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Falando ainda com os discípulos, Jesus continuou: “É realmente como vos digo: alguns dos que estão aqui agora não morrerão sem ver o reino de Deus chegar com grande poder!”

Jesus transfigura-se

(Mt 17.1-13; Lc 9.28-36)

Passados seis dias, Jesus levou Pedro, Tiago e João ao cimo de um alto monte. Não havia ali mais ninguém. O aspeto de Jesus mudou e a sua roupa ficou de uma brancura deslumbrante que nenhum processo humano conseguiria alcançar. Então apareceram Elias e Moisés e puseram-se a falar com Jesus.

“Mestre, que bom é estarmos aqui!”, exclamou Pedro. “Façamos três tendas: um para ti, outro para Moisés e outro para Elias!” Falava assim por nada mais lhe vir à ideia. Estavam cheios de espanto. Então uma nuvem cobriu-os e dela saiu uma voz que disse: “Este é o meu Filho amado. Ouçam-no!”

Nesse momento olharam em torno, não viram mais ninguém com eles, senão apenas Jesus.

Enquanto desciam do monte, Jesus recomendou-lhes que não relatassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos. 10 Por isso, guardaram o sucedido para si mesmos. Contudo, muitas vezes falavam a respeito disso, perguntando entre si o que quereria ele dizer com “levantar-se de entre os mortos.”

11 E perguntaram-lhe: “Porque é que os especialistas na Lei insistem que Elias deve vir antes?”

12 Jesus respondeu: “Elias, de facto, vem primeiro para pôr tudo em ordem. Então porque está escrito que o Filho do Homem deve sofrer e ser rejeitado? 13 Digo-vos: Elias já veio e fizeram dele tudo o que quiseram, como as Escrituras previam.”

A cura do rapaz com um espírito mau

(Mt 17.14-19; Lc 9.37-42)

14 Quando chegaram lá abaixo, encontraram uma grande multidão que rodeava os outros discípulos, enquanto alguns especialistas na Lei discutiam com eles. 15 A multidão olhou com admiração para Jesus, ao vê-lo aproximar-se, e correu a cumprimentá-lo. 16 “Que se passa?”, perguntou.

17 Alguém respondeu do meio da multidão: “Mestre, trouxe o meu filho para que o curasses, pois está dominado por um espírito que não fala. 18 Sempre que o demónio se apodera dele, atira-o ao chão e fá-lo espumar pela boca e ranger os dentes; e assim vai definhando. Pedi aos teus discípulos que expulsassem o demónio, mas não conseguiram.”

19 Jesus disse aos discípulos: “Ó povo sem fé! Até quando terei de andar convosco? Até quando terei de suportar-vos? Tragam-me cá o rapaz!” 20 Trouxeram-lhe o menino, mas ao ver Jesus, o demónio sacudiu em convulsões a criança, que caiu no chão, contorcendo-se e espumando.

21 “Há quanto tempo está ele assim?”, perguntou ao pai.

“Desde pequenino. 22 O demónio fá-lo cair muitas vezes no fogo e na água, para o matar. Tem compaixão de nós e, se puderes, faz alguma coisa!”

23 “Se eu puder?”, perguntou Jesus. “Tudo é possível a quem tem fé!”

24 Ao que o pai respondeu logo: “Eu tenho fé! Ajuda-me a ter mais fé!”

25 Quando Jesus viu que a multidão aumentava, ordenou ao espírito impuro: “Espírito de surdez e mudez, ordeno-te que saias desse menino e não entres mais nele!”

26 Então o espírito soltou um grito terrível, tornou a sacudi-lo e deixou-o em seguida. O menino ficou caído, sem forças, sem se mexer, como se estivesse morto. A multidão começou a dizer à boca pequena: “Morreu!” 27 Mas Jesus tomou-o pela mão, ajudou-o a pôr-se de pé e ele ergueu-se.

28 Mais tarde, estando Jesus sozinho em casa com os discípulos, estes perguntaram-lhe: “Porque não conseguimos expulsar aquele demónio?”

29 “Para casos como este é preciso orar”, respondeu.

Jesus fala outra vez da sua morte e ressurreição

(Mt 17.22-23; Lc 9.43-45)

30 Deixando aquela região, percorreram a Galileia, onde Jesus procurava evitar toda e qualquer atividade pública, 31 para poder dedicar mais tempo a ensinar os discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, hão de matá-lo mas, três dias depois de ser morto, ressuscitará.” 32 Eles, porém, não compreendiam e tinham medo de lhe fazer perguntas.

Quem é o maior?

(Mt 18.1-5; Lc 9.46-48)

33 Chegaram a Cafarnaum. Quando se encontravam instalados na casa onde iam ficar, perguntou-lhes: “Que vinham a discutir pelo caminho?” 34 Mas tinham vergonha de responder, porque a discussão era sobre qual deles seria o mais importante. 35 Então sentou-se e, chamando-os para junto de si disse: “Quem quiser ser o primeiro será o último e o servo de todos.”

36 Tomando uma criancinha, colocou-a no meio deles, acolheu-a nos braços e disse-lhes: 37 “Quem receber uma criancinha como esta, em meu nome, é a mim que recebe. E quem me receber não é a mim que recebe, mas aquele que me enviou.”

Quem não é contra nós é por nós

(Mt 10.42; Lc 9.49-50)

38 João, um dos seus discípulos, disse-lhe: “Mestre, vimos alguém que se servia do teu nome para expulsar demónios, mas dissemos-lhe que não o fizesse, por não pertencer ao nosso grupo.”

39 “Não o proíbam! Porque ninguém que faça milagres em meu nome vai logo falar mal de mim. 40 Quem não é contra nós está do nosso lado. 41 Se alguém vos der nem que seja um copo de água, por serem de Cristo, é realmente como vos digo, não deixará de ter a sua recompensa.

Não levar os outros a pecar

(Mt 18.8-9; Lc 17.1-2)

42 Quem fizer tropeçar na fé um destes pequeninos que creem em mim, mais valia a esse homem amarrarem-lhe uma mó ao pescoço e ser atirado ao mar. 43-44 Se a tua mão te fizer pecar, corta-a! Mais vale entrar na vida com uma só mão do que ir parar com ambas ao fogo do inferno, que nunca se apaga! 45-46 Se o teu pé te fizer pecar, corta-o! Mais vale entrar na vida coxo do que ser lançado com ambos os pés no inferno. 47 E se o teu olho te fizer pecar, arranca-o! Melhor é entrar no reino de Deus só com um olho do que ser lançado com ambos no inferno, 48 onde os bichos nunca morrem e o fogo nunca se apaga.[a] 49 Porque todos serão como que temperados pelo fogo.

50 O sal é bom para temperar, mas se perder o sabor como pode tornar-se de novo salgado? Vocês devem ter as qualidades do sal e viver em paz uns com os outros.”

O divórcio

(Mt 19.1-9)

10 Dali, Jesus dirigiu-se à região da Judeia, na outra margem do Jordão. Acorreram multidões a ouvi-lo e, como sempre, ele as ensinava. Alguns fariseus foram ter com Jesus, para o pôr à prova, e perguntaram-lhe se era lícito um marido divorciar-se da mulher.

“Que disse Moisés sobre o divórcio?”, perguntou-lhes Jesus.

“Disse que era permitido; que um homem pode escrever uma declaração de divórcio, entregá-la à mulher e mandá-la embora.”

Jesus disse-lhes: “Ele deixou-vos escrito este mandamento por causa da dureza do vosso coração. No entanto, não foi assim que Deus estabeleceu, porque desde o princípio da criação criou o homem e a mulher. Assim, ‘o homem deve deixar o seu pai e a sua mãe, para se unir com a sua mulher, e serão os dois como um só.’[b] Por conseguinte, não mais serão dois, mas como um só. E nenhum homem separe o que Deus juntou.”

10 Mais tarde, estando sozinho com os discípulos em casa, tornaram-lhe a falar naquele assunto. 11 E disse-lhes: “Quem se divorciar da sua mulher para se casar com outra, comete adultério contra ela. 12 E se a mulher se divorciar do marido e se casar outra vez, também comete adultério.”

Jesus e os meninos

(Mt 19.13-15; Lc 18.15-17)

13 E traziam-lhe crianças para que as abençoasse, mas os discípulos diziam-lhes que fossem embora. 14 Ao ver isto, Jesus ficou muito descontente: “Deixem as crianças vir a mim! Não as devem impedir, porque o reino de Deus pertence aos que são como estas crianças. 15 É realmente como vos digo: quem não receber o reino de Deus como uma criança nunca entrará nele.” 16 E, acolhendo as crianças nos braços, colocou as mãos sobre elas e abençoou-as.

O jovem rico

(Mt 19.16-30; Lc 18.18-30)

17 Quando Jesus ir a sair dali, um homem correu para ele, ajoelhou-se e fez-lhe esta pergunta: “Bom Mestre, que farei para obter a vida eterna?”

18 “Porque me chamas bom?”, perguntou-lhe Jesus. “Não há ninguém que seja bom, a não ser Deus[c]. 19 Sabes o que dizem os mandamentos: ‘Não mates, não adulteres, não roubes, não faças uma falsa acusação contra outra pessoa, não enganes, honra o teu pai e a tua mãe.’ ”[d]

20 “Mestre”, respondeu o homem, “desde criança que tenho obedecido a todos estes mandamentos.”

21 Ao olhar para aquele homem, Jesus sentiu uma afeição profunda por ele: “Falta-te uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Vem e segue-me!” 22 Desanimado com estas palavras, foi-se embora triste, porque era muito rico.

23 Jesus, voltando-se, disse aos discípulos: “É quase impossível um rico entrar no reino de Deus!” 24 Os discípulos ficaram admirados com as suas palavras. Jesus, em resposta, de novo lhes explicou: “Meus queridos filhos, é muito difícil, para quem confia nas riquezas, entrar no reino de Deus! 25 É mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha do que um rico entrar no reino de Deus!”

26 Os discípulos, porém, ficaram muito admirados, dizendo uns aos outros: “Então quem é que neste mundo poderá salvar-se?”

27 Jesus olhou para eles e respondeu: “Humanamente falando, ninguém, mas não no que toca a Deus. Na verdade, a Deus tudo é possível.”

28 Pedro começou a dizer-lhe: “Nós deixámos tudo para te seguir.”

29 E Jesus respondeu: “É realmente como vos digo: não há ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos e terras por minha causa e do evangelho, 30 que não venha a receber em recompensa cem vezes mais em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, mas com perseguições, e no mundo futuro terá a vida eterna. 31 Porém, muitos primeiros virão a ser os últimos, e os últimos virão a ser primeiros.”

Jesus fala de novo da sua morte

(Mt 20.17-19; Lc 18.31-33)

32 De subida a caminho de Jerusalém, Jesus ia andando à frente. Os discípulos estavam espantados e as pessoas que seguiam atrás estavam cheias de medo. Então, Jesus tomou os doze à parte e começou a falar-lhes no que ia acontecer-lhe: 33 “Ouçam: vamos para Jerusalém. Lá o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e especialistas na Lei que o condenarão à morte. Entregá-lo-ão aos gentios, 34 que farão troça dele, cuspirão nele, o açoitarão e matarão; mas três dias depois ressuscitará.”

O pedido de Tiago e João

(Mt 20.20-28; Lc 22.24-27)

35 Tiago e João, filhos de Zebedeu, disseram-lhe: “Mestre, queremos pedir-te um favor.”

36 “O que querem que vos faça?”, perguntou-lhes.

37 Responderam-lhe eles: “Concede-nos que, na tua glória, um de nós se sente à tua direita e o outro à tua esquerda.”

38 “Não sabem o que pedem!”, disse-lhes Jesus. “São capazes de beber do cálice de que vou beber ou de receber o batismo com que devo ser batizado?”

39 “Somos, sim!”, disseram.

Jesus respondeu-lhes: “Beberão do meu cálice e serão batizados com o meu batismo, 40 mas não me compete dizer quem se sentará à minha direita ou à minha esquerda. Esses lugares são para quem eles foram preparados.”

41 Quando os outros dez discípulos souberam disto, ficaram indignados com Tiago e João. 42 Mas Jesus reuniu-os e disse: “Como sabem, os que são considerados líderes entre os gentios dominam sobre eles e os que entre eles são grandes tratam-nos autoritariamente. 43 No vosso meio, porém, não é assim. Quem quiser ser grande no vosso meio será vosso servo. 44 E quem quiser ser o primeiro no vosso meio será como o escravo de todos. 45 Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgate de muitos.”

A cura do cego Bartimeu

(Mt 20.29-34; Lc 18.35-43)

46 Entretanto, chegaram a Jericó. Quando, mais tarde, ele e os discípulos deixavam a cidade, seguia-os grande multidão. E aconteceu que um pedinte cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado junto à estrada. 47 Ouvindo dizer que era Jesus de Nazaré, começou a clamar: “Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim!”

48 Muita gente repreendia-o para que se calasse, mas ele clamava cada vez mais alto: “Filho de David, tem misericórdia de mim!”

49 Jesus parou e disse: “Chamem-no.” E chamaram-no. “És um homem com sorte; vai que ele te chamou.” 50 Bartimeu despiu a capa que trazia, atirou-a para um lado, pôs-se de pé de um salto e encaminhou-se na direção de Jesus.

