nariz e as pulseiras nos seus braços. 48 Depois me inclinei em adoração ao SENHOR, e louvei o SENHOR, o Deus do meu senhor Abraão. Deus me guiou pelo caminho certo para buscar para o filho do meu senhor uma filha do seu próprio irmão. 49 Agora digam-me, se vão ou não mostrar amor e bondade para com o meu senhor. Digam-me para que eu saiba o que devo fazer.

50 Labão e Betuel responderam:

—Vemos que isto vem do SENHOR, por isso não temos nada a dizer. 51 Aqui está Rebeca, que ela vá com você e que se case com o filho do seu senhor, assim como o SENHOR disse.

52 Quando o servo de Abraão ouviu eles dizerem isto, ajoelhou-se no chão diante do SENHOR. 53 Depois foi buscar joias de ouro e de prata e vestidos e deu tudo a Rebeca. Também deu presentes valiosos ao irmão e à mãe dela. 54 Depois ele e os homens que estavam com ele comeram e passaram ali a noite. Na manhã seguinte se levantaram e disseram:

—Agora temos que voltar para o nosso senhor.

55 Mas o irmão e a mãe de Rebeca disseram:

—Deixem que a jovem fique aqui mais dez dias e depois poderá partir.

56 O servo disse de novo:

—Não me façam esperar pois o SENHOR fez com que a minha viagem tivesse êxito. Permitam que eu volte para a casa do meu senhor.

57 Então eles disseram:

—Vamos chamar a jovem e perguntar a ela o que quer fazer.

58 Então chamaram a Rebeca e lhe perguntaram:

—Quer ir com este homem?

Ela respondeu:

—Sim, quero ir.

59 Então deixaram que Rebeca e a mulher que sempre tinha tomado conta dela partissem com o servo de Abraão e os seus homens. 60 A família de Rebeca a abençoou assim:

“Nossa irmã, que você possa ter muitos filhos,
    ao ponto que ninguém consiga contá-los.
Que os descendentes da sua família conquistem
    as cidades dos seus inimigos!”

61 Então Rebeca e as suas servas se levantaram, montaram nos camelos e seguiram o homem. E assim o servo partiu com Rebeca.

62 Isaque tinha voltado de Beer-Laai-Roi pois estava vivendo no sul de Canaã. 63 Um dia Isaque estava caminhando[e] no campo e viu que se aproximavam camelos. 64 Rebeca também olhou e viu Isaque. Então desceu do camelo 65 e perguntou ao servo:

—Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro?

O servo respondeu:

—É o meu senhor.

Então Rebeca pegou o seu véu e cobriu o rosto.

66 O servo contou a Isaque tudo o que tinha feito. 67 Então Isaque levou a Rebeca para a tenda da sua mãe Sara e casou-se com ela. Isaque amou a Rebeca e assim se conformou com a morte da sua mãe.

Footnotes

  1. 22.12 honra a Deus ou “teme a Deus”.
  2. 23.15 moedas Literalmente, “siclos”. Ver a tabela de pesos e medidas.
  3. 24.2 Coloque (…) coxa Era o costume fazer isso quando alguém fazia uma promessa muito importante. Também mostrava que Abraão confiava nesse servo.
  4. 24.22 Literalmente, as medidas são dadas em “becas” e “siclos”. Ver a tabela de pesos e medidas.
  5. 24.63 caminhando ou “meditando”.