Add parallel Print Page Options

O levita e a sua concubina

19 Nesse tempo, em que ainda não havia rei em Israel, houve um homem da tribo de Levi, que vivia num extremo da região das colinas de Efraim, que levou para sua casa uma rapariga de Belém para ficar a viver com ele como concubina. A certa altura, porém, ela abandonou-o por outro e regressou para casa do pai, em Belém, ficando lá por uns quatro meses. O marido, acompanhado dum criado, preparou-se para ir a Belém; aparelhou também mais um jumento que levou sem ninguém; o seu intuito era trazer a rapariga de volta para casa. Quando chegou, ela recebeu-o, apresentou-o ao pai e mostrou-se alegre por tornar a vê-lo. O pai pediu-lhe muito que ficasse e ele aceitou, ficando três dias, mostrando-se satisfeitos por estarem juntos.

No quarto dia levantaram-se cedo, prontos para partir, mas o pai insistiu para que tomassem ao menos alguma coisa antes da viagem. Entretanto, fez pressão sobre ele para que ficasse mais um dia, visto que tinham passado um bom tempo juntos. A princípio o levita recusou, mas o pai da moça tanto insistiu que ele acabou por aceitar. Na manhã seguinte, tornaram a levantar-se cedo e novamente o pai insistiu: “Fiquem mais hoje e partam esta tarde, ao fim do dia.” E foi mais um dia de festa lá em casa.

De tarde, quando o casal e o criado se preparavam para a viagem, chegou-se outra vez o pai: “Não veem que já é tarde. Fiquem mais esta noite. Fazemos um belo serão e amanhã cedo podem iniciar a viagem.”

10 Contudo, desta vez partiram mesmo, tendo chegado a Jebus, que é Jerusalém, já muito tarde, com os dois jumentos aparelhados. 11 O criado disse-lhe: “Já é muito tarde para viajar; fiquemos aqui esta noite.”

12 “Não. Não podemos ficar aqui numa cidade pagã, onde não há ninguém israelita. Vamos continuar até Gibeá 13 ou mesmo, se possível, até Ramá.” 14 E assim continuaram a viagem. O Sol tinha-se posto há muito quando atingiram Gibeá, uma povoação da tribo de Benjamim. 15 Por isso, resolveram entrar e passar ali a noite; mas como ninguém os convidou para recebê-los em casa, decidiram dormir ali mesmo na praça.

16 Nessa altura, chegou-se um homem idoso, que regressava do trabalho no campo, a caminho de casa. Era originário das colinas de Efraim, mas vivia agora em Gibeá, apesar daquele ser o território de Benjamim. 17 Quando viu os viajantes acampados em plena praça, perguntou-lhes donde eram e para onde iam.

18 “Vimos de Belém, na Judeia”, respondeu o levita. “Vivo no extremo da região das colinas de Efraim, porém agora vou à casa do Senhor. Ficámos aqui porque ninguém fez o gesto de nos acolher para passar a noite, 19 ainda que tenhamos alimento suficiente para os nossos jumentos e comida e vinho que baste para nós próprios.”

20 “Não se preocupem, serão meus hóspedes; aqui é que não vão ficar, pois é demasiado perigoso.” 21 E levou-os para casa. Deu de comer aos animais e depois todos jantaram juntos.

22 Na alegria daquele convívio, um bando de gente pervertida começou a juntar-se em frente da casa, batendo na porta e gritando para o velho, o dono da casa, que trouxesse para fora o homem que estava com eles, para que o possuíssem.

23 O homem idoso veio cá fora falar com eles: “Não, meus irmãos, não façam um tal ato de tamanha loucura! Ele é meu hóspede. 24 Levem a minha filha, que é virgem, e a mulher dele. Trago-as aqui e façam delas o que quiserem, mas não levem por diante uma coisas dessas com este homem.”

25 Os outros contudo não aceitaram. Então o levita trouxe a sua concubina para fora e empurrou-a para junto deles; e aquela gente abusou dela a noite inteira. 26 De madrugada deixaram-na. Ela arrastou-se até à entrada da casa e ali ficou até o dia clarear.

27 Quando o levita abriu a porta para seguir viagem, viu-a caída, com as mãos sobre o limiar. 28 “Levanta-te”, disse-lhe, “vamos embora.” Mas não obteve resposta; estava morta. Então pô-la sobre o jumento e levou-a para casa.

29 Chegado ao seu destino pegou num cutelo, partiu o corpo em pedaços, e enviou um pedaço a cada uma das tribos de Israel. 30 A nação inteira ficou escandalizada. “Nunca se ouviu falar num crime assim, desde que Israel saiu do Egito”, dizia toda a gente. “Temos de fazer alguma coisa!”

Os israelitas lutam contra os benjamitas

20 Assim, toda a nação de Israel, de toda a parte, de Dan até Berseba, e mesmo do outro lado do Jordão, da terra de Gileade, juntaram-se numa só vontade perante o Senhor em Mizpá. Os chefes de todo o povo compareceram na assembleia do povo de Deus, uma tropa de 400 000 homens armados de espadas. A notícia daquela mobilização em Mizpá depressa chegou aos ouvidos do povo de Benjamim. Entretanto, os líderes de Israel mandaram chamar o marido da mulher assassinada e quiseram saber como tinha acontecido.

“Chegámos de viagem a Gibeá, na terra de Benjamim, para ali passar a noite”, começou ele. “Nessa mesma noite, uns homens de Gibeá chegaram-se à casa onde estávamos e quiseram matar-me; violaram a minha mulher, que acabou por morrer. Por isso, separei o corpo em doze pedaços que mandei por todo o Israel, pois essa gente cometeu um crime terrível. Agora, filhos de Israel, digam o que pensam; deem-me um conselho!”

Todos unanimemente responderam: “Nem um só de nós regressará a casa, 9-10 antes de termos castigado a povoação de Gibeá. Um décimo do exército será escolhido, tirando à sorte, para nos fornecer mantimentos, e o resto irá destruir Gibeá, vingando esta horrível ação.” 11 A nação inteira se uniu nesta tarefa.

12 Foram enviados mensageiros à tribo de Benjamim, perguntando: “Vocês estão ao corrente do que aconteceu de tão terrível no vosso meio? 13 Entreguem-nos essa gente má, da cidade de Gibeá, para que os executemos e expurguemos este mal de Israel.”