51 “Que queres que te faça?”, perguntou Jesus. “Mestre, quero ver!”

52 “Está bem. A tua fé curou-te!” E no mesmo instante o cego ficou a ver. E foi atrás de Jesus pela estrada fora.

Jesus entra em Jerusalém

(Mt 21.1-9; Lc 19.28-38; Jo 12.12-15)

11 Quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e Betânia, perto do monte das Oliveiras, enviou dois dos discípulos à frente. “Vão àquela aldeia além e logo à entrada encontrarão uma cria de jumento amarrada, que ninguém montou ainda. Soltem-na e tragam-na. Se alguém vos perguntar: ‘Porque estão a fazer isso?’, respondam, ‘O Senhor precisa dela e em breve a devolverá.’ ”

Os dois homens foram e encontraram a cria de jumento na rua, amarrada do lado de fora de uma casa. E soltaram-no. Algumas pessoas que ali se encontravam perguntaram: “Porque estão a soltar o jumentinho?” Responderam conforme Jesus lhes tinha dito e os homens consentiram.

E levaram o jumentinho a Jesus. Puseram os mantos sobre o lombo do animal e ele montou-o. Muita gente estendeu os seus mantos pelo caminho, enquanto outros cortaram ramos dos campos. As pessoas iam tanto à frente como atrás, exclamando:

“Hossana!
Bendito aquele que vem em nome do Senhor![e]
10 Bendito seja o reino que vem estabelecer, o reino do nosso pai David!
Hossana nas alturas!”

11 Entrou em Jerusalém e dirigiu-se para o templo. Reparou atentamente em tudo à sua volta e foi embora, pois a hora já ia adiantada, retirando-se para Betânia com os doze discípulos.

A figueira mirra

(Mt 21.18-22)

12 No outro dia de manhã, ao saírem de Betânia, Jesus sentiu fome. 13 Vendo ao longe uma figueira coberta de folhas, foi ver se achava algum fruto nela. E aproximando-se, nada achou nela, senão folhas. Aliás, não era a estação de dar figos. 14 Então disse àquela árvore: “Nunca mais ninguém coma fruto de ti, para sempre!” Palavras que os discípulos ouviram.

Jesus no templo

(Mt 21.12-16; Lc 19.45-47; Jo 2.13-16)

15 Voltou a Jerusalém e, ao entrar no templo, começou a expulsar os negociantes e compradores que ali havia; derrubou as mesas dos cambistas e as bancas dos vendedores de pombos; 16 e não deixou entrar mais mercadorias. 17 E explicava-lhes: “As Escrituras afirmam: ‘O meu templo será chamado casa de oração para todas as nações’,[f] mas vocês transformaram-no num covil de ladrões!”[g]

18 Quando os principais sacerdotes e especialistas na Lei souberam o que tinha feito, começaram a estudar a melhor maneira de acabarem com ele. Todavia, tinham medo dele, e que houvesse algum tumulto, porque o ensino de Jesus entusiasmava o povo. 19 Naquela tarde, Jesus e os discípulos deixaram a cidade.

Tenham fé em Deus!

(Mt 21.20-22; 6.14)

20 Na manhã seguinte, indo a passar pela figueira que tinha amaldiçoado, os discípulos repararam que estava seca desde a raiz! 21 Pedro, lembrando-se do que Jesus dissera àquela árvore na véspera, exclamou: “Olha, Mestre, a figueira que amaldiçoaste secou!”

22 Respondeu-lhes Jesus: “Tenham fé em Deus! 23 É realmente como vos digo: quem disser a este monte: ‘Levanta-te e atira-te ao mar!’, não duvidar no seu coração e crer que acontece conforme as suas palavras, assim sucederá. 24 Por isso, podem pedir seja o que for em oração que, se crerem que já o receberam, assim acontecerá. 25 Mas, quando estiverem a orar, perdoem primeiro a toda e qualquer pessoa, para que o vosso Pai que está no céu também vos perdoe as vossas transgressões. 26 Mas, se não perdoarem, o vosso Pai que está nos céus não vos perdoará.”

A autoridade de Jesus questionada

(Mt 21.23-27; Lc 20.1-8)

27 Entretanto, chegaram de novo a Jerusalém. Enquanto passava no recinto do templo, os principais sacerdotes, os especialistas na Lei e os outros anciãos foram ter com ele e perguntaram-lhe: 28 “Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?”

29 Jesus retorquiu-lhes: “Di-lo-ei, se me responderem a uma pergunta: 30 O batismo de João é de inspiração celeste ou humana?”

31 Eles puseram-se a falar entre si: “Se dissermos que é de inspiração celeste, ele perguntará: ‘Então porque não acreditaram nele?’ 32 Mas se dissermos que é de inspiração humana, temos receio da multidão, pois todos têm João na conta de um profeta.” 33 Por fim, responderam: “Não sabemos!”

E Jesus respondeu: “Então também não respondo à vossa pergunta!”

A vinha arrendada

(Mt 21.33-46; Lc 20.9-19)

12 E começou a falar-lhes por meio de parábolas: “Um homem plantou uma vinha, erigiu um muro em volta e construiu um lagar. Construiu também uma torre, arrendou a vinha a uns lavradores e foi de viagem para uma terra distante. Na época devida, enviou um dos servos para receber a sua parte da colheita da vinha. Mas os lavradores espancaram o homem e mandaram-no embora de mãos vazias.

Então o dono enviou outro dos seus servos, mas feriram-no na cabeça e trataram-no mal. Outro homem, que mandou depois, foi assassinado; outros ainda foram espancados ou mortos. Até que só restava um, o seu filho querido.

Finalmente enviou-o. Dizia ele: ‘Hão de respeitar o meu filho.’ Contudo, quando os lavradores o viram chegar, disseram: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e a herança será nossa!’ Agarraram-no, mataram-no e arrastaram-no para fora da vinha.

Que fará o dono da vinha? Digo-vos que virá e matará os lavradores e arrendará a vinha a outros. 10 Não se lembram de ler esta frase nas Escrituras?

‘A pedra que os construtores rejeitaram
veio a tornar-se a pedra fundamental do edifício!
11 Isto foi outra obra que o Senhor fez,
e é espantosa aos nossos olhos!’ ”[h]

12 Os líderes procuraram prender Jesus, pois perceberam que a parábola que contara se referia a eles, mas tinham medo da multidão. E deixaram-no e foram embora.

O pagamento de impostos

(Mt 22.15-22; Lc 20.20-26)

13 Todavia, enviaram fariseus e herodianos para tentar apanhá-lo em alguma coisa que dissesse e pela qual pudesse ser preso. 14 “Mestre”, disseram, “sabemos que dizes a verdade sem hesitações e que não te deixas arrastar pelas opiniões dos homens; antes ensinas com fidelidade os caminhos de Deus. Então diz-nos: estará certo ou não pagarmos impostos a César?”

15 Percebendo a sua hipocrisia, Jesus disse: “Porque estão a tentar apanhar-me numa armadilha? Mostrem-me uma moeda e vos direi.” 16 Quando lhe puseram a moeda na mão, perguntou: “De quem é esta figura e esta inscrição na moeda?” Responderam: “De César.”

17 “Muito bem, deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!” E ficaram muito admirados com semelhante resposta.

O casamento e a ressurreição

(Mt 22.23-33; Lc 20.27-40)

18 Aproximaram-se então os saduceus, que dizem não haver ressurreição, e perguntaram: 19 “Mestre, Moisés deixou-nos uma Lei segundo a qual, quando um homem morre sem deixar filhos, o seu irmão deve casar com a viúva e gerar um filho, de modo a garantir descendência ao irmão defunto. 20 Ora, havia sete irmãos. O mais velho casou-se, morrendo sem descendência. 21 O segundo irmão casou com a viúva, mas também morreu sem deixar filhos. Então o irmão seguinte casou-se com ela e morreu igualmente sem descendência. 22 E assim por diante até que todos morreram sem que houvesse filhos; por fim, a mulher morreu também. 23 Agora queríamos saber: na ressurreição, quando se levantarem dos mortos, de quem será ela esposa, uma vez que foi casada com todos os sete?”

24 Jesus disse: “Não se deverá o vosso erro à vossa ignorância das Escrituras e do poder de Deus? 25 Porque quando os mortos ressuscitarem não se casarão, antes serão como os anjos do céu. 26 E quanto a haver ou não ressurreição dos mortos, nunca leram o que Deus vos diz nas Escrituras? Até os escritos do próprio Moisés provam que sim, porque quando Deus apareceu na sarça ardente, disse a Moisés: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacob.’[i] 27 Portanto, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos. Vocês cometeram um erro grave.”

O maior mandamento

(Mt 22.34-40; Lc 10.25-28)

28 Um dos especialistas na Lei que ouviam a discussão compreendeu que Jesus tinha respondido bem e perguntou-lhe: “Qual é o mandamento mais importante na Lei de Moisés?”

29 Jesus respondeu: “O primeiro mandamento é: ‘Ouve, Israel: Só o Senhor e apenas ele é o nosso Deus. 30 Ama o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força!’[j] 31 O segundo é: ‘Ama o teu próximo como a ti mesmo.’[k] Não há mandamentos maiores do que estes.”

32 O especialista na Lei respondeu-lhe: “Falaste com verdade, Senhor, ao dizeres que só há um Deus e não existe outro. 33 E sei que amá-lo com todo o meu coração, com todo o meu entendimento e com toda a minha força, e amar o próximo como a mim mesmo, é muito mais importante do que oferecer sacrifícios no altar do templo.”

34 Apercebendo-se da compreensão daquele homem, Jesus disse-lhe: “Não andas longe do reino de Deus.” Depois disso, ninguém se atrevia a fazer-lhe qualquer outra pergunta.

O Cristo é filho de quem?

(Mt 22.41-46; Lc 20.41-44)

35 Mais tarde, quando ensinava ao povo no recinto do templo, fez-lhes esta pergunta: “Porque afirmam os especialistas na Lei que o Cristo é descendente de David? 36 Pois o próprio David, inspirado pelo Espírito Santo que falava através dele, disse:

‘Disse o Senhor ao meu Senhor:
“Senta-te à minha direita,
até que ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.” ’[l]

37 Se David lhe chamou Senhor, como pode ser seu filho?” Este género de raciocínio agradou à multidão que o ouvia com grande interesse.

Jesus denuncia os especialistas na Lei

(Mt 23.1-7; Lc 11.43-46; 20.45-47)

38 E outras coisas lhes ensinou nessa ocasião: “Cuidado com os especialistas na Lei, desejosos de pavonear-se em trajes dignos e de receber saudações nas praças, 39 e de ter os assentos presidenciais nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes; 40 que roubam as casas das viúvas e se cobrem para fazer longas orações. Estes receberão um castigo ainda maior.”

A oferta da viúva

(Lc 21.1-4)

41 Depois passou para o lugar onde estavam a caixa das ofertas para o templo e sentou-se ali, observando como o povo dava o dinheiro. Alguns, que eram ricos, punham grandes quantias. 42 Mas veio uma viúva pobre e deixou ficar duas pequenas moedas. 43 Chamando os discípulos, disse: “É realmente como vos digo: aquela pobre viúva foi quem deitou mais no recipiente das ofertas do que todos os outros! 44 De facto, todos eles ofereceram um pouco da sua abundância, mas ela deu todo o dinheiro que lhe restava.”

Sinais do fim dos tempos

(Mt 24.1-22; Lc 21.5-24)

13 Ia a sair do templo naquele dia e um dos discípulos observou: “Mestre, que belas edificações estas! Olha para estas pedras!”

Jesus respondeu: “Estás a ver estes magníficos edifícios? Não será deixada aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada.”

Quando se sentou na encosta do monte das Oliveiras do outro lado do vale, defronte de Jerusalém, Pedro, Tiago, João e André ficaram sozinhos com ele e perguntaram-lhe: “Quando acontecerá isso ao templo e que há algum sinal que anuncie que isso está para acontecer?”

A esta pergunta, Jesus respondeu desta forma: “Tenham cuidado que ninguém vos engane. Porque virão muitos, apresentando-se em meu nome como sendo o Cristo, e enganarão a muitos. Quando ouvirem falar de guerras e notícias de guerras, não fiquem inquietos. Isto tem de acontecer, mas ainda não é o fim. As nações levantar-se-ão umas contra as outras e reino contra reino, e haverá fomes e terramotos em muitos sítios. Isso será apenas o começo dos horrores que hão de vir. Tenham cuidado convosco. Levar-vos-ão aos tribunais e espancar-vos-ão nas sinagogas. Terão de comparecer perante governadores e reis por minha causa, para lhes darem testemunho. 10 Porque este evangelho deverá primeiro ser pregado a todas as nações. 11 Quando vos levarem e vos entregarem, não se preocupem com o que vão dizer, antes digam as palavras que vos forem inspiradas naquele momento. Pois não falarão vocês, mas o Espírito Santo.

12 Um irmão entregará outro irmão à morte e os pais aos próprios filhos. Os filhos levantar-se-ão contra os pais e os farão morrer. 13 Todos vos odiarão por causa do meu nome. Mas quem resistir até ao fim será salvo!

14 Quando virem a abominação desoladora instalada onde não deve estar (quem ler isto preste muita atenção[m]), então aqueles que estiverem na Judeia fujam para as montanhas! 15 Quem estiver no terraço não entre sequer de novo em casa. 16 Quem estiver nos campos não volte para ir buscar roupa. 17 Ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias! 18 Orem para que estas coisas não aconteçam no inverno. 19 Porque serão dias de horror, como nunca houve desde o começo da criação de Deus, nem nunca mais se tornará a ver coisa igual. 20 Se o Senhor não encurtasse aqueles dias, toda a humanidade se perderia. Mas por amor dos seus escolhidos, encurtará aqueles dias.

Jesus fala do seu regresso

(Mt 24.23-35; Lc 21.25-33)

21 E se então alguém vos disser: ‘O Cristo apareceu aqui ou está além, naquela vila’, não acreditem. 22 Porque haverá muitos falsos Cristos e falsos profetas cujos sinais enganariam, se possível, os próprios escolhidos de Deus. 23 Tenham cuidado, porque já vos avisei sobre tudo.

24 Mas naqueles dias, acabada a aflição, o Sol ficará escuro, a Lua negra, 25 as estrelas cairão do céu e as forças que suportam o universo serão sacudidas. 26 E então os povos da Terra verão o Filho do Homem, vindo no meio de nuvens com grande poder e glória. 27 E enviará os anjos, para juntarem os seus escolhidos de todos os cantos do mundo, dos extremos da Terra aos extremos do céu.

28 Aprendam agora com esta parábola sobre a figueira: quando o ramo está tenro e as folhas começam a romper, sabem que o verão está perto. 29 Quando virem acontecer estas coisas que vos contei, podem estar certos de que o meu regresso está muito próximo e que me encontro às portas. 30 É realmente como vos digo: esta geração não passará sem que todas estas coisas aconteçam. 31 O céu e a Terra desaparecerão, mas as minhas palavras permanecem para sempre.

Ninguém sabe o dia nem a hora

(Mt 24.36-51; Lc 21.34-36)

32 Contudo, ninguém sabe a data e a hora em que o fim virá, nem mesmo os anjos, nem sequer o Filho de Deus. Só o Pai o sabe. 33 Portanto, conservem-se alerta, vigilantes, pois não sabem quando isto se passará.

34 A minha vinda pode ser comparada com a de um homem que foi de viagem para outro país e que, distribuindo as tarefas que os servos deveriam fazer durante a sua ausência, disse ao porteiro que vigiasse o que se passava à sua volta. 35 Portanto, vigiem bem, porque não sabem quando o Senhor da casa virá; se ao anoitecer, se à meia-noite, se ao cantar do galo ou de manhã. 36 Que eu não vos encontre a dormir! 37 Estejam atentos ao meu regresso é a minha recomendação para vocês e para todos os demais.”

Jesus é ungido em Betânia

(Mt 26.2-16; Lc 7.37-38; 22.1-13; Jo 11.45-53; 12.1-8)

14 Dois dias depois começava a festejar-se a Páscoa, celebração durante a qual não se comia pão que levasse fermento. Os principais sacerdotes e os especialistas na Lei não desistiam de procurar ocasião para prender Jesus secretamente e entregá-lo à morte. “Todavia, não o poderemos fazer durante a festa da Páscoa”, diziam, “para que não haja tumulto.”

Entretanto, Jesus encontrava-se em Betânia em casa de Simão, o leproso. Durante a ceia, entrou uma mulher com um belo vaso de alabastro com um perfume muito caro feito de nardo puro, a qual, quebrando o selo, lhe derramou o perfume sobre a cabeça. Alguns dos que estavam à mesa ficaram zangados por aquilo a que chamavam um desperdício. “Mais valia tê-lo vendido por 300 moedas de prata[n] e dado o produto aos pobres!”, murmuravam, condenando-a com dureza.

Mas Jesus respondeu: “Deixem-na em paz! Porque estão a causar-lhe problemas, se ela me fez uma boa ação? É que os pobres sempre os terão convosco, e quando o desejarem poderão fazer-lhes o bem. Mas a mim nem sempre me terão. Ela fez o que lhe foi possível e perfumou antecipadamente o meu corpo para a sepultura. É realmente como vos digo: onde quer que o evangelho seja pregado no mundo inteiro, este gesto será lembrado e elogiado.”

10 Então Judas Iscariotes, um dos discípulos, foi ter com os principais sacerdotes, para combinar a melhor forma de lhes entregar Jesus. 11 Quando esses sacerdotes souberam o motivo da sua vinda, ficaram alvoroçados e radiantes, e prometeram-lhe uma recompensa. Então começou a preparar o momento e o local certos para trair Jesus.

A ceia do Senhor

(Mt 26.17-29; Lc 22.7-23; Lc 22.17-23; 1 Co 11.23-25)

12 No primeiro dia da celebração dos pães sem fermento, em que se matava o cordeiro da Páscoa, os seus discípulos perguntaram: “Onde queres que te vamos preparar a refeição da Páscoa?”

13 Jesus mandou dois dos discípulos à cidade fazer os preparativos: “No caminho, passarão por um homem transportando um cântaro de água. Sigam-no. 14 E na casa onde entrar digam ao dono: ‘O Mestre pergunta: “Onde fica a sala onde irei comer a refeição da Páscoa com os meus discípulos?” ’ 15 Ele vos levará ao andar de cima, a uma sala grande, toda arranjada e preparada. É ali que devem preparar a nossa ceia.”

16 Os discípulos partiram, entraram na cidade e, tendo encontrado tudo como Jesus tinha dito, prepararam a ceia da Páscoa.

17 Ao anoitecer, Jesus chegou com os doze discípulos. 18 Quando estavam sentados, a comer em volta da mesa, Jesus revelou-lhes: “É realmente como vos digo: um de vocês, um dos que está aqui a comer comigo, vai trair-me!”

19 Eles começaram a ficar tristes e a perguntar-lhe um após outro: “Serei eu?”

20 Ele respondeu: “É um dos doze, que está agora a molhar comigo o pão no prato. 21 O Filho do Homem tem de morrer, tal como as Escrituras disseram há muito. Mas ai do homem que me vai trair! Mais valia nunca ter nascido!”

22 Enquanto comiam, Jesus pegou no pão e, dando graças a Deus por ele, partiu-o e deu-o aos discípulos: “Tomem; este é o meu corpo.”

23 E levantando um cálice de vinho, agradeceu a Deus por ele, distribuiu-o pelos discípulos e todos beberam dele. 24 E disse-lhes:

“Isto é o meu sangue que sela a aliança e que é derramado em favor de muitos. 25 É realmente como vos digo: não beberei outra vez vinho senão no dia em que o beber de novo no reino de Deus.” 26 Depois de cantarem um hino, foram até ao monte das Oliveiras.

Jesus prediz a negação de Pedro

(Mt 26.30-35; Lc 22.31-34; Jo 13.37-38)

27 Então Jesus disse-lhes: “Todos irão abandonar-me, porque as Escrituras dizem: ‘Ferirei o pastor e espalhar-se-ão as ovelhas.’[o] 28 Mas depois de eu ressuscitar, irei para a Galileia e lá me encontrarei convosco.”

29 Pedro disse-lhe: “Façam os outros o que fizerem, nunca te abandonarei!”

30 Mas Jesus disse: “A verdade é que esta mesma noite, antes que o galo cante pela segunda vez, negar-me-ás três vezes!”

31 “Não!”, insistiu Pedro. “Nem que tenha de morrer contigo, nunca te negarei!” E todos garantiram o mesmo.

Getsemane

32 Entretanto, chegaram ao lugar chamado Getsemane, onde disse aos discípulos: “Sentem-se aqui enquanto vou orar.”

33 Levando consigo Pedro, Tiago e João, começou a encher-se de pavor e angústia. 34 E disse-lhes: “A minha alma está cheia de uma tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem.”

35 Indo um pouco mais adiante, prostrou-se na terra e orou para que, se fosse possível, não chegasse a terrível hora que o esperava: 36 “Pai, a ti tudo é possível! Afasta de mim este cálice. Todavia, desejo a tua vontade e não a minha.”

Footnotes

  1. 9.48 Is 66.24.
  2. 10.8 Gn 2.24.
  3. 10.18 Com estas palavras, Jesus não expressa uma atitude de humildade, como se quisesse dizer que ele próprio não é bom. A intenção de Jesus parece mais bem ser testar a fé que o seu interlocutor teria nele e na sua autoridade, na qualidade de Deus e Mestre (v. 21).
  4. 10.19 Êx 20.12-16; Dt 5.16-20.
  5. 11.9 Sl 118.25-26.
  6. 11.17 Is 56.7.
  7. 11.17 Jr 7.11.
  8. 12.11 Sl 118.22-23.
  9. 12.26 Êx 3.6.
  10. 12.30 Dt 6.4-5.
  11. 12.31 Lv 19.18.
  12. 12.36 Sl 110.1.
  13. 13.14 Jesus refere os textos do profeta Dn 9.27; 11.31; 12.11.
  14. 14.5 Trezentos denários, o valor de um ano de salário.
  15. 14.27 Zc 13.7.

Dizia-lhes também: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte sem que vejam chegado o Reino de Deus com poder.

A transfiguração(A)

E, seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e os levou sós, em particular, a um alto monte, e transfigurou-se diante deles. E as suas vestes tornaram-se resplandecentes, em extremo brancas como a neve, tais como nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia branquear. E apareceram-lhes Elias e Moisés e falavam com Jesus. E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui e façamos três cabanas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias. Pois não sabia o que dizia, porque estavam assombrados. E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz, que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi. E, tendo olhado ao redor, ninguém mais viram, senão Jesus com eles.

E, descendo eles do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos. 10 E eles retiveram o caso entre si, perguntando uns aos outros que seria aquilo, ressuscitar dos mortos. 11 E interrogaram-no, dizendo: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro? 12 E, respondendo ele, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e todas as coisas restaurará; e, como está escrito do Filho do Homem, que ele deva padecer muito e ser aviltado. 13 Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo o que quiseram, como dele está escrito.

O jovem lunático(B)

14 E, quando se aproximou dos discípulos, viu ao redor deles grande multidão e alguns escribas que disputavam com eles. 15 E logo toda a multidão, vendo-o, ficou espantada, e, correndo para ele, o saudaram. 16 E perguntou aos escribas: Que é que discutis com eles? 17 E um da multidão, respondendo, disse: Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo; 18 e este, onde quer que o apanha, despedaça-o, e ele espuma, e range os dentes, e vai-se secando; e eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam. 19 E ele, respondendo-lhes, disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei ainda? Trazei-mo. 20 E trouxeram-lho; e, quando ele o viu, logo o espírito o agitou com violência; e, caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, espumando. 21 E perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse-lhe: Desde a infância. 22 E muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. 23 E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê. 24 E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade. 25 E Jesus, vendo que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: sai dele e não entres mais nele. 26 E ele, clamando e agitando-o com violência, saiu; e ficou o menino como morto, de tal maneira que muitos diziam que estava morto. 27 Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou.

28 E, quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que o não pudemos nós expulsar? 29 E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum.

O maior no Reino dos céus(C)

30 E, tendo partido dali, caminharam pela Galileia, e não queria que alguém o soubesse, 31 porque ensinava os seus discípulos e lhes dizia: O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens e matá-lo-ão; e, morto, ele ressuscitará ao terceiro dia. 32 Mas eles não entendiam esta palavra e receavam interrogá-lo.

33 E chegou a Cafarnaum e, entrando em casa, perguntou-lhes: Que estáveis vós discutindo pelo caminho? 34 Mas eles calaram-se, porque, pelo caminho, tinham disputado entre si qual era o maior. 35 E ele, assentando-se, chamou os doze e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos. 36 E, lançando mão de uma criança, pô-la no meio deles e, tomando-a nos seus braços, disse-lhes: 37 Qualquer que receber uma destas crianças em meu nome a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber recebe não a mim, mas ao que me enviou.

Quem não é contra nós é por nós(D)

38 E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que, em teu nome, expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue. 39 Jesus, porém, disse: Não lho proibais, porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim. 40 Porque quem não é contra nós é por nós. 41 Porquanto qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois discípulos de Cristo, em verdade vos digo que não perderá o seu galardão.

Os escândalos

42 E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma grande pedra de moinho e que fosse lançado no mar. 43 E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, 44 onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. 45 E, se o teu pé te escandalizar, corta-o; melhor é para ti entrares coxo na vida do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno, no fogo que nunca se apaga, 46 onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. 47 E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no Reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, ser lançado no fogo do inferno, 48 onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.

49 Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal. 50 Bom é o sal, mas, se o sal se tornar insulso, com que o adubareis? Tende sal em vós mesmos e paz, uns com os outros.

O divórcio(E)

10 E, levantando-se dali, foi para o território da Judeia, além do Jordão, e a multidão se reuniu em torno dele; e tornou a ensiná-los, como tinha por costume.

E, aproximando-se dele os fariseus, perguntaram-lhe, tentando-o: É lícito ao homem repudiar sua mulher? Mas ele, respondendo, disse-lhes: Que vos mandou Moisés? E eles disseram: Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza do vosso coração vos deixou ele escrito esse mandamento; porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso, deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua mulher. E serão os dois uma só carne e, assim, não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem.

10 E em casa tornaram os discípulos a interrogá-lo acerca disso mesmo. 11 E ele lhes disse: Qualquer que deixar a sua mulher e casar com outra adultera contra ela. 12 E, se a mulher deixar a seu marido e casar com outro, adultera.