No entanto, o povo de Benjamim não quis dar seguimento a esta mensagem. 14-15 Em vez disso, reuniram 26 000 homens armados, que foram juntar-se aos 700 guardas locais de Gibeá, para ajudá-los a defenderem-se do ataque do resto de Israel. 16 Entre estes havia também uns 700 homens canhotos, que eram esplêndidos atiradores com a mão esquerda. Eram capazes de acertar num simples cabelo e nunca erravam. 17 O exército de Israel, sem contar com Benjamim, eram 400 000 homens.

18 Antes da batalha, as tropas de Israel foram primeiro a Betel para pedir conselho a Deus: “Qual a tribo que nos conduzirá contra o povo de Benjamim?”

O Senhor respondeu-lhes: “Judá irá à frente.”

19 O exército todo iniciou a marcha na manhã seguinte e acamparam perto da cidade. 20 Os soldados dispuseram em posição frontal à cidade. 21 O certo é que a tropa que defendia a cidade irrompeu corajosamente e conseguiu matar, só naquele dia, 22 000 israelitas. 22 Então os soldados israelitas encheram-se de coragem e tomaram as mesmas posições no local onde tinham lutado no dia anterior. 23 O exército de Israel lamentou-se perante o Senhor, até à noite, perguntando: “Será justo continuarmos a lutar contra os nossos irmãos de Benjamim?”

O Senhor respondeu-lhes: “Sim.” 24 Então encetaram um novo ataque contra as tropas de Benjamim. 25 Mais uma vez, nesse dia, perderam 18 000 homens de guerra, todos experientes soldados.

26 Toda a nação foi chorar de novo perante o Senhor, em Betel, jejuando até ao anoitecer, oferecendo holocaustos e ofertas de paz. 27 Naqueles dias, a arca da aliança de Deus encontrava-se em Betel. 28 Fineias, filho de Eleazar, neto de Aarão, era o sacerdote. Os homens de Israel perguntaram ao Senhor: “Iremos de novo atacar os nossos irmãos de Benjamim ou suspendemos a luta?” A resposta foi: “Vão, pois amanhã serão vocês a derrotar Benjamim.”

29 Os israelitas puseram emboscadas ao redor da cidade. 30 Atacaram uma terceira vez, formando em ordem de combate como habitualmente. 31 Quando os de Benjamim saíram da cidade para os enfrentar, a tropa de Israel recuou, com a intenção de afastar os benjamitas da cidade e, tal como antes, estes últimos começaram a matar alguns adversários, ao longo do caminho entre Betel e Gibeá; uns 30 homens morreram assim.

32 As tropas de Benjamim já gritavam: “Estamos a derrotá-los novamente!”, mas não percebiam que se tratava de um movimento estratégico, combinado antecipadamente, fazendo com que os benjamitas, ao persegui-los, se afastassem da cidade.

33 Assim, enquanto o grosso do exército israelita batia em retirada e se reagrupava em Baal-Tamar, os homens que cercavam Gibeá saíram dos seus esconderijos, na área rochosa das imediações da cidade. 34 Especialmente escolhidos de todo o Israel, 10 000 atacaram Gibeá e a luta foi feroz. Os de Benjamim, porém, não pressentiram que iam ser esmagados. 35 O Senhor deu a Israel a vitória sobre o exército benjamita. Naquele dia, os israelitas mataram 25 100 soldados inimigos. 36 Os de Benjamim foram derrotados. Entretanto, a maior parte do exército israelita tinha fugido dos benjamitas, porque contava com os soldados escondidos à volta de Gibeá. 37 Estes correram rapidamente em direção a Gibeá, penetraram na cidade e mataram todos os que lhes apareceram. 38 O exército de Israel e estes soldados escondidos tinham combinado previamente um sinal: quando vissem uma grande nuvem de fumo subindo da cidade, os israelitas no campo de batalha deviam dar meia volta.

39 Entretanto, os benjamitas tinham já matado uns 30 israelitas e diziam entre si: “Derrotámo-los como da primeira vez.” 40 Então surgiu o sinal: uma nuvem de fumo saía da cidade. Quando os benjamitas olharam para trás, ficaram surpreendidos com a cidade em chamas. 41 Os israelitas deram meia volta e os benjamitas entraram em pânico, ao descobrirem que estavam perdidos.

42 Fugindo dos israelitas, correram pelos campos em direção ao deserto, mas não puderam escapar. Foram alcançados entre a coluna principal e os homens que saíam nesse momento da cidade e foram derrotados. 43 Os israelitas tinham-nos apanhado na armadilha e perseguiram-nos sem dó, até ao extremo oriental de Gibeá, matando-os pelo caminho. 44 Perderam a vida 18 000 dos melhores soldados benjamitas. 45 Os restantes procuraram refúgio nos campos até ao rochedo de Rimom. Entre eles foram mortos 5000 e os israelitas não pararam no encalço dos restantes, até Gidom, matando ainda 2000.

46 Desta maneira, a tribo de Benjamim perdeu 25 000 bravos combatentes nesse dia. 47 Ficaram apenas uns 600 que escaparam refugiados no rochedo de Rimom, onde se esconderam durante quatro meses. 48 O exército de Israel regressou e matou toda a população de Benjamim: homens, mulheres, crianças e gado, incendiando todas as cidades e povoações da sua terra.

Mulheres para os benjamitas

21 Os israelitas tinham prometido em Mizpá nunca mais deixar as suas filhas casar com homens da tribo de Benjamim. O povo de Israel reuniu-se depois em Betel, diante de Deus, chorando amargamente até à noite. “Ó Senhor, Deus de Israel”, clamavam eles, “porque é que isto teve de acontecer, que agora falte uma das nossas tribos?”

Na manhã seguinte levantaram-se cedo, construíram um altar e ofereceram holocaustos e ofertas de paz sobre ele. Então ocorreu-lhes o seguinte: “Houve alguma tribo que não se tivesse feito representar, quando nos reunimos perante o Senhor em Mizpá?” Nessa altura, tinham feito um juramento que se alguém se recusasse a vir, deveria morrer. Levantou-se pois entre todos uma profunda tristeza pela perda de Benjamim a tribo irmã.

“Israel perdeu uma parte de si mesmo”, diziam. “Perdemos toda uma tribo do nosso povo. E agora como vamos arranjar mulheres para os poucos que restaram, visto que jurámos, na presença do Senhor, que não lhes daríamos as nossas filhas?”

8-9 E tornaram a refletir com respeito àquele juramento que tinham feito, de matar os que se tivessem recusado apresentar-se em Mizpá, acabando por constatar que ninguém de Jabes-Gileade viera. 10 Mandaram então 12 000 dos seus melhores soldados para destruir o povo daquela localidade; mataram os homens todos, as mulheres casadas e ainda as crianças. 11 Contudo, pouparam as virgens em idade de casar; 12 destas, contaram-se 400, que foram trazidas ao campo de Silo.

13 Israel enviou depois uma delegação de paz ao restante do povo de Benjamim que estava no rochedo de Rimom. 14 As 400 raparigas foram-lhes dadas e a delegação regressou; no entanto, nem mesmo assim havia raparigas suficientes para todos os benjamitas.

15 Isto aumentava ainda mais a tristeza dos israelitas, pelo facto do Senhor, como dizia o povo, ter permitido aquela brecha no conjunto de Israel. 16 “O que havemos de fazer para arranjar mulheres para os outros? Logo haviam de ter morrido todas as mulheres de Benjamim!”, exclamavam os anciãos da assembleia. 17 “Tem de haver uma solução, se não uma tribo de Israel vai ficar perdida para sempre. 18 Em todo o caso não poderemos dar-lhes as nossas filhas. Jurámos solenemente que qualquer um de nós que fizesse isso seria maldito de Deus.”

19 A certa altura, alguém apresentou uma ideia: “Anualmente há uma festa religiosa, nos campos de Silo, entre Lebona e Betel, do lado nascente da estrada que vai de Betel a Siquem.”

20 Foram pois dizer aos homens de Benjamim que ainda precisavam de mulher: “Vão-se esconder nessa altura, entre as vinhas. 21 Quando as raparigas de Silo se chegarem para dançar, corram a apanhá-las e levem-nas para vossas mulheres! 22 Quando os pais e os irmãos vierem protestar, diremos: Por favor, sejam compreensivos e deixem-nos ficar com as moças; sabem bem que não conseguimos achar mulheres suficientes, quando fomos destruir Jabes-Gileade; e pela vossa parte também não podiam ter dado as raparigas sem se tornarem culpados.”

23 Os tais homens de Benjamim fizeram assim; raptaram as moças que participavam na celebração religiosa e levaram-nas consigo. Reconstruíram as povoações e continuaram a viver ali. 24 Assim, o povo de Israel regressou cada qual às suas terras.

25 Não havia rei em Israel naquela altura e cada um fazia como lhe parecia melhor.

Os homens de Gibeá abusam da mulher de um levita

19 Aconteceu também, naqueles dias em que não havia rei em Israel, que houve um homem levita, que, peregrinando aos lados da montanha de Efraim, tomou para si uma mulher concubina, de Belém de Judá. Porém a sua concubina adulterou contra ele, e foi dele para casa de seu pai, a Belém de Judá, e esteve ali alguns dias, a saber, quatro meses. E seu marido se levantou e partiu após ela, para lhe falar conforme o seu coração e para tornar a trazê-la; e o seu moço e um par de jumentos iam com ele, e ela o levou à casa de seu pai, e, vendo-o o pai da moça, alegrou-se ao encontrar-se com ele. E seu sogro, o pai da moça, o deteve e ficou com ele três dias; e comeram, e beberam, e passaram ali a noite. E sucedeu que, ao quarto dia pela manhã, madrugaram, e ele levantou-se para partir; então, o pai da moça disse a seu genro: Conforta o teu coração com um bocado de pão, e depois partireis. Assentaram-se, pois, e comeram ambos juntos, e beberam; e disse o pai da moça ao homem: Peço-te que ainda esta noite queiras passá-la aqui, e alegre-se o teu coração. Porém o homem levantou-se para partir, mas seu sogro o constrangeu a tornar a passar ali a noite. E, madrugando ao quinto dia pela manhã para partir, disse o pai da moça: Ora, conforta o teu coração. E detiveram-se até já declinar o dia e ambos juntos comeram. Então, o homem levantou-se para partir, ele, e a sua concubina, e o seu moço; e disse-lhe seu sogro, o pai da moça: Eis que já o dia se abaixa, e a tarde vem entrando; peço-te que aqui passes a noite; eis que o dia vai acabando; passa aqui a noite, e que o teu coração se alegre; e, amanhã de madrugada, levantai-vos a caminhar, e vai-te para a tua tenda.

10 Porém o homem não quis ali passar a noite, mas levantou-se, e partiu, e veio até defronte de Jebus (que é Jerusalém), e com ele o par de jumentos albardados, como também a sua concubina. 11 Estando, pois, já perto de Jebus, e tendo-se declinado muito o dia, disse o moço a seu senhor: Caminhai agora, e retiremo-nos a esta cidade dos jebuseus e passemos ali a noite. 12 Porém disse-lhe seu senhor: Não nos retiraremos a nenhuma cidade estranha, que não seja dos filhos de Israel; mas passaremos até Gibeá. 13 Disse mais a seu moço: Caminha, e cheguemos a um daqueles lugares e passemos a noite em Gibeá ou em Ramá. 14 Passaram, pois, adiante e caminharam, e o sol se lhes pôs junto a Gibeá, que é cidade de Benjamim. 15 E retiraram-se para lá, para entrarem a passar a noite em Gibeá; e, entrando ele, assentou-se na praça da cidade, porque não houve quem os recolhesse em casa para ali passarem a noite. 16 E eis que um homem velho vinha à tarde do seu trabalho do campo; e era este homem da montanha de Efraim, mas peregrinava em Gibeá; eram, porém, os homens deste lugar filhos de Benjamim. 17 Levantando ele, pois, os olhos, viu a este passageiro na praça da cidade; e disse o velho: Para onde vais e de onde vens? 18 E ele lhe disse: Passamos de Belém de Judá até aos lados da montanha de Efraim, de onde sou, porquanto fui a Belém de Judá; porém, agora, vou à casa do Senhor, e ninguém que me recolha em casa, 19 ainda que há palha e pasto para os nossos jumentos, e também pão e vinho há para mim, e para a tua serva, e para o moço que vem com os teus servos; de coisa nenhuma falta. 20 Então, disse o velho: Paz seja contigo; tudo quanto te faltar fique ao meu cargo; tão somente não passes a noite na praça. 21 E trouxe-o a sua casa e deu pasto aos jumentos; e, lavando-se os pés, comeram e beberam.