Jesus abençoa as crianças(F)

13 E traziam-lhe crianças para que lhes tocasse, mas os discípulos repreendiam aos que lhas traziam. 14 Jesus, porém, vendo isso, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir os pequeninos a mim e não os impeçais, porque dos tais é o Reino de Deus. 15 Em verdade vos digo que qualquer que não receber o Reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. 16 E, tomando-as nos seus braços e impondo-lhes as mãos, as abençoou.

O jovem rico(G)

17 E, pondo-se a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele e lhe perguntou: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? 18 E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém bom senão um, que é Deus. 19 Tu sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falsos testemunhos; não defraudarás alguém; honra a teu pai e a tua mãe. 20 Ele, porém, respondendo, lhe disse: Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade. 21 E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, e vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me. 22 Mas ele, contrariado com essa palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.

23 Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas! 24 E os discípulos se admiraram destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no Reino de Deus! 25 É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus. 26 E eles se admiravam ainda mais, dizendo entre si: Quem poderá, pois, salvar-se? 27 Jesus, porém, olhando para eles, disse: Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis. 28 E Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos e te seguimos. 29 E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, 30 que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições, e, no século futuro, a vida eterna. 31 Porém muitos primeiros serão derradeiros, e muitos derradeiros serão primeiros.

O pedido dos filhos de Zebedeu(H)

32 E iam no caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus ia adiante deles. E eles maravilhavam-se e seguiam-no atemorizados. E, tornando a tomar consigo os doze, começou a dizer-lhes as coisas que lhe deviam sobrevir, 33 dizendo: Eis que nós subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas, e o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios, 34 e o escarnecerão, e açoitarão, e cuspirão nele, e o matarão; mas, ao terceiro dia, ressuscitará.

35 E aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: Mestre, queremos que nos faças o que pedirmos. 36 E ele lhes disse: Que quereis que vos faça? 37 E eles lhe disseram: Concede-nos que, na tua glória, nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda. 38 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? 39 E eles lhe disseram: Podemos. Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade vós bebereis o cálice que eu beber e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado, 40 mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence a mim concedê-lo, mas isso é para aqueles a quem está reservado. 41 E os dez, tendo ouvido isso, começaram a indignar-se contra Tiago e João. 42 Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes das gentes delas se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas; 43 mas entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal. 44 E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos. 45 Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.

O cego de Jericó(I)

46 Depois, foram para Jericó. E, saindo ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado junto ao caminho, mendigando. 47 E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a clamar e a dizer: Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! 48 E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava cada vez mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim! 49 E Jesus, parando, disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, que ele te chama. 50 E ele, lançando de si a sua capa, levantou-se e foi ter com Jesus. 51 E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista. 52 E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.

A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém(J)

11 E, logo que se aproximaram de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, junto ao monte das Oliveiras, enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e, logo que ali entrardes, encontrareis preso um jumentinho, sobre o qual ainda não montou homem algum; soltai-o e trazei-mo. E, se alguém vos disser: Por que fazeis isso?, dizei-lhe que o Senhor precisa dele, e logo o deixará trazer para aqui. E foram, e encontraram o jumentinho preso fora da porta, entre dois caminhos, e o soltaram. E alguns dos que ali estavam lhes disseram: Que fazeis, soltando o jumentinho? Eles, porém, disseram-lhes como Jesus lhes tinha mandado; e os deixaram ir. E levaram o jumentinho a Jesus e lançaram sobre ele as suas vestes, e assentou-se sobre ele. E muitos estendiam as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos das árvores e os espalhavam pelo caminho. E aqueles que iam adiante e os que seguiam clamavam, dizendo: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! 10 Bendito o Reino do nosso pai Davi, que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!

11 E Jesus entrou em Jerusalém, no templo, e, tendo visto tudo ao redor, como fosse já tarde, saiu para Betânia, com os doze.

A figueira seca. A purificação do templo(K)

12 E, no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. 13 Vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. 14 E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os seus discípulos ouviram isso.

15 E vieram a Jerusalém; e Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. 16 E não consentia que ninguém levasse algum vaso pelo templo. 17 E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada por todas as nações casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões. 18 E os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isso, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam porque toda a multidão estava admirada acerca da sua doutrina. 19 E, sendo já tarde, saiu para fora da cidade.

20 E eles, passando pela manhã, viram que a figueira se tinha secado desde as raízes. 21 E Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, eis que a figueira que tu amaldiçoaste se secou. 22 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus, 23 porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito. 24 Por isso, vos digo que tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis. 25 E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. 26 Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas.

Interrogação acerca do batismo de João

27 E tornaram a Jerusalém; e, andando ele pelo templo, os principais dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos se aproximaram dele 28 e lhe disseram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? Ou quem te deu tal autoridade para fazer estas coisas? 29 Mas Jesus, respondendo, disse-lhes: Também eu vos perguntarei uma coisa, e respondei-me; e, então, vos direi com que autoridade faço estas coisas. 30 O batismo de João era do céu ou dos homens? Respondei-me. 31 E eles arrazoavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então, por que o não crestes? 32 Se, porém, dissermos: Dos homens, tememos o povo, porque todos sustentavam que João, verdadeiramente, era profeta. 33 E, respondendo, disseram a Jesus: Não sabemos. E Jesus lhes replicou: Também eu vos não direi com que autoridade faço estas coisas.

A parábola dos lavradores malvados(L)

12 E começou a falar-lhes por parábolas: Um homem plantou uma vinha, e cercou-a de um valado, e fundou nela um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e partiu para fora da terra. E, chegado o tempo, mandou um servo aos lavradores para que recebesse, dos lavradores, do fruto da vinha. Mas estes, apoderando-se dele, o feriram e o mandaram embora vazio. E tornou a enviar-lhes outro servo; e eles, apedrejando-o, o feriram na cabeça e o mandaram embora, tendo-o afrontado. E tornou a enviar-lhes outro, e a este mataram; e a outros muitos, dos quais a uns feriram e a outros mataram. Tendo ele, pois, ainda um, seu filho amado, enviou-o também a estes por derradeiro, dizendo: Ao menos terão respeito ao meu filho. Mas aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vamos, matemo-lo, e a herança será nossa. E, agarrando-o, o mataram e o lançaram fora da vinha. Que fará, pois, o Senhor da vinha? Virá, e destruirá os lavradores, e dará a vinha a outros. 10 Ainda não lestes esta Escritura: A pedra que os edificadores rejeitaram, esta foi posta por cabeça da esquina; 11 isso foi feito pelo Senhor e é coisa maravilhosa aos nossos olhos? 12 E buscavam prendê-lo, mas temiam a multidão, porque entendiam que contra eles dizia esta parábola; e, deixando-o, foram-se.

Interrogação acerca do tributo(M)

13 E enviaram-lhe alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra. 14 E, chegando eles, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és homem de verdade e não te importas com quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos homens, antes, com verdade, ensinas o caminho de Deus. É lícito pagar tributo a César ou não? Pagaremos ou não pagaremos? 15 Então, ele, conhecendo a sua hipocrisia, disse-lhes: Por que me tentais? Trazei-me uma moeda, para que a veja. 16 E eles lha trouxeram. E disse-lhes: De quem é esta imagem e inscrição? E eles lhe disseram: De César. 17 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus. E maravilharam-se dele.

Os saduceus e a ressurreição(N)

18 Então, os saduceus, que dizem que não há ressurreição, aproximaram-se dele e perguntaram-lhe, dizendo: 19 Mestre, Moisés nos escreveu que, se morresse o irmão de alguém, e deixasse mulher, e não deixasse filhos, seu irmão tomasse a mulher dele e suscitasse descendência a seu irmão. 20 Ora, havia sete irmãos, e o primeiro tomou mulher e morreu sem deixar descendência; 21 e o segundo também a tomou, e morreu, e nem este deixou descendência; e o terceiro, da mesma maneira. 22 E tomaram-na os sete, sem, contudo, terem deixado descendência. Finalmente, depois de todos, morreu também a mulher. 23 Na ressurreição, pois, quando ressuscitarem, de qual destes será a mulher? Porque os sete a tiveram por mulher. 24 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura, não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus? 25 Porquanto, quando ressuscitarem dos mortos, nem casarão, nem se darão em casamento, mas serão como os anjos nos céus. 26 E, acerca dos mortos que houverem de ressuscitar, não tendes lido no livro de Moisés como Deus lhe falou na sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? 27 Ora, Deus não é de mortos, mas sim é Deus de vivos. Por isso, vós errais muito.

O primeiro de todos os mandamentos(O)

28 Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar e, sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? 29 E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. 30 Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. 31 E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. 32 E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus e que não há outro além dele; 33 e que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças e amar o próximo como a si mesmo é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios. 34 E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada.

O Cristo, Filho de Davi(P)

35 E, falando Jesus, dizia, ensinando no templo: Como dizem os escribas que o Cristo é Filho de Davi? 36 O próprio Davi disse pelo Espírito Santo: O Senhor disse ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. 37 Pois, se Davi mesmo lhe chama Senhor, como é logo seu filho? E a grande multidão o ouvia de boa vontade.

Jesus censura os escribas(Q)

38 E, ensinando-os, dizia-lhes: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças, 39 e das primeiras cadeiras nas sinagogas, e dos primeiros assentos nas ceias; 40 que devoram as casas das viúvas e isso, com pretexto de largas orações. Estes receberão mais grave condenação.

A oferta da viúva pobre(R)

41 E, estando Jesus assentado defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos ricos depositavam muito. 42 Vindo, porém, uma pobre viúva, depositou duas pequenas moedas, que valiam cinco réis. 43 E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva depositou mais do que todos os que depositaram na arca do tesouro; 44 porque todos ali depositaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, depositou tudo o que tinha, todo o seu sustento.

O sermão profético. O princípio de dores(S)

13 E, saindo ele do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que edifícios! E, respondendo Jesus, disse-lhe: Vês estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada.

E, assentando-se ele no monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, e Tiago, e João, e André lhe perguntaram em particular: Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir. E Jesus, respondendo-lhes, começou a dizer: Olhai que ninguém vos engane, porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos. E, quando ouvirdes de guerras e de rumores de guerras, não vos perturbeis, porque assim deve acontecer; mas ainda não será o fim. Porque se levantará nação contra nação, e reino, contra reino, e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes. Isso será o princípio de dores.

Mas olhai por vós mesmos, porque vos entregarão aos concílios e às sinagogas; sereis açoitados e sereis apresentados ante governadores e reis, por amor de mim, para lhes servir de testemunho. 10 Mas importa que o evangelho seja primeiramente pregado entre todas as nações: 11 Quando, pois, vos conduzirem para vos entregarem, não estejais solícitos de antemão pelo que haveis de dizer; mas o que vos for dado naquela hora, isso falai; porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo. 12 E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai, o filho; e levantar-se-ão os filhos contra os pais e os farão morrer. 13 E sereis aborrecidos por todos por amor do meu nome; mas quem perseverar até ao fim, esse será salvo.

O sermão profético continua. A grande tribulação(T)

14 Ora, quando vós virdes a abominação do assolamento, que foi predito, estar onde não deve estar (quem lê, que entenda), então, os que estiverem na Judeia, que fujam para os montes; 15 e o que estiver sobre o telhado, que não desça para casa, nem entre a tomar coisa alguma de sua casa; 16 e o que estiver no campo, que não volte atrás, para tomar a sua veste. 17 Mas ai das grávidas e das que criarem naqueles dias! 18 Orai, pois, para que a vossa fuga não suceda no inverno, 19 porque, naqueles dias, haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá. 20 E, se o Senhor não abreviasse aqueles dias, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos escolhidos que escolheu, abreviou aqueles dias. 21 E, então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo, ou: Ei-lo ali, não acrediteis. 22 Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas e farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos. 23 Mas vós vede; eis que de antemão vos tenho dito tudo.

O sermão profético continua. A vinda do Filho do Homem(U)

24 Ora, naqueles dias, depois daquela aflição, o sol se escurecerá, e a lua não dará a sua luz. 25 E as estrelas cairão do céu, e as forças que estão nos céus serão abaladas. 26 E, então, verão vir o Filho do Homem nas nuvens, com grande poder e glória. 27 E ele enviará os seus anjos e ajuntará os seus escolhidos, desde os quatro ventos, da extremidade da terra até a extremidade do céu.

28 Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já o seu ramo se torna tenro, e brotam folhas, bem sabeis que está próximo o verão. 29 Assim também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que está perto, às portas. 30 Na verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas essas coisas aconteçam. 31 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.

O sermão profético continua. A vigilância

32 Mas, daquele Dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai.

33 Olhai, vigiai e orai, porque não sabeis quando chegará o tempo. 34 É como se um homem, partindo para fora da terra, deixasse a sua casa, e desse autoridade aos seus servos, e a cada um, a sua obra, e mandasse ao porteiro que vigiasse. 35 Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, 36 para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo. 37 E as coisas que vos digo digo-as a todos: Vigiai.

A consulta dos sacerdotes(V)

14 E, dali a dois dias, era a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos; e os principais dos sacerdotes e os escribas buscavam como o prenderiam com dolo e o matariam. Mas eles diziam: Não na festa, para que, porventura, se não faça alvoroço entre o povo.