22 Estando eles alegrando o seu coração, eis que os homens daquela cidade (homens que eram filhos de Belial) cercaram a casa, batendo à porta; e falaram ao velho, senhor da casa, dizendo: Tira para fora o homem que entrou em tua casa, para que o conheçamos. 23 E o homem, senhor da casa, saiu a eles e disse-lhes: Não, irmãos meus! Ora, não façais semelhante mal; já que este homem entrou em minha casa, não façais tal loucura. 24 Eis que a minha filha virgem e a concubina dele tirarei para fora; humilhai-as a elas e fazei delas o que parecer bem aos vossos olhos; porém a este homem não façais loucura semelhante. 25 Porém aqueles homens não o quiseram ouvir; então, aquele homem pegou da sua concubina e lha tirou para fora; e eles a conheceram, e abusaram dela toda a noite até pela manhã, e, subindo a alva, a deixaram. 26 E, ao romper da manhã, veio a mulher, e caiu à porta da casa daquele homem, onde estava seu senhor, e ficou ali até que se fez claro.

27 E, levantando-se seu senhor pela manhã, e abrindo as portas da casa, e saindo a seguir o seu caminho, eis que a mulher, sua concubina, jazia à porta da casa, com as mãos sobre o limiar. 28 E ele lhe disse: Levanta-te, e vamo-nos, porém não respondeu; então, pô-la sobre o jumento, e levantou-se o homem, e foi-se para o seu lugar. 29 Chegando, pois, à sua casa, tomou um cutelo, e pegou na sua concubina, e a despedaçou com os seus ossos em doze partes e enviou-os por todos os termos de Israel. 30 E sucedeu que cada um que tal via dizia: Nunca tal se fez, nem se viu desde o dia em que os filhos de Israel subiram da terra do Egito, até ao dia de hoje; ponderai isto no coração, considerai e falai.

Os israelitas vingam o ultraje feito ao levita

20 Então, todos os filhos de Israel saíram, e a congregação se ajuntou, como se fora um só homem, desde Dã até Berseba, como também a terra de Gileade, ao Senhor, em Mispa. E, dos cantos de todo o povo, se apresentaram de todas as tribos de Israel na congregação do povo de Deus quatrocentos mil homens de pé que arrancavam a espada. (Ouviram, pois, os filhos de Benjamim que os filhos de Israel haviam subido a Mispa.) E disseram os filhos de Israel: Falai, como sucedeu esta maldade? Então, respondeu o homem levita, marido da mulher que fora morta, e disse: Cheguei com a minha concubina a Gibeá, cidade de Benjamim, para passar a noite; e os cidadãos de Gibeá se levantaram contra mim, e cercaram a casa de noite, e intentaram matar-me, e violaram a minha concubina, de maneira que morreu. Então, peguei na minha concubina, e fi-la em pedaços, e a enviei por toda a terra da herança de Israel, porquanto fizeram tal malefício e loucura em Israel. Eis que todos sois filhos de Israel; dai aqui a vossa palavra e conselho. Então, todo o povo se levantou como um só homem, dizendo: Nenhum de nós irá à sua tenda nem nenhum de nós se retirará à sua casa. Porém isto é o que faremos a Gibeá: procederemos contra ela por sorte. 10 E tomaremos dez homens de cem de todas as tribos de Israel, e cem de mil, e mil de dez mil, para tomarem mantimento para o povo, para que, vindo eles a Gibeá de Benjamim, lhe façam conforme toda a loucura que tem feito em Israel. 11 Assim, ajuntaram-se contra esta cidade todos os homens de Israel, aliados como um só homem.

12 E as tribos de Israel enviaram homens por toda a tribo de Benjamim, dizendo: Que maldade é esta que se fez entre vós? 13 Dai-nos, pois, agora, aqueles homens filhos de Belial, que estão em Gibeá, para que os matemos e tiremos de Israel o mal; porém os filhos de Benjamim não quiseram ouvir a voz de seus irmãos, os filhos de Israel. 14 Antes, os filhos de Benjamim se ajuntaram das cidades em Gibeá, para saírem a pelejar contra os filhos de Israel. 15 E contaram-se naquele dia os filhos de Benjamim, das cidades, vinte e seis mil homens que arrancavam a espada, afora os moradores de Gibeá, de que se contaram setecentos homens escolhidos. 16 Entre todo este povo havia setecentos homens escolhidos, canhotos, os quais todos atiravam com a funda uma pedra a um cabelo e não erravam. 17 E contaram-se dos homens de Israel, afora os de Benjamim, quatrocentos mil homens que arrancavam da espada, e todos eles, homens de guerra. 18 E levantaram-se os filhos de Israel, e subiram a Betel, e perguntaram a Deus, e disseram: Quem dentre nós subirá primeiro a pelejar contra Benjamim? E disse o Senhor: Judá subirá primeiro.

19 Levantaram-se, pois, os filhos de Israel pela manhã e acamparam-se contra Gibeá. 20 E os homens de Israel saíram à peleja contra Benjamim; e ordenaram os homens de Israel contra eles a peleja ao pé de Gibeá. 21 Então, os filhos de Benjamim saíram de Gibeá e derribaram por terra, naquele dia, vinte e dois mil homens de Israel. 22 Porém esforçou-se o povo dos homens de Israel, e tornaram a ordenar a peleja no lugar onde no primeiro dia a tinham ordenado. 23 E subiram os filhos de Israel, e choraram perante o Senhor até à tarde, e perguntaram ao Senhor, dizendo: Tornar-me-ei a chegar à peleja contra os filhos de Benjamim, meu irmão? E disse o Senhor: Subi contra ele.

24 Chegaram-se, pois, os filhos de Israel aos filhos de Benjamim, no dia seguinte. 25 Também os de Benjamim no dia seguinte lhes saíram ao encontro fora de Gibeá e derribaram ainda por terra mais dezoito mil homens, todos dos que arrancavam a espada. 26 Então, todos os filhos de Israel, todo o povo, subiram, e vieram a Betel, e choraram, e estiveram ali perante o Senhor, e jejuaram aquele dia até à tarde, e ofereceram holocaustos e ofertas pacíficas perante o Senhor. 27 E os filhos de Israel perguntaram ao Senhor (porquanto a arca do concerto de Deus estava ali naqueles dias; 28 e Fineias, filho de Eleazar, filho de Arão, estava perante ele naqueles dias), dizendo: Sairei ainda mais a pelejar contra os filhos de Benjamim, meu irmão, ou pararei? E disse o Senhor: Subi, que amanhã eu to entregarei na mão.

29 Então, Israel pôs emboscadas em redor de Gibeá. 30 E subiram os filhos de Israel, ao terceiro dia, contra os filhos de Benjamim e ordenaram a peleja junto a Gibeá, como das outras vezes. 31 Então, os filhos de Benjamim saíram ao encontro do povo, e desviaram-se da cidade, e começaram a ferir alguns do povo, atravessando-os, como das outras vezes, pelos caminhos (um dos quais sobe para Betel, e o outro, para Gibeá pelo campo), alguns trinta dos homens de Israel. 32 Então, os filhos de Benjamim disseram: Vão derrotados diante de nós como dantes. Porém os filhos de Israel disseram: Fujamos e desviemo-los da cidade para os caminhos. 33 Então, todos os homens de Israel se levantaram do seu lugar e ordenaram a peleja em Baal-Tamar; e a emboscada de Israel saiu do seu lugar, da caverna de Gibeá. 34 E dez mil homens escolhidos de todo o Israel vieram contra Gibeá, e a peleja se engravesceu; porém eles não sabiam que o mal lhes tocaria. 35 Então, feriu o Senhor a Benjamim diante de Israel; e desfizeram os filhos de Israel, naquele dia, vinte e cinco mil e cem homens de Benjamim, todos dos que arrancavam espada. 36 E viram os filhos de Benjamim que estavam feridos, porque os homens de Israel deram lugar aos benjamitas, porquanto estavam confiados na emboscada que haviam posto contra Gibeá. 37 E a emboscada se apressou e acometeu a Gibeá; e a emboscada arremeteu contra ela e feriu a fio de espada toda a cidade. 38 E os homens de Israel tinham um sinal determinado com a emboscada, que era fazerem levantar da cidade uma grande nuvem de fumaça. 39 Viraram-se, pois, os homens de Israel na peleja, e já Benjamim começava a ferir, dos homens de Israel, quase trinta homens, atravessando-os, porque diziam: Já infalivelmente estão derrotados diante de nós, como na peleja passada. 40 Então, a nuvem de fumaça se começou a levantar da cidade, como uma coluna de fumaça; e, virando-se Benjamim a olhar para trás de si, eis que a fumaça da cidade subia ao céu. 41 E os homens de Israel viraram o rosto, e os homens de Benjamim pasmaram, porque viram que o mal lhes tocaria. 42 E viraram as costas diante dos homens de Israel, para o caminho do deserto; porém a peleja os apertou, e os das cidades os desfizeram no meio deles. 43 E cercaram a Benjamim, e o seguiram, e à vontade o pisaram, até diante de Gibeá, para o nascente do sol. 44 E caíram de Benjamim dezoito mil homens, todos estes sendo homens valentes. 45 Então, viraram as costas e fugiram para o deserto, à penha de Rimom; apanharam ainda deles pelos caminhos uns cinco mil homens, e de perto os seguiram até Gidom, e feriram deles dois mil homens. 46 E todos os que de Benjamim caíram, naquele dia, foram vinte e cinco mil homens que arrancavam a espada, todos eles homens valentes.

47 Porém seiscentos homens viraram as costas, e fugiram para o deserto, à penha de Rimom, e ficaram na penha de Rimom quatro meses. 48 E os homens de Israel voltaram para os filhos de Benjamim, e os feriram a fio de espada, desde os homens da cidade até aos animais, tudo quanto ali se achava, e também a todas as cidades quantas se acharam puseram a fogo.

A ruína de Jabes-Gileade

21 Ora, tinham jurado os homens de Israel em Mispa, dizendo: Nenhum de nós dará sua filha por mulher aos benjamitas. Veio, pois, o povo a Betel, e ali ficaram até à tarde diante de Deus, e levantaram a sua voz, e prantearam com grande pranto. E disseram: Ah! Senhor, Deus de Israel, por que sucedeu isto em Israel, que hoje falte uma tribo em Israel? E sucedeu que, no dia seguinte, o povo pela manhã se levantou, e edificou ali um altar, e ofereceu holocaustos e ofertas pacíficas. E disseram os filhos de Israel: Quem de todas as tribos de Israel não subiu ao ajuntamento ao Senhor? Porque se tinha feito um grande juramento acerca dos que não viessem ao Senhor a Mispa, dizendo: Morrerá certamente. E arrependeram-se os filhos de Israel acerca de Benjamim, seu irmão, e disseram: Cortada é hoje de Israel uma tribo. Que faremos, acerca de mulheres, com os que ficaram de resto, pois nós temos jurado pelo Senhor que nenhuma de nossas filhas lhes daríamos por mulheres?

E disseram: Há alguma das tribos de Israel que não subisse ao Senhor a Mispa? E eis que ninguém de Jabes-Gileade viera ao arraial, à congregação. Porquanto o povo se contou, e eis que nenhum dos moradores de Jabes-Gileade se achou ali. 10 Então, o ajuntamento enviou lá doze mil homens dos mais valentes e lhes ordenou, dizendo: Ide e a fio de espada feri aos moradores de Jabes-Gileade, e às mulheres, e aos meninos. 11 Porém isto é o que haveis de fazer: a todo varão e a toda mulher que se houver deitado com um homem totalmente destruireis. 12 E acharam entre os moradores de Jabes-Gileade quatrocentas moças virgens, que não conheceram homem deitando-se com varão; e as trouxeram ao arraial, a Siló, que está na terra de Canaã.

Dão-se quatrocentas mulheres aos benjamitas

13 Então, todo o ajuntamento enviou, e falou aos filhos de Benjamim, que estavam na penha de Rimom, e lhes proclamou a paz. 14 E, ao mesmo tempo, voltaram os benjamitas, e deram-lhes as mulheres que haviam guardado com vida, das mulheres de Jabes-Gileade; porém estas ainda lhes não bastaram. 15 Então, o povo se arrependeu por causa de Benjamim, porquanto o Senhor tinha feito abertura nas tribos de Israel.

16 E disseram os anciãos do ajuntamento: Que faremos acerca de mulheres para os que ficaram de resto, pois estão destruídas as mulheres de Benjamim? 17 Disseram mais: A herança dos que ficaram de resto é de Benjamim, e nenhuma tribo de Israel deve ser destruída. 18 Porém nós não lhes poderemos dar mulheres de nossas filhas, porque os filhos de Israel juraram, dizendo: Maldito aquele que der mulher aos benjamitas. 19 Então, disseram: Eis que, de ano em ano, solenidade do Senhor, em Siló, que se celebra para o norte de Betel, da banda do nascente do sol, pelo caminho alto que sobe de Betel a Siquém, e para o sul de Lebona. 20 E mandaram aos filhos de Benjamim, dizendo: Ide e emboscai-vos nas vinhas. 21 E olhai, e eis aí, saindo as filhas de Siló a dançar em ranchos, saí vós das vinhas, e arrebatai cada um sua mulher das filhas de Siló, e ide-vos à terra de Benjamim. 22 E será que, quando seus pais ou seus irmãos vierem a litigar conosco, nós lhes diremos: Por amor de nós, tende compaixão deles, pois nesta guerra não tomamos mulheres para cada um deles porque não lhas destes vós, para que agora ficásseis culpados.