O jantar em Betânia(W)

E, estando ele em Betânia assentado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro, com unguento de nardo puro, de muito preço, e, quebrando o vaso, lho derramou sobre a cabeça. E alguns houve que em si mesmos se indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício de unguento? Porque podia vender-se por mais de trezentos dinheiros e dá-lo aos pobres. E bramavam contra ela. Jesus, porém, disse: Deixai-a, para que a molestais? Ela fez-me boa obra. Porque sempre tendes os pobres convosco e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes; mas a mim nem sempre me tendes. Esta fez o que podia; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura. Em verdade vos digo que, em todas as partes do mundo onde este evangelho for pregado, também o que ela fez será contado para sua memória.

O preço da traição(X)

10 E Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais dos sacerdotes para lho entregar. 11 E eles, ouvindo-o, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro; e buscava como o entregaria em ocasião oportuna.

A última Páscoa. A Santa Ceia(Y)

12 E, no primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, quando sacrificavam a Páscoa, disseram-lhe os discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comer a Páscoa? 13 E enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes: Ide à cidade, e um homem que leva um cântaro de água vos encontrará; segui-o. 14 E, onde quer que entrar, dizei ao senhor da casa: O Mestre diz: Onde está o aposento em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos? 15 E ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado e preparado; preparai-a ali. 16 E, saindo os seus discípulos, foram à cidade, e acharam como lhes tinha dito, e prepararam a Páscoa.

17 E, chegada a tarde, foi com os doze. 18 E, quando estavam assentados a comer, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me. 19 E eles começaram a entristecer-se e a dizer-lhe um após outro: Porventura, sou eu, Senhor? E outro: Porventura, sou eu, Senhor? 20 Mas ele, respondendo, disse-lhes: É um dos doze, que mete comigo a mão no prato. 21 Na verdade o Filho do Homem vai, como dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem é traído! Bom seria para o tal homem não haver nascido.

22 E, comendo eles, tomou Jesus pão, e, abençoando-o, o partiu, e deu-lho, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. 23 E, tomando o cálice e dando graças, deu-lho; e todos beberam dele. 24 E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que por muitos é derramado. 25 Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da vide, até àquele Dia em que o beber novo, no Reino de Deus. 26 E, tendo cantado o hino, saíram para o monte das Oliveiras.

Pedro é avisado(Z)

27 E disse-lhes Jesus: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim, porque escrito está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão. 28 Mas, depois que eu houver ressuscitado, irei adiante de vós para a Galileia. 29 E disse-lhe Pedro: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu. 30 E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. 31 Mas ele disse com mais veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. E da mesma maneira diziam todos também.

Jesus no Getsêmani(AA)

32 E foram a um lugar chamado Getsêmani, e disse aos seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu oro. 33 E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João e começou a ter pavor e a angustiar-se. 34 E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai. 35 E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. 36 E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres. 37 E, chegando, achou-os dormindo e disse a Pedro: Simão, dormes? Não podes vigiar uma hora? 38 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. 39 E foi outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras. 40 E, voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam carregados, e não sabiam o que responder-lhe. 41 E voltou terceira vez e disse-lhes: Dormi agora e descansai. Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. 42 Levantai-vos, vamos; eis que está perto o que me trai.

Jesus é preso(AB)

43 E logo, falando ele ainda, veio Judas, que era um dos doze, da parte dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e dos anciãos, e, com ele, uma grande multidão com espadas e porretes. 44 Ora, o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o e levai-o com segurança. 45 E, logo que chegou, aproximou-se dele e disse-lhe: Rabi, Rabi. E beijou-o. 46 E lançaram-lhe as mãos e o prenderam. 47 E um dos que ali estavam presentes, puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe uma orelha. 48 E, respondendo Jesus, disse-lhes: Saístes com espadas e porretes a prender-me, como a um salteador? 49 Todos os dias estava convosco ensinando no templo, e não me prendestes; mas isto é para que as Escrituras se cumpram. 50 Então, deixando-o, todos fugiram.

51 E um jovem o seguia, envolto em um lençol sobre o corpo nu. E lançaram-lhe as mãos, 52 mas ele, largando o lençol, fugiu nu.

Jesus perante o Sinédrio(AC)

53 E levaram Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os principais dos sacerdotes, e os anciãos, e os escribas. 54 E Pedro o seguiu de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote e estava assentado com os servidores, aquentando-se ao lume. 55 E os principais dos sacerdotes e todo o concílio buscavam algum testemunho contra Jesus, para o matar, e não o achavam. 56 Porque muitos testificavam falsamente contra ele, mas os testemunhos não eram coerentes. 57 E, levantando-se alguns, testificavam falsamente contra ele, dizendo: 58 Nós ouvimos-lhe dizer: Eu derribarei este templo, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens. 59 E nem assim o testemunho deles era coerente. 60 E, levantando-se o sumo sacerdote no Sinédrio, perguntou a Jesus, dizendo: Nada respondes? Que testificam estes contra ti? 61 Mas ele calou-se e nada respondeu. O sumo sacerdote lhe tornou a perguntar e disse-lhe: És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito? 62 E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu. 63 E o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que necessitamos de mais testemunhas? 64 Vós ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o consideraram culpado de morte. 65 E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe punhadas, e a dizer-lhe: Profetiza. E os servidores davam-lhe bofetadas.

Pedro nega a Jesus(AD)

66 E, estando Pedro embaixo, no átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote; 67 e, vendo a Pedro, que estava se aquentando, olhou para ele e disse: Tu também estavas com Jesus, o Nazareno. 68 Mas ele negou-o, dizendo: Não o conheço, nem sei o que dizes. E saiu fora ao alpendre, e o galo cantou. 69 E a criada, vendo-o outra vez, começou a dizer aos que ali estavam: Este é um dos tais. 70 Mas ele o negou outra vez. E, pouco depois, os que ali estavam disseram outra vez a Pedro: Verdadeiramente, tu és um deles, porque és também galileu. 71 E ele começou a imprecar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais. 72 E o galo cantou segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que Jesus lhe tinha dito: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás tu. E, retirando-se dali, chorou.

Jesus perante Pilatos(AE)

15 E, logo ao amanhecer, os principais dos sacerdotes, e os anciãos, e os escribas, e todo o Sinédrio tiveram conselho; e, amarrando Jesus, o levaram e entregaram a Pilatos. E Pilatos lhe perguntou: Tu és o Rei dos judeus? E ele, respondendo, disse-lhe: Tu o dizes. E os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas, porém ele nada respondia. E Pilatos o interrogou outra vez, dizendo: Nada respondes? Vê quantas coisas testificam contra ti. Mas Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se maravilhava.

Ora, no dia da festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem. E havia um chamado Barrabás, que, preso com outros amotinadores, tinha num motim cometido uma morte. E a multidão, dando gritos, começou a pedir que fizesse como sempre lhes tinha feito. E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis que vos solte o Rei dos judeus? 10 Porque ele bem sabia que, por inveja, os principais dos sacerdotes o tinham entregado. 11 Mas os principais dos sacerdotes incitaram a multidão para que fosse solto antes Barrabás. 12 E Pilatos, respondendo, lhes disse outra vez: Que quereis, pois, que faça daquele a quem chamais Rei dos judeus? 13 E eles tornaram a clamar: Crucifica-o. 14 Mas Pilatos lhes disse: Mas que mal fez? E eles cada vez clamavam mais: Crucifica-o. 15 Então, Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou-lhes Barrabás, e, açoitado Jesus, o entregou para que fosse crucificado.

16 E os soldados o levaram para dentro do palácio, à sala da audiência, e convocaram toda a coorte. 17 E vestiram-no de púrpura e, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram na cabeça. 18 E começaram a saudá-lo, dizendo: Salve, Rei dos judeus! 19 E feriram-no na cabeça com uma cana, e cuspiram nele, e, postos de joelhos, o adoravam. 20 E, havendo-o escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e o vestiram com as suas próprias vestes, e o levaram para fora, a fim de o crucificarem.

A crucificação(AF)

21 E constrangeram um certo Simão Cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz.

22 E levaram-no ao lugar do Gólgota, que se traduz por lugar da Caveira. 23 E deram-lhe a beber vinho com mirra, mas ele não o tomou. 24 E, havendo-o crucificado, repartiram as suas vestes, lançando sobre eles sortes, para saber o que cada um levaria. 25 E era a hora terceira, e o crucificaram. 26 E, por cima dele, estava escrita a sua acusação: O Rei dos Judeus. 27 E crucificaram com ele dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda. 28 E cumpriu-se a Escritura que diz: E com os malfeitores foi contado. 29 E os que passavam blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! Tu que derribas o templo e, em três dias, o edificas! 30 Salva-te a ti mesmo e desce da cruz. 31 E da mesma maneira também os principais dos sacerdotes, com os escribas, diziam uns para os outros, zombando: Salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo. 32 O Cristo, o Rei de Israel, desça agora da cruz, para que o vejamos e acreditemos.

Também os que com ele foram crucificados o injuriavam.

33 E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até à hora nona. 34 E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lemá sabactâni? Isso, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? 35 E alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por Elias. 36 E um deles correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, deu-lho a beber, dizendo: Deixai, vejamos se virá Elias tirá-lo. 37 E Jesus, dando um grande brado, expirou. 38 E o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo. 39 E o centurião que estava defronte dele, vendo que assim clamando expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.

40 E também ali estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé, 41 as quais também o seguiam e o serviam, quando estava na Galileia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.

A sepultura de Jesus(AG)

42 E, chegada a tarde, porquanto era o Dia da Preparação, isto é, a véspera do sábado, 43 chegou José de Arimateia, senador honrado, que também esperava o Reino de Deus, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus. 44 E Pilatos se admirou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido. 45 E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José, 46 o qual comprara um lençol fino, e, tirando-o da cruz, o envolveu nele, e o depositou num sepulcro lavrado numa rocha, e revolveu uma pedra para a porta do sepulcro. 47 E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde o punham.

A ressurreição(AH)

16 E, passado o sábado, Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago, compraram aromas para irem ungi-lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol, e diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? E, olhando, viram que a pedra estava revolvida; e era ela muito grande. E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida e branca; e ficaram espantadas. Porém ele disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram. Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galileia; ali o vereis, como ele vos disse. E, saindo elas apressadamente, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e assombro; e nada diziam a ninguém, porque temiam.

Aparições de Jesus depois da sua ressurreição

E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. 10 E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes e chorando.

11 E, ouvindo eles que Jesus vivia e que tinha sido visto por ela, não o creram.

12 E, depois, manifestou-se em outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo. 13 E, indo estes, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram.

14 Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado. 15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. 17 E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; 18 pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão.

19 Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus. 20 E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!

Depois Jesus lhes disse:

—Digo a verdade a vocês: Alguns dos que estão aqui presentes não morrerão antes de ver a vinda poderosa do reino de Deus.

A transfiguração de Jesus

(Mt 17.1-13; Lc 9.28-36)

Seis dias depois Jesus levou Pedro, Tiago e João em privado para um alto monte. Ali Jesus mudou a sua apariência diante deles: a sua roupa ficou brilhante de tão branca que nenhum lavadeiro na terra poderia branqueá-la daquela forma. Moisés e Elias também apareceram e começaram a conversar com Jesus. Pedro, então, disse a Jesus:

—Mestre, é bom que nós estejamos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para o senhor, uma para Moisés e outra para Elias. (Ele não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo.) Então, uma nuvem veio do céu e cobriu a todos com sua sombra e uma voz, vinda da nuvem, dizia:

—Este é o meu Filho querido. Ouçam-no!

E, de repente, quando olharam ao redor deles, não viram mais ninguém com eles, a não ser Jesus. Depois, enquanto estavam descendo o monte, Jesus lhes ordenou que não contassem a ninguém a respeito das coisas que tinham visto até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos. 10 Eles guardaram para si o que tinha acontecido, mas se perguntavam uns aos outros o que seria a “ressurreição dos mortos”. 11 E lhe fizeram esta pergunta:

—Por que é que os professores da lei dizem que Elias deve vir primeiro?[a]

12 E Jesus lhes respondeu:

—É verdade que Elias virá primeiro para colocar todas as coisas em ordem. Mas então, por que está escrito que o Filho do Homem tem que sofrer muito e ser desprezado? 13 Eu lhes digo que Elias já veio e que já fizeram com ele tudo o que quiseram, exatamente como está escrito a seu respeito.

Jesus cura um rapaz possuído por um demônio

(Mt 17.14-20; Lc 9.37-43a)

14 Quando chegaram perto do lugar onde os outros discípulos estavam, viram uma grande multidão ao redor deles. Viram também que os professores da lei estavam discutindo com eles. 15 Assim que as pessoas da multidão o viram, ficaram surpresas e correram para cumprimentá-lo. 16 Ele então lhes perguntou:

—O que vocês estão discutindo com eles?

17 Um homem que estava no meio da multidão respondeu:

—Mestre, eu trouxe o meu filho para que o senhor o visse, pois ele está possuído por um demônio que não permite que ele fale. 18 Quando esse demônio o ataca, atirando-o no chão, ele espuma pela boca, range os dentes e o seu corpo se torna rígido. Pedi aos seus discípulos para expulsarem o demônio, mas eles não conseguiram.

19 Jesus, então, disse:

—Gente[b] sem fé! Até quando tenho que estar entre vocês? Até quando terei que tolerá-los? Tragam o menino até aqui.

20 E eles o levaram. Quando o demônio viu a Jesus, ele imediatamente sacudiu o garoto com força, fazendo com que rolasse no chão e espumasse pela boca. 21 Jesus perguntou ao pai do rapaz:

—Há quanto tempo o garoto está assim?

E ele respondeu:

—Desde criança.

22 Muitas vezes esse demônio o atira no fogo ou na água para matá-lo. Se o senhor puder fazer alguma coisa, tenha compaixão de nós e ajude-nos. 23 Jesus lhe disse:

—Você disse: “Se o senhor puder”. Tudo é possível para quem tem fé.

24 E imediatamente o pai do rapaz gritou, dizendo:

—Eu tenho fé! Ajude-me a ter mais fé!

25 Quando Jesus viu que uma multidão estava se juntando rapidamente ao redor deles, repreendeu o demônio e lhe disse:

—Eu ordeno, demônio surdo e mudo, que saia deste menino e nunca mais entre nele!

26 O demônio, então, gritando, sacudiu o rapaz com violentas convulsões e saiu dele, deixando-o como morto. A maioria das pessoas dizia que o rapaz tinha morrido. 27 Mas Jesus o pegou pela mão, ajudou-o a se levantar e ele ficou de pé.

28 Depois que Jesus chegou a casa, seus discípulos lhe perguntaram em particular:

—Por que nós não conseguimos expulsar aquele demônio?

29 E Jesus lhes respondeu:

—Esse tipo somente pode ser expulso por meio da oração.[c]

Jesus fala de sua morte pela segunda vez

(Mt 17.22-23; Lc 9.43b-45)

30 Jesus e seus discípulos saíram dali e viajaram através da região da Galileia. Jesus não queria que ninguém soubesse onde eles estavam, 31 pois queria ensinar os seus discípulos. E lhes disse:

—O Filho do Homem está prestes a ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, mas ele ressuscitará depois de três dias.

32 Os discípulos não entenderam o que Jesus estava dizendo, mas ficaram com medo de perguntar.

Quem é o mais importante de todos?

(Mt 18.1-5; Lc 9.46-48)

33 Depois foram para a cidade de Cafarnaum. Logo que chegaram em casa, Jesus lhes perguntou:

—O que é que vocês estavam discutindo no caminho?

34 Eles, porém, não responderam nada, pois durante a viagem tinham discutido a respeito de qual deles seria o mais importante de todos. 35 Então, sentando-se, ele chamou os doze e disse:

—Se alguém quiser ser o primeiro, deve ser o último e deve servir a todos.

36 Depois, pegou uma criança e a colocou no meio deles. A seguir, abraçou-a e lhes disse:

37 —Qualquer pessoa que receber uma criança em meu nome, recebe a mim; e quem me recebe, não recebe somente a mim, mas também aquele que me enviou.

Quem não está contra nós está a nosso favor

(Lc 9.49-50)

38 João lhe disse:

—Mestre, vimos um homem expulsando demônios em teu nome, mas nós o proibimos porque ele não é do nosso grupo.

39 Mas Jesus explicou:

—Não o proíbam, pois não há ninguém que faça um milagre em meu nome e logo a seguir possa falar mal de mim. 40 Pois, quem não está contra nós, está a nosso favor. 41 Digo a verdade a vocês: Se alguém lhes der um copo de água por vocês pertencerem a Cristo, com toda a certeza receberá a sua recompensa.

Jesus alerta sobre o perigo do pecado

(Mt 18.6-9; Lc 17.1-2)

42 —Se alguém fizer com que um destes pequeninos que tem fé em mim peque, seria melhor para essa pessoa que ela fosse jogada ao mar com uma enorme pedra amarrada ao pescoço. 43 Se a tua mão faz com que você peque, corte-a fora, pois é melhor entrar para a vida eterna sem uma das mãos do que ter as duas mãos e ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. 44 [d] 45 E se o teu pé faz com que você peque, corte-o fora. Pois é melhor entrar para a vida eterna aleijado do que ser jogado no inferno com os dois pés. 46 [e] 47 E se o teu olho faz com que você peque, arranque-o fora. Pois é melhor entrar no reino de Deus somente com um olho do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, 48 onde os vermes nunca morrem e o fogo nunca se apaga. 49 Todos serão castigados[f] com fogo.

50 O sal é bom, mas se perder o seu sabor, como é possível restaurar esse sabor? Desenvolvam boas qualidades em vocês mesmos e vivam em paz uns com os outros.

Jesus ensina sobre o divórcio

(Mt 19.1-12)

10 Depois, partindo dali, ele se dirigiu para a região da Judeia, cruzando o rio Jordão. Uma grande multidão se juntou novamente ao redor de Jesus e ele, como era seu costume, tornou a ensiná-los. Alguns fariseus também se aproximaram dele e lhe perguntaram:

—É permitido a um homem se divorciar de sua esposa?

(Eles perguntaram isso para colocá-lo à prova.) Ele respondeu:

—O que Moisés lhes ordenou?

Eles responderam:

—Moisés permitiu ao homem dar uma certidão de divórcio[g] e mandar a sua mulher embora.

Jesus, porém, lhes disse:

—Moisés lhes deu essa lei por causa da teimosia de vocês. Pois desde o princípio da criação, como foi dito, “Deus os fez homem e mulher”.(A) “Por isso o homem deve deixar seu pai e sua mãe e unir-se à sua esposa, e os dois serão um só corpo”.(B) Portanto, eles não são mais dois, mas sim como se fossem uma só pessoa. Por isso, que ninguém separe o que Deus uniu.

10 Quando chegaram a casa, os discípulos voltaram a perguntar sobre este assunto. 11 E Jesus lhes disse:

—Quem se divorciar de sua esposa e se casar com uma outra mulher estará cometendo adultério contra sua esposa. 12 E a mulher que se divorciar de seu marido e se casar com outro homem também estará cometendo adultério.

Jesus acolhe as crianças

(Mt 19.13-15; Lc 18.15-17)

13 Depois disso alguns trouxeram algumas crianças para que Jesus as abençoasse,[h] mas os discípulos os repreenderam. 14 Ao ver isto, Jesus ficou indignado e lhes disse:

—Deixem que as crianças venham a mim. Não as impeçam, pois o reino de Deus pertence aos que são como estas crianças. 15 Digo a verdade a vocês: Quem não receber o reino de Deus assim como uma criança o faz, nunca entrará nele. 16 E pegando as crianças no colo, colocou as suas mãos sobre elas e as abençoou.

Um jovem rico recusa seguir Jesus

(Mt 19.16-30; Lc 18.18-30)

17 Quando Jesus estava começando de novo a sua viagem, um homem correu ao seu encontro e, ajoelhando-se aos seus pés, perguntou:

—Bom Mestre, o que eu devo fazer para herdar a vida eterna?

18 Jesus lhe respondeu:

—Por que você me chama de bom? Só Deus é bom e mais ninguém! 19 Você conhece os mandamentos: “Não mate, não cometa adultério, não roube, não acuse ninguém falsamente, não seja desonesto, respeite o seu pai e a sua mãe”(C).

20 O homem, então, disse:

—Mestre, desde pequeno tenho obedecido a todos esses mandamentos.

21 Jesus olhou para ele e, sentindo um grande amor por ele, lhe disse:

—Está faltando somente uma coisa: Vá, venda tudo o que você tem e distribua o dinheiro entre os pobres, pois assim você terá um tesouro no céu. Depois venha e siga-me.

22 O homem, porém, ficou desapontado ao ouvir isso e foi embora triste, pois ele tinha muitos bens.

23 Jesus olhou ao seu redor e disse aos discípulos:

—Como é difícil para os ricos entrarem no reino de Deus!

24 Os discípulos ficaram admirados com o que Jesus tinha dito, mas ele disse novamente:

—Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus![i] 25 É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus!

26 Eles ficaram ainda mais admirados e começaram a perguntar uns aos outros:

—Então, quem é que pode ser salvo?

27 Olhando para eles, Jesus explicou:

—É impossível para as pessoas, mas não para Deus, porque para Deus tudo é possível.

28 Pedro, então, disse:

—Olhe, nós deixamos tudo e seguimos o senhor.

29 E Jesus respondeu:

—Digo a verdade a vocês: Aquele que deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou propriedades por minha causa e por causa das Boas Novas, 30 receberá muito mais, ainda nesta vida. Ele receberá cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e propriedades, com perseguições. E no futuro receberá a vida eterna. 31 Muitos dos que agora são os primeiros serão os últimos e muitos dos que agora são os últimos serão os primeiros.

Jesus fala de sua morte pela terceira vez

(Mt 20.17-19; Lc 18.31-34)

32 Eles estavam viajando para Jerusalém e Jesus caminhava à frente deles. Os discípulos estavam admirados com ele, mas alguns que o seguiam estavam com muito medo. Então, Jesus chamou os doze discípulos de lado e começou a lhes revelar as coisas que iam acontecer a ele, dizendo:

33 —Escutem bem! Nós estamos indo para Jerusalém. Lá o Filho do Homem será entregue aos líderes dos sacerdotes e aos professores da lei e eles o condenarão à morte e o entregarão aos que não são judeus. 34 Eles zombarão dele, cuspirão nele, baterão nele e, por fim, o matarão. Três dias depois ele ressuscitará.

O pedido de Tiago e João

(Mt 20.20-28)

35 Tiago e João, os filhos de Zebedeu, se aproximaram de Jesus e pediram:

—Mestre, gostaríamos que nos fizesse uma coisa.

36 E Jesus perguntou:

—O que vocês querem que eu faça?

37 Eles disseram:

—Nós gostaríamos que nos desse o direito de sentar ao seu lado na sua glória, um à sua direita e outro à sua esquerda.

38 Jesus, porém, lhes disse:

—Vocês não sabem o que estão pedindo. Vocês podem, por acaso, beber o cálice[j] que eu bebo ou ser batizados[k] com o batismo com que eu sou batizado?

39 Eles responderam:

—Podemos.

E Jesus lhes disse:

—Vocês beberão o cálice que eu bebo e serão batizados com o batismo com que eu sou batizado; 40 mas não sou eu que estabeleço quem vai se sentar à minha direita ou à minha esquerda. Esses lugares são para as pessoas para quem eles foram preparados.

41 Quando os outros dez ouviram isto, ficaram zangados com Tiago e João. 42 Mas Jesus os chamou e lhes disse:

—Vocês sabem que os que não são judeus são dominados pelos que são considerados seus governadores e são os seus líderes que exercem autoridade sobre eles. 43 Com vocês, entretanto, isto não deve acontecer.

Pelo contrário, aquele que, entre vocês, quiser ser importante,
    tem que servir a vocês;
44 e aquele que quiser ser o primeiro entre vocês,
    tem que ser servo de todos.
45 Digo isto pois nem mesmo o Filho do Homem veio
    para ser servido,
mas sim para servir e até mesmo
    para dar a sua vida como resgate por muitos.

Jesus cura um cego

(Mt 20.29-34; Lc 18.35-43)

46 Jesus e seus discípulos atravessaram a cidade de Jericó. Quando saíam da cidade, acompanhados por grande multidão, encontraram um mendigo cego sentado à beira da estrada. Seu nome era Bartimeu (isto é, filho de Timeu).

47 Quando o cego ouviu que era Jesus de Nazaré que estava passando, começou a gritar, dizendo:

—Jesus, da família de Davi, tenha pena de mim!

48 Muitas pessoas o repreenderam, mandando que ele ficasse quieto, mas ele gritava ainda mais:

—Jesus, da família de Davi, tenha pena de mim!

49 Jesus, então, parou e disse:

—Chamem-no.

E eles chamaram o cego, dizendo-lhe:

—Coragem! Levante-se, pois ele está chamando você.

50 Bartimeu atirou o seu casaco para o lado, levantou-se depressa e foi até Jesus. 51 Jesus lhe perguntou:

—O que você quer que eu faça por você?

E o cego respondeu:

—Eu quero voltar a ver, Mestre!

52 Então Jesus lhe disse:

—Você pode ir embora agora, pois a sua fé o curou. E no mesmo instante o cego recuperou a sua visão e começou a seguir Jesus estrada fora.

Jesus entra em Jerusalém

(Mt 21.1-11; Lc 19.28-40; Jo 12.12-19)

11 Quando se aproximavam de Jerusalém, Jesus e seus discípulos foram até Betfagé e Betânia, junto ao monte das Oliveiras. Jesus enviou dois dos seus discípulos, dizendo:

—Vão até aquela vila ali adiante. Assim que entrarem na vila vocês encontrarão preso um jumento que nunca foi montado. Soltem-no e tragam-no até aqui. Se alguém lhes perguntar: “Por que vocês estão fazendo isso?”, respondam: “Porque o Senhor precisa dele, mas logo o devolverá”.

Eles partiram e encontraram o jumento preso do lado de fora, perto da porta de uma casa e o soltaram. Algumas pessoas que estavam lá lhes perguntaram:

—O que vocês estão fazendo? Por que estão soltando o jumentinho?

Os discípulos responderam o que Jesus tinha mandado que eles respondessem e as pessoas deixaram que eles fossem embora.