23 E os filhos de Benjamim o fizeram assim e levaram mulheres conforme o número deles, das que arrebataram dos ranchos que dançavam; e foram-se, e voltaram à sua herança, e reedificaram as cidades, e habitaram nelas. 24 Também os filhos de Israel partiram, então, dali, cada um para a sua tribo e para a sua geração, e saíram dali, cada um para a sua herança.

25 Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos.

O levita e a sua concubina

19 Na época em que Israel não tinha rei, houve um levita que morava nas montanhas de Efraim. Esse homem tinha uma concubina que era da cidade de Belém, no território de Judá. Certo dia a concubina se irritou com o levita e regressou para a casa de seu pai, em Belém de Judá. A mulher permaneceu com seu pai durante quatro meses. Depois de um tempo, o levita foi procurar a mulher, queria falar com ela para que voltasse de novo com ele. O levita levou seus servos e seus jumentos até a casa do pai da mulher. Ao chegar ao lugar, o pai da mulher saiu muito contente para saudar o levita e o convidou para ficar ali. O levita ficou na casa do seu sogro durante três dias. Ali bebeu, comeu e dormiu.

No quarto dia, o levita levantou-se cedo e começou a preparar a viagem, mas o pai da mulher disse:

—Coma alguma coisa antes de viajar, então poderá sair tranquilo.

Então sentaram-se os dois e comeram e beberam juntos, e o pai da mulher disse ao levita:

—Fique esta noite conosco e divirta-se.

O levita se levantou para partir mas o sogro insistiu tanto que ele ficou mais uma noite.

No quinto dia, o levita levantou cedo e começou a preparar a viagem, mas o sogro disse:

—Coma alguma coisa, fique até a tarde.

E novamente comeram e beberam juntos.

O levita, a mulher e o servos se levantaram para partir, mas o sogro disse:

—Já é tarde, é melhor que fique esta noite, pois está muito escuro para viajar. Permaneça esta noite e fique à vontade. Amanhã poderão sair cedo para a sua casa.

10 Mas o levita não queria ficar, portanto, saiu com a mulher e os jumentos. Naquela noite chegaram até a cidade de Jebus, que é o outro nome de Jerusalém.

11 Já era muito tarde e o servos disseram ao levita:

—SENHOR, vamos entrar nesta cidade e passar aqui a noite.

12 O levita respondeu:

—Não! Não podemos entrar em uma cidade que não é de Israel. Temos que ir até a cidade de Gibeá[a]. 13 Sigamos andando até chegar a Gibeá ou Ramá e ali passaremos a noite.

14 Eles continuaram andando e o sol se ocultou quando chegaram a Gibeá, no território de Benjamim. 15 Então entraram em Gibeá para passar a noite ali. Chegaram até a praça e sentaram-se, mas ninguém aproximou-se para convidá-los a passar a noite em sua casa. 16 Um ancião que voltava de trabalhar no campo chegou à praça da cidade. O ancião era da região montanhosa de Efraim, mas estava vivendo como forasteiro em Gibeá. O povo de Gibeá era da tribo de Benjamim. 17 O ancião viu o levita na praça e disse:

—Para onde o senhor vai e de onde vem?

18 O levita respondeu:

—Viemos de Belém de Judá e vamos para a parte mais distante da região montanhosa de Efraim. Eu sou de Efraim, faz dias que saí de Belém de Judá e agora vou para minha casa[b] mas ninguém nos ofereceu alojamento até agora. 19 Temos palha e grãos para os jumentos e há pão suficiente e vinho para os três que viajamos. Não precisamos de nada.

20 O ancião disse:

—Não pode passar a noite na praça. É bem-vindo na minha casa, eu me encarregarei de tudo o que precisar.

21 Então o ancião levou os três viajantes para a sua casa, deu comida aos jumentos e depois eles lavaram seus pés, comeram e beberam.

22 Quando todos estavam muito alegres, uns homens muito maus rodearam a casa e bateram na porta dizendo:

—Tire o homem que tem em sua casa, queremos ter relações sexuais com ele.

23 O dono da casa saiu e disse:

—Não façam essa maldade. Este homem é um convidado na minha casa.[c] Não cometam esse pecado terrível. 24 Vejam, aqui está a minha filha que nunca teve relações sexuais, e também está aqui a concubina deste homem. Podem fazer o que quiserem com elas, mas não cometam esse pecado terrível contra este homem.

25 Mas os homens não lhe fizeram caso. Então o levita foi buscar sua mulher e a obrigou a sair. Os homens a obrigaram a ter relações sexuais e abusaram dela a noite toda. De madrugada a deixaram ir embora. 26 A mulher foi para a casa do ancião e caiu prostrada na porta. Ela ficou ali até o amanhecer. 27 De manhã, o levita abriu a porta para sair e viu a mulher ali estendida no chão. 28 O levita disse à mulher:

—Levante-se e vamos.

Mas a mulher não respondeu, pois estava morta.

Então o levita levantou a mulher e a pôs sobre o jumento para continuar a viagem. 29 Quando chegaram em casa, o levita pegou uma faca e cortou a mulher em doze pedaços. Depois enviou um pedaço para cada uma das doze tribos de Israel. 30 Todos os que viam aquilo diziam:

—Nunca antes tinha acontecido alguma coisa assim em Israel. Nunca tínhamos visto algo parecido desde que saímos do Egito. Temos que pensar nisto e decidir o que vamos fazer.

A guerra entre Israel e Benjamim

20 Todos os israelitas saíram como um só homem, desde Dã até Berseba, e de Gileade[d]. Toda a congregação se reuniu perante o SENHOR, em Mispá. Todos os líderes de todas as tribos de Israel chegaram para a reunião. Cada um tinha seu lugar na reunião do povo de Deus. Ao todo havia 400.000 soldados com espadas. Os homens da tribo de Benjamim souberam da reunião dos israelitas em Mispá. Na reunião, os israelitas disseram ao levita:

—Conte-nos como esta coisa tão terrível aconteceu.