Eles levaram o jumento até onde Jesus estava, colocaram nele suas capas e Jesus o montou. Muitas pessoas estenderam as suas capas sobre o caminho e outras espalharam ramos que tinham cortado dos campos. E todas as pessoas, tanto os que iam à frente de Jesus como os que iam atrás, gritavam:

—Glória a Deus[l]!
    Bendito é aquele que vem em nome do Senhor!(D)
10 Bendito o reino que vem,
    o reino do nosso antepassado Davi!
    Glória a Deus nas maiores alturas!

11 Jesus entrou na cidade de Jerusalém e se dirigiu para o templo, olhando tudo à sua volta. Como já era tarde, ele partiu para Betânia com seus doze discípulos.

Jesus amaldiçoa uma figueira

(Mt 21.18-19)

12 No dia seguinte, quando saíam de Betânia, Jesus sentiu fome. 13 Então, ao ver uma figueira ao longe com folhas, se dirigiu até ela para ver se havia algum figo. Mas, ao aproximar-se da árvore, não encontrou nenhum fruto, mas somente folhas, pois não era tempo de figos. 14 Então Jesus disse:

—Que nunca mais ninguém coma dos seus frutos!

E os discípulos ouviram isto.

Jesus no templo

(Mt 21.12-17; Lc 19.45-48; Jo 2.13-22)

15 Depois disso Jesus e seus discípulos seguiram para a cidade de Jerusalém. Quando entraram no templo, Jesus começou a expulsar todas as pessoas que estavam comprando ou vendendo alguma coisa lá. Ele virou as mesas daqueles que estavam trocando dinheiro e também daqueles que estavam vendendo pombas. 16 Também não deixou que ninguém atravessasse o templo carregando coisa alguma. 17 Depois, ele começou a ensiná-los, dizendo:

—Não está escrito: “Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”(E)? Vocês, porém, a transformaram num “esconderijo de ladrões”(F)!

18 Ao ouvirem isto, tanto os líderes dos sacerdotes como os professores da lei começaram a procurar uma maneira de matá-lo. Eles tinham medo dele, pois a multidão estava maravilhada com o seu ensino. 19 Quando anoiteceu, eles saíram da cidade.

A lição sobre a figueira sem figos

(Mt 21.20-22)

20 Na manhã seguinte, quando caminhavam, eles viram a figueira e ela estava seca desde a raiz. 21 Pedro lembrou e disse a Jesus:

—Olhe, Mestre! A figueira que o senhor amaldiçoou ontem secou!

22 Jesus, então, disse:

—Acreditem em Deus! 23 Digo a verdade a vocês: Se alguém disser a este monte: “Levante-se e atire-se no mar” e acreditar que o que disse vai acontecer, sem ter dúvidas em seu coração, então o que disse acontecerá. 24 Por isso eu lhes digo que tudo quanto vocês pedirem em oração, acreditem que já receberam e será de vocês. 25 E, quando vocês estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem a essa pessoa. Dessa forma, o Pai de vocês, que está no céu, também perdoará os seus pecados. 26 [m]

A autoridade de Jesus

(Mt 21.23-27; Lc 20.1-8)

27 Depois disso eles voltaram para Jerusalém. Enquanto Jesus andava pelo templo, os líderes dos sacerdotes, os professores da lei e os líderes se aproximaram dele 28 e lhe perguntaram:

—Por meio de que tipo de poder fazes isto? Quem te deu este poder para fazer estas coisas?

29 Então, Jesus lhes disse:

—Eu vou lhes fazer uma pergunta. Se me responderem, eu lhes direi quem me deu poder para fazer essas coisas. 30 Respondam-me isto: Quem deu a João Batista autoridade para batizar: foi Deus ou foram os homens?

31 Eles começaram a discutir entre si, dizendo:

—Se nós dissermos que foi Deus, ele dirá: “Então por que vocês não acreditaram nele?” 32 Mas não podemos falar que foram os homens (os líderes tinham medo do povo, pois todos acreditavam que João Batista era verdadeiramente um profeta).

33 Então eles responderam:

—Nós não sabemos.

Ao que Jesus lhes disse:

—Então também não vou dizer com que poder faço essas coisas.

A parábola dos lavradores maus

(Mt 21.33-46; Lc 20.9-19)

12 Depois disto Jesus começou a falar com eles mediante parábolas, e disse:

—Um homem fez uma plantação de uvas e a cercou com um muro. Depois construiu um tanque, onde as uvas seriam amassadas, e uma torre. Então arrendou a plantação para alguns lavradores e foi viajar. Quando chegou o tempo certo, o dono mandou um servo seu aos lavradores a fim de receber parte dos frutos da sua plantação de uvas. Os lavradores, porém, pegaram o servo e, dando-lhe uma surra, o mandaram de volta de mãos vazias. Ele lhes enviou outro, mas eles bateram na cabeça dele e o insultaram. Então lhes enviou um outro que, por sua vez, foi morto por eles. O dono da plantação de uvas lhes enviou muitos outros, mas eles bateram em alguns e mataram a outros. Só restava ao dono da plantação enviar seu querido filho. E enviando-o, finalmente, disse: “Ao meu filho eles respeitarão”. Os lavradores, porém, disseram uns aos outros: “Este é o herdeiro. Se nós o matarmos a herança será nossa”. Então, agarrando ao filho do dono, mataram-no e jogaram o seu corpo fora da plantação. Agora eu lhes pergunto: O que o dono da plantação de uvas vai fazer com esse lavradores? Ele virá e os matará e arrendará a sua terra a outros lavradores. 10 Vocês nunca leram as Escrituras? Elas dizem:

“A pedra que os construtores rejeitaram
    veio a ser a pedra mais importante de todas.
11 Isso foi feito pelo Senhor
    e é maravilhoso aos nossos olhos!”(G)

12 Os líderes dos sacerdotes e os professores da lei entenderam que Jesus tinha dito esta parábola contra eles e, embora quisessem prendê-lo, tinham medo do povo. Então, deixando-o, foram embora.

Pagamento de impostos a César

(Mt 22.15-22; Lc 20.20-26)

13 Depois, enviaram alguns fariseus e alguns herodianos até Jesus para ver se o pegavam em alguma coisa que ele dissesse. 14 E, aproximando-se dele, disseram:

—Mestre, nós sabemos que é um homem honesto e que não se importa com o que as pessoas possam pensar, pois o senhor não olha para as aparências, mas ensina sempre o caminho de Deus com toda honestidade. É certo ou não pagar impostos ao imperador? Devemos pagá-los ou não?

15 Jesus, porém, percebendo a hipocrisia deles, lhes disse:

—Por que estão me testando? Tragam-me uma moeda de prata para eu ver.

16 Eles lhe deram a moeda e ele lhes perguntou:

—De quem são esta imagem e esta inscrição?

—Do imperador—eles responderam.

17 Jesus, então, lhes disse:

—Deem ao imperador o que é Do imperador e deem a Deus o que é de Deus.

E todos ficaram admirados com ele.

Os saduceus perguntam sobre a ressurreição

(Mt 22.23-33; Lc 20.27-40)

18 Depois, alguns saduceus, os quais dizem não haver ressurreição, se aproximaram dele e perguntaram:

19 —Mestre, Moisés nos deixou escrito que se um homem morrer e deixar a esposa sem filhos, o irmão dele deve casar-se com a viúva para terem filhos que serão considerados filhos do irmão que morreu.[n] 20 Era uma vez sete irmãos. O primeiro se casou e morreu sem deixar filhos. 21 O segundo se casou com a viúva e morreu sem deixar filhos. Com o terceiro aconteceu a mesma coisa, 22 e nenhum dos sete teve filhos. Por último, morreu também a mulher. 23 No dia da ressurreição, quando todos voltarem à vida, de quem ela será esposa, uma vez que foi casada com todos os sete irmãos? 24 Jesus, porém, lhes respondeu:

—Como vocês estão enganados! E a razão é que não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus. 25 Quando o dia da ressurreição chegar, ninguém se casará. Porém todos serão como os anjos no céu. 26 Mas a respeito da ressurreição dos mortos, vocês nunca leram no livro de Moisés, a passagem que fala sobre o arbusto[o] que queimava? Nela Deus disse a Moisés: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”.(H) 27 Ora, ele não é Deus dos mortos, mas sim dos vivos! Vocês estão completamente errados!

O mandamento mais importante

(Mt 22.34-40; Lc 10.25-28)

28 Um dos professores da lei aproximando-se de Jesus, ouviu a discussão e, como tivesse gostado da resposta que Jesus havia dado, lhe perguntou:

—Qual é o mandamento mais importante?

29 Jesus respondeu:

—O mandamento mais importante é o primeiro: “Ouça, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. 30 Ame o Senhor seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de toda a sua força”(I).[p] 31 O segundo mandamento é este: “Ame o seu próximo[q] como você ama a você mesmo”(J). Não há nenhum outro mandamento que seja maior do que estes. 32 O mestre da lei lhe disse:

—O senhor tem razão, Mestre! Está certo quando diz que Deus é único e que não existe outro a não ser ele. 33 O senhor também está certo quando diz que devemos amá-lo de todo o nosso coração, com todo o nosso entendimento e com toda a nossa força, e que também devemos amar o nosso próximo assim como amamos a nós mesmos, pois tudo isso é superior a quaisquer ofertas de animais queimados ou sacrifícios.

34 Quando Jesus ouviu aquela resposta sábia do mestre da lei, lhe disse:

—Você não está longe do reino de Deus. Depois disto, ninguém se atreveu a fazer-lhe mais perguntas.

Jesus pergunta sobre o Messias

(Mt 22.41-46; Lc 20.41-44)

35 Quando Jesus estava ensinando no templo, disse:

—Como podem os professores da lei dizer que o Cristo vem da família de Davi? 36 O próprio Davi, inspirado pelo Espírito Santo, disse:

“O Senhor disse ao meu Senhor:
    Sente-se a meu lado direito
até que eu coloque todos os seus inimigos
    sob seu poder[r]”.(K)

37 Se o próprio Davi o chama de Senhor, como pode ele vir da família de Davi?

E a multidão o ouvia com prazer.

Jesus critica os professores de lei

(Mt 23.1-36; Lc 20.45-47)

38 E enquanto ensinava, dizia:

—Tenham cuidado com os professores da lei. Eles gostam de andar com as suas roupas elegantes e de ser cumprimentados com respeito nos lugares públicos. 39 Eles também gostam de ocupar os lugares mais importantes nas sinagogas e os lugares de honra nas festas. 40 Eles exploram as viúvas, roubando delas os seus bens e, ao mesmo tempo, fazem longas orações para serem notados. Estes receberão o pior castigo.

A oferta da viúva pobre

(Lc 21.1-4)

41 Jesus estava sentado perto da caixa de contribuições[s] do templo e observava como as pessoas punham seu dinheiro nela. Muitos ricos depositavam grandes quantias. 42 Veio, porém, uma viúva pobre e colocou duas pequenas moedas, correspondentes a um centavo. 43 Jesus, então, chamando os seus discípulos, lhes disse:

—Digo a verdade a vocês: Esta viúva pobre colocou na caixa de contribuições mais do que o fizeram todos os outros! 44 Digo isto pois todos deram o que tinham sobrando; ela, porém, na sua pobreza, deu tudo o que tinha para viver.

Jesus fala sobre a destruição do templo

(Mt 24.1-2; Lc 21.5-6)

13 Quando Jesus estava saindo do templo, um de seus discípulos lhe disse:

—Mestre, veja que beleza de pedras e de edifícios!

Mas Jesus lhe disse:

—Você está vendo estes grandes edifícios? Pois eu lhe digo que nenhuma pedra será deixada sobre outra; todas elas serão derrubadas.

Jesus fala sobre as perseguições

(Mt 24.3-44; Lc 21.7-33)

Quando Jesus estava sentado no monte das Oliveiras, em frente ao templo, Pedro, Tiago, João e André foram falar com ele em particular:

—Diga-nos, quando essas coisas vão acontecer? Quais serão os sinais que mostrarão que essas coisas estão prestes a se cumprir?

Jesus, então, começou a dizer-lhes:

—Tenham cuidado para que ninguém os engane. Muitas pessoas virão em meu nome e dirão: “Eu sou ele” e enganarão muita gente. Não se assustem quando ouvirem sons de batalhas ou notícias de guerra; essas coisas têm que acontecer, mas ainda não será o fim. Digo isto porque uma nação fará guerra contra outra e um país atacará outro. Haverá terremotos e fome em vários lugares. Essas coisas serão somente o começo, assim como as primeiras dores da mulher que está para dar à luz.

—Vocês precisam ter cuidado! Serão presos e levados aos tribunais e serão espancados nas sinagogas. Também terão de comparecer perante governadores e reis por minha causa a fim de dar testemunho sobre as Boas Novas. 10 E isto acontecerá porque as Boas Novas devem ser proclamadas primeiro em todas as nações. 11 Quando vocês forem presos e levados aos tribunais, não se preocupem antes do tempo com o que irão dizer. Naquele momento, digam o que lhes for dado, pois não serão vocês que estarão falando, mas sim o Espírito Santo. 12 Irmãos entregarão a seus irmãos para serem mortos, e pais entregarão seus próprios filhos. Filhos se levantarão contra seus pais e os matarão. 13 Vocês serão odiados por todos por causa do meu nome, mas aquele que se mantiver firme até o fim será salvo.