O levita respondeu:

—Eu cheguei com minha concubina à cidade de Gibeá, no território de Benjamim. Ali passamos a noite. Mas durante a noite os homens da cidade chegaram à casa onde eu estava. Rodearam a casa porque queriam me matar, abusaram da minha mulher e depois ela morreu. Depois eu trouxe a minha mulher e a cortei em pedaços e enviei um pedaço a cada uma das tribos de Israel para que todos ficassem sabendo desta atrocidade que os homens da tribo de Benjamim fizeram contra nós. Agora peço a vocês, israelitas, que decidam o que devemos fazer.

Então todos os que estavam ali se levantaram ao mesmo tempo e disseram:

—Nenhum de nós voltará para a nossa tenda ou casa. O que devemos fazer é lançar a sorte para ver quem deverá atacar Gibeá. 10 Vamos escolher de entre todas as tribos de Israel dez homens de cada cem, cem homens de cada mil e mil homens de cada dez mil para que consigam alimentos para o exército. Depois o exército irá a Gibeá, no território de Benjamim, para castigar esse povo por esta ofensa que cometeram contra Israel.

11 Todos os homens de Israel reuniram-se na cidade de Gibeá e estavam de acordo sobre o que tinham que fazer. 12 As tribos de Israel enviaram homens à tribo de Benjamim com uma mensagem. A mensagem dizia:

—Que crime é este que alguns de vocês cometeram? 13 Entreguem-nos os criminosos de Gibeá para que os matemos. Temos que limpar esse mal de Israel.

Mas os homens da tribo de Benjamim não prestaram atenção à mensagem dos seus irmãos de Israel. 14 Os homens da tribo de Benjamim saíram das suas casas para reunirem-se em Gibeá. Todos foram a Gibeá para lutar contra os homens de Israel. 15 Ao todo haviam 26.000 soldados com espadas entre os homens de Benjamim. Além disso em Gibeá havia 700 homens treinados para a batalha 16 e 700 homens treinados para combater com sua mão esquerda. Cada um deles podia usar a funda com tanta precisão que podiam lançar uma pedra e acertar um cabelo sem falhar.

17 Da sua parte, os israelitas tinham 400.000 guerreiros prontos para combater. 18 Todos se preparam e foram a Betel. Ali pediram a Deus que lhes mostrasse qual tribo de Israel deveria atacar primeiro a tribo de Benjamim. O SENHOR disse a eles que os homens da tribo de Judá seriam os primeiros.

19 Na manhã seguinte, os israelitas levantaram seu acampamento perto da cidade de Gibeá. 20 Os homens de Israel se prepararam para combater e foram lutar contra o exército de Benjamim em Gibeá. 21 Também os homens da tribo de Benjamim foram combater e nesse dia mataram 22.000 homens de Israel na batalha.

22 Os homens de Israel foram se lamentar perante o SENHOR até o anoitecer. Pediram ao SENHOR que lhes dissesse se deveriam combater novamente contra os seus irmãos do exército de Benjamim. 23 O SENHOR respondeu que deviam combater de novo. Então os homens de Israel se animaram e foram combater como haviam feito da primeira vez.

24 No segundo dia, os israelitas saíram novamente para combater contra os homens da tribo de Benjamim. 25 Também no segundo dia o exército de Benjamim saiu da cidade de Gibeá para lutar contra o exército de Israel. Nesta batalha o exército de Benjamim matou 18.000 soldados de Israel. 26 Então todo o exército de Israel foi a Betel para chorar e se lamentar perante o SENHOR. Nesse dia ficaram sem comer nada até a noite. Depois ofereceram sacrifícios queimados e ofertas de comunhão ao SENHOR. 27 Eles consultaram ao SENHOR, já que naquele tempo a arca da aliança de Deus estava em Betel. 28 Fineias, filho de Eleazar e neto de Arão, servia como sacerdote perante a arca.

Os soldados de Israel lhe perguntaram:

—Devemos combater novamente contra nossos irmãos da tribo de Benjamim ou será melhor que não lutemos mais?

O SENHOR lhes respondeu:

—Sim, devem lutar novamente. Amanhã eu lhes ajudarei a vencer o exército de Benjamim.

29 Então o exército de Israel mandou que alguns homens fossem se esconder ao redor da cidade de Gibeá. 30 E no terceiro dia os soldados de Israel subiram para combater contra os da tribo de Benjamim, como haviam feito antes. 31 Uma vez mais, os homens da tribo de Benjamim saíram de Gibeá para lutar contra Israel. Os israelitas deixaram que os homens da tribo de Benjamim os perseguissem e saíssem da cidade. Como das vezes anteriores, os soldados de Benjamim começaram a matar alguns dos soldados de Israel. Mataram trinta homens no campo e pelo caminho de Betel e de Gibeá. 32 Os homens da tribo de Benjamim pensaram que estavam ganhando como das outras vezes, mas não foi assim. Os homens de Israel saíram fugindo para que os inimigos pensassem que estavam ganhando. Na realidade, os israelitas estavam fazendo-os sair da cidade e ir para as estradas. 33 Os israelitas que estavam escondidos saíram dos seus esconderijos e se prepararam para lutar em Baal-Tamar. Os que estavam escondidos ao oeste de Gibeá saíram e atacaram a cidade. 34 Os 10.000 melhores soldados de Israel atacaram a cidade de Gibeá. A batalha foi muito dura e os homens da tribo de Benjamim não sabiam que estavam a ponto de perder.

35 O SENHOR castigou os homens da tribo de Benjamim diante do exército de Israel pela maldade que eles tinham feito. Nesse dia, o exército de Israel matou 25.100 soldados, treinados para a guerra, da tribo de Benjamim. 36 Os homens da tribo de Benjamim viram que estavam derrotados. Eles viram que os israelitas só tinham recuado porque confiavam nos homens que estavam escondidos para atacar Gibeá. 37 Os homens que estavam escondidos entraram na cidade de Gibeá, invadiram a cidade e mataram à espada todos os que estavam ali. 38 Os soldados de Israel tinham um sinal para se comunicar com os que estavam escondidos. Os que estavam escondidos deviam fazer uma grande nuvem de fumaça para avisar os outros quando tivessem atacado a cidade.

39 Quando os homens que estavam fugindo vissem o sinal da fumaça, deviam regressar e lutar contra os homens da tribo de Benjamim. Os homens da tribo de Benjamim conseguiram matar trinta soldados de Israel e por isso pensaram que estavam ganhando como das outras vezes, 40 mas os soldados de Israel viram a grande nuvem de fumaça. Também os homens da tribo de Benjamim viram a fumaça e que a cidade toda estava em chamas. 41 Então os israelitas se voltaram contra os homens da tribo de Benjamim, os quais se encheram de terror e entenderam que estavam vencidos.