14 Quando virem “a terrível coisa que causa desolação”[t] no lugar onde não deveria estar (que o leitor entenda o que isto quer dizer[u]), então quem estiver na Judeia deve fugir para as montanhas, 15 quem estiver em cima da sua casa, no terraço, não deve entrar nela para pegar coisa alguma 16 e quem estiver no campo não deve voltar atrás para ir buscar seu casaco. 17 Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentando nessa época! 18 Orem para que isto não aconteça no inverno. 19 Porque o sofrimento daqueles dias será tal como nunca aconteceu desde o princípio, quando Deus criou o mundo, até agora. E nunca mais acontecerá. 20 Se o Senhor não tivesse abreviado aqueles dias, ninguém poderia sobreviver. Mas ele abreviou aqueles dias por causa dos escolhidos que ele selecionou. 21 E se alguém lhes disser: “Olhe! Aqui está o Cristo!” ou ainda: “Ali está ele!”, não acreditem. 22 Digo isto porque falsos Cristos e falsos profetas aparecerão e eles farão milagres e maravilhas com a intenção de, se possível, enganar até o próprio povo escolhido de Deus. 23 Portanto, tenham cuidado! Eu estou lhes avisando com antecedência.

A vinda de Jesus no futuro

24 —Mas naqueles dias, depois dos sofrimentos,

“o sol escurecerá
    e a lua não brilhará.
25 As estrelas cairão do firmamento
    e os corpos celestes serão abalados”.[v]

26 E então o Filho do Homem será visto, vindo nas nuvens com muito poder e glória. 27 Ele enviará os seus anjos por toda a terra e reunirá os escolhidos de Deus, da extremidade da terra até a extremidade do céu.

A parábola da figueira

28 —Aprendam a lição que a figueira nos ensina: Quando os seus ramos se tornam macios e as suas folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está chegando. 29 Da mesma forma, quando vocês virem estas coisas acontecerem,[w] saibam que o tempo está próximo, batendo à porta. 30 Digo a verdade a vocês: Esta geração não passará até que todas estas coisas aconteçam. 31 O céu e a terra desaparecerão, as minhas palavras, porém, permanecerão para sempre.

O dia e a hora

32 —A respeito daquele dia ou da hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, mas somente o Pai. 33 Portanto, tenham cuidado! Estejam sempre alerta, pois ninguém sabe quando a hora vai chegar.

34 —É como se um homem que, saindo do país, deixa a sua casa entregue aos cuidados dos seus servos, cada um com a sua obrigação, e manda o porteiro vigiar. 35 Vocês também devem vigiar, pois também não sabem quando o senhor da casa vai chegar. Ele pode chegar tanto à tarde como à meia-noite, tanto de madrugada como pela manhã. 36 Vigiem para que, se ele vier inesperadamente, não os encontre dormindo. 37 O que, porém, lhes digo, digo a todos: Vigiem!

O plano para matar Jesus

(Mt 26.1-5; Lc 22.1-2; Jo 11.45-53)

14 Faltavam apenas dois dias para a Páscoa e para a Festa dos Pães sem Fermento e tanto os líderes dos sacerdotes como os professores da lei procuravam um meio de prender Jesus à traição, e matá-lo. Eles diziam:

—Não vamos fazer isso durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.

Uma mulher honra Jesus em Betânia

(Mt 26.6-13; Jo 12.1-8)

Jesus estava na cidade de Betânia, à mesa na casa de Simão, o leproso, quando chegou uma mulher. Ela entrou com um frasco de alabastro cheio de um perfume muito caro feito de nardo puro. Quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus. Algumas das pessoas que estavam presentes ficaram indignadas e diziam umas para as outras:

—Que desperdício! Por que ela fez isso? Esse perfume poderia ter sido vendido por mais de 300 moedas de prata[x] e o dinheiro distribuído entre os pobres!

E começaram a criticá-la severamente. Mas Jesus lhes disse:

—Deixem-na em paz! Por que vocês a estão incomodando? Ela me fez uma coisa boa! Os pobres estarão sempre com vocês[y] e poderão ajudá-los quando quiserem. Eu, no entanto, não estarei sempre com vocês. Ela fez o que pôde; derramou perfume sobre o meu corpo antes do tempo e assim o preparou para o enterro. Digo a verdade a vocês: Em todos os lugares do mundo onde as Boas Novas forem proclamadas, o que ela acabou de fazer será contado em memória dela.

Judas concorda em ajudar os inimigos de Jesus

(Mt 26.14-16; Lc 22.3-6)

10 Judas Iscariotes, um dos doze discípulos, foi falar com os líderes dos sacerdotes a fim de trair Jesus. 11 Quando ouviram isto, eles ficaram muito felizes e prometeram lhe dar dinheiro. Assim, Judas começou a procurar uma boa oportunidade para trair a Jesus.

Os preparativos para a Páscoa

(Mt 26.17-25; Lc 22.7-14,21-23; Jo 13.21-30)

12 No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, quando o cordeiro da Páscoa era sacrificado, os seus discípulos lhe perguntaram:

—Onde quer que nós preparemos o jantar da Páscoa? 13 Jesus, então, chamando dois de seus discípulos, disse-lhes:

—Vão até a cidade. Lá, um homem que estará carregando um jarro de água se encontrará com vocês. Sigam-no 14 e digam isto ao dono da casa onde ele entrar: “O Mestre pergunta: Onde fica a sala na qual eu e meus discípulos poderemos comer o jantar da Páscoa?” 15 Ele lhes mostrará uma sala grande, toda mobiliada e pronta, no andar de cima da casa; façam ali os preparativos para nós.

16 Os discípulos partiram e foram para a cidade e, encontrando tudo exatamente como Jesus lhes tinha dito, prepararam o jantar da Páscoa.

Jesus fala sobre o seu traidor

17 Quando anoiteceu, Jesus e os seus doze discípulos foram até lá e, 18 enquanto estavam à mesa jantando, lhes disse:

—Digo a verdade a vocês: Um de vocês, que come comigo, me trairá.

19 E eles começaram a ficar tristes e a dizer-lhe, um após o outro:

—Por acaso sou eu?

20 Mas Jesus lhes disse:

—É um dos doze; um que molha o pão no prato comigo. 21 O Filho do Homem vai partir, assim como está escrito a respeito dele. Mas ai daquele por quem o Filho do Homem será traído! Seria melhor que ele nunca tivesse nascido!

A Ceia do Senhor

(Mt 26.26-30; Lc 22.15-20; 1Co 11.23-25)

22 Enquanto estavam comendo, Jesus pegou o pão e deu graças a Deus. Depois, partindo-o, o deu a seus discípulos, dizendo:

—Tomem; isto é o meu corpo.

23 Em seguida, Jesus pegou o cálice, deu graças a Deus e o passou aos discípulos e todos beberam dele. 24 Então Jesus lhes disse:

—Isto é o meu sangue, o sangue que sela a aliança entre Deus e seu povo, derramado em favor de muitos. 25 Digo a verdade a vocês: Eu nunca mais beberei vinho até o dia em que beber do vinho novo no reino de Deus. 26 Em seguida cantaram um hino e foram todos para o monte das Oliveiras.

Jesus diz que os seus discípulos vão abandoná-lo

(Mt 26.31-35; Lc 22.31-34; Jo 13.36-38)

27 Jesus disse a todos:

—Vocês pararão de crer em mim, pois as Escrituras dizem:

“Eu matarei o pastor
    e as ovelhas fugirão”.(L)

28 Mas, depois que eu ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galileia.

29 Pedro, porém, lhe disse:

—Mesmo que todos abandonem a fé, eu nunca a abandonarei.

30 Então Jesus lhe disse:

—Digo-lhe a verdade: Hoje, nesta mesma noite, antes mesmo que o galo cante pela segunda vez, você negará três vezes que me conhece.

31 Pedro, entretanto, insistiu, dizendo:

—Eu nunca negarei que o conheço, nem mesmo que eu tenha que morrer com o senhor. E todos os outros disseram a mesma coisa.

Jesus ora sozinho

(Mt 26.36-46; Lc 22.39-46)

32 Depois, todos foram para um lugar chamado Getsêmani. Jesus disse aos seus discípulos:

—Sentem-se aqui enquanto eu oro.

33 E levou Pedro, Tiago e João com ele. Jesus começou a sentir-se angustiado e aflito 34 e então disse aos três:

—Como estou extremamente triste! Fiquem aqui e vigiem.

35 E, afastando-se um pouco, se ajoelhou e orou pedindo que, se fosse possível, Deus lhe poupasse aquela hora. 36 Ele dizia o seguinte:

—Querido Pai[z]! Todas as coisas são possíveis para o senhor. Eu lhe imploro que afaste de mim esse cálice de sofrimento,[aa] mas que seja feita a sua vontade, e não a minha.

37 Depois, voltando até o lugar onde os três discípulos estavam, os encontrou dormindo. Então disse a Pedro:

—Você está dormindo, Simão? Será que não pôde vigiar nem mesmo por uma hora? 38 Vigiem e orem, para que vocês não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas o corpo é fraco.

39 Depois disso Jesus se afastou novamente e orou, pedindo a mesma coisa. 40 E, voltando pela segunda vez, Jesus os encontrou novamente dormindo, pois os olhos deles estavam pesados. Eles não sabiam o que lhe dizer. 41 E, voltando pela terceira vez, lhes disse:

—Vocês continuam dormindo e descansando? Basta! Chegou a hora. O Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. 42 Levantem-se e vamos embora! Olhem! Aí vem o homem que está me traindo.

Jesus é preso

(Mt 26.47-56; Lc 22.47-53; Jo 18.3-12)

43 E nesse mesmo instante, enquanto Jesus estava ainda falando, Judas, um dos doze, apareceu. Muitos homens, armados com espadas ou com pedaços de pau, o acompanhavam. Eles tinham sido enviados pelos líderes dos sacerdotes, pelos professores da lei e pelos líderes. 44 O traidor tinha combinado um sinal com eles, dizendo: “Aquele a quem eu beijar no rosto, é ele; prendam-no e levem-no com segurança”. 45 Assim que Judas chegou, se aproximou de Jesus e lhe disse:

—Mestre!—e o beijou no rosto.

46 Então os homens que estavam com Judas pegaram a Jesus e o prenderam. 47 Um dos homens que estava ali puxou a sua espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. 48 Jesus então disse a eles:

—Por que vocês vieram com espadas e pedaços de pau para me prender como se eu fosse algum bandido? 49 Eu estava com vocês todos os dias, ensinando no templo, e vocês não me prenderam. Mas isto está acontecendo porque as Escrituras têm que ser cumpridas.

50 Então, todos os discípulos o abandonaram e fugiram.

O jovem que seguia a Jesus

51 Um jovem que seguia a Jesus estava usando somente um lençol para cobrir seu corpo. Eles tentaram agarrá-lo pelo lençol, 52 mas ele, largando o lençol, fugiu completamente nu.

Jesus diante do Conselho Superior

(Mt 26.57-68; Lc 22.54-55,63-71; Jo 18.13-14,19-24)

53 Jesus foi levado ao sumo sacerdote e todos os líderes dos sacerdotes, líderes e professores da lei se reuniram. 54 Pedro o tinha seguido de longe até chegar ao pátio do palácio do sumo sacerdote, e estava sentado com os guardas perto do fogo, se aquecendo.

55 Os líderes dos sacerdotes e todo o Conselho Superior de judeus procuravam encontrar alguma prova contra Jesus para que assim pudessem condená-lo à morte, mas não conseguiam. 56 Muitas pessoas testemunhavam mentiras contra ele, mas os depoimentos não eram coerentes. 57 Então, alguns homens se levantaram e testemunharam mentiras contra ele, dizendo:

58 —Nós o ouvimos dizer o seguinte: Eu destruirei este templo feito por mãos humanas e, em três dias, construirei outro, que não será feito por mãos humanas. 59 Nem assim o testemunho deles era coerente.

60 O sumo sacerdote se levantou então diante de todos e perguntou a Jesus:

—Você não vai responder nada? Não vai se defender das acusações que estão sendo feitas contra você?

61 Jesus, no entanto, permaneceu calado, não respondendo nada. O sumo sacerdote se dirigiu novamente a ele e perguntou:

—É verdade que você é o Cristo, Filho do Deus Bendito?

62 Jesus lhe respondeu:

—É verdade, e vocês verão o Filho do Homem sentado ao lado direito do Todo-Poderoso, vindo com as nuvens do céu.

63 O sumo sacerdote, então, rasgando as suas roupas, disse:

—Será que ainda precisamos de mais provas? 64 Vocês ouviram esse insulto contra Deus. O que vocês acham?

E todos o julgaram réu de morte. 65 Algumas pessoas começaram a cuspir nele, a cobrir o seu rosto, a dar-lhe murros e a dizer-lhe:

—Revele-nos quem lhe bateu! E os guardas o pegaram e bateram nele.

Pedro nega conhecer Jesus

(Mt 26.69-75; Lc 22.56-62; Jo 18.15-18,25-27)

66 Pedro ainda estava no pátio do palácio quando uma das mulheres que trabalhava para o sumo sacerdote chegou. 67 Quando ela viu Pedro se aquecendo, olhou bem para ele e disse:

—Você também estava com Jesus de Nazaré.

68 Mas ele negou, dizendo:

—Eu não o conheço. Não sei do que você está falando.

E saiu para o corredor. Logo depois disso o galo cantou.[ab]

69 Mas quando aquela mulher o viu