42 Os homens da tribo de Benjamim saíram fugindo em direção ao deserto, mas não conseguiram escapar dos israelitas, e os que estavam na cidade saíram e os mataram. 43 Os homens de Israel rodearam os homens da tribo de Benjamim e os perseguiram sem descansar, até que os derrotaram ao leste da cidade de Gibeá. 44 Os israelitas mataram 18.000 soldados valentes da tribo de Benjamim.

45 Quando os soldados da tribo de Benjamim correram em direção ao deserto, chegaram a um lugar chamado “Rocha de Rimom”, mas o exército de Israel matou pelo caminho 5.000 soldados da tribo de Benjamim. Os soldados de Israel continuaram perseguindo os homens da tribo de Benjamim até chegarem em Gidom. Ali mataram mais 2.000 homens da tribo de Benjamim.

46 Nesse dia o exército de Israel matou 25.000 soldados valentes da tribo de Benjamim. 47 Mas 600 soldados da tribo de Benjamim se esconderam no deserto. Esses homens chegaram até a rocha de Rimom e ficaram ali durante quatro meses. 48 Os homens de Israel voltaram ao território de Benjamim e mataram todos os que encontraram no seu caminho. Destruíram tudo o que encontraram, mataram todos os animais e queimaram todas as cidades pelas quais passaram.

Os homens da tribo de Benjamim conseguem esposas

21 Os homens de Israel tinham feito uma promessa quando se reuniram em Mispá. Prometeram que não deixariam que nenhuma das suas filhas se casassem com um homem da tribo de Benjamim.

Os israelitas foram a Betel, clamaram e choraram amargamente diante de Deus até a noite. Todos diziam:

—SENHOR, Deus de Israel, por que aconteceu tudo isso? Por que ficou Israel sem uma das suas tribos?

No dia seguinte todos se levantaram bem cedo e construíram um altar. Eles colocaram no altar ofertas para sacrifícios queimados e sacrifícios de comunhão. Depois os israelitas disseram:

—Há alguma tribo de Israel que não veio se reunir conosco perante o SENHOR?

Fizeram esta pergunta porque tinham jurado que matariam quem não se reunisse com as outras tribos perante o SENHOR em Mispá.

Os homens de Israel lamentaram pelos seus irmãos da tribo de Benjamim e disseram:

—Hoje Israel perdeu uma das suas tribos. Nós prometemos ao SENHOR que não deixaríamos as nossas filhas se casarem com os homens da tribo de Benjamim. Agora, o que podemos fazer pelos homens que não morreram para que possam ter uma família novamente?

Então voltaram a perguntar:

—Há alguma tribo que não tenha ido ao encontro que tivemos com o SENHOR em Mispá? Tem que haver alguma que não tenha ido!

E se lembraram que nenhum homem da cidade de Jabes-Gileade havia estado na reunião com as outras tribos de Israel. Quando passaram as listas, viram que não havia ninguém dali. 10 Então enviaram 12.000 soldados a essa cidade com esta ordem:

—Levem as suas espadas e matem todos os habitantes dessa cidade, incluindo mulheres e crianças. 11 Matem todos os homens e todas as mulheres que não sejam virgens, mas não façam mal às virgens.

Os soldados cumpriram essa ordem.[e] 12 Eles encontraram quatrocentas mulheres virgens e as levaram ao acampamento de Siló, em Canaã.

13 Depois os homens de Israel mandaram uma mensagem aos homens da tribo de Benjamim, que estavam no lugar chamado “Rocha de Rimom”. Na mensagem os homens de Israel diziam que queriam fazer as pazes. 14 Então os homens de Benjamim voltaram a Israel e os israelitas lhes deram as mulheres que haviam trazido de Jabes-Gileade. Mas não havia mulheres suficientes para todos os homens da tribo de Benjamim.

15 Os israelitas sentiram pena dos homens da tribo de Benjamim, porque o SENHOR os tinha separado das outras tribos de Israel. 16 Os líderes de Israel disseram:

—Estão mortas as mulheres da família de Benjamim. Agora, onde poderemos encontrar esposas para os homens de Benjamim que ainda estão vivos? 17 Os homens da tribo de Benjamim devem ter filhos para que continue existindo essa tribo e para que não desapareça nenhuma tribo de Israel. 18 Mas nós não podemos dar as nossas filhas para que se casem, pois fizemos uma promessa. Nós juramos que um grande mal aconteceria a quem desse uma esposa a um homem da tribo de Benjamim. 19 Mas temos uma ideia. Estamos na época da festa em honra ao SENHOR. Esta festa é celebrada a cada ano em Siló.

(A cidade de Siló fica ao norte da cidade de Betel, ao leste do caminho que liga Betel com Siquém, e ao sul da cidade de Lebona.)

20 Então, os líderes falaram com os homens da tribo de Benjamim sobre essa ideia e disseram:

—Escondam-se nas vinhas e fiquem atentos! 21 Esperem até as mulheres de Siló saírem para dançar e, então, saiam vocês. Cada um pode tomar uma mulher e levá-la ao território de Benjamim para casar-se com ela. 22 Os pais ou os irmãos dessas mulheres virão se queixar a nós, mas lhes diremos: “Tenham piedade dos homens da tribo de Benjamim, permitam que se casem com essas mulheres! Durante a batalha não pudemos conseguir esposas para cada um deles e como vocês não lhes entregaram voluntariamente as mulheres, vocês não quebraram seu juramento”.

23 Os homens da tribo de Benjamim seguiram o conselho dos líderes. Cada um se casou com uma das dançarinas e permaneceram vivendo ali. 24 Depois, cada um dos homens de Israel regressou para o seu respectivo lugar, conforme a sua tribo e família.

25 Nesse tempo Israel não tinha rei e cada um fazia o que melhor lhe parecia.

Footnotes

  1. 19.12 Gibeá Gibeá ficava a uns poucos quilômetros ao norte de Jebus (Jerusalém).
  2. 19.18 minha casa De acordo com a LXX. O TM tem: “a casa do SENHOR”.
  3. 19.23 Este homem (…) minha casa Nesta época era costume proteger e cuidar dos convidados.
  4. 20.1 Gileade Território ao leste do rio Jordão.
  5. 21.11 mas não (…) essa ordem De acordo com a LXX. O TM não tem estas palavras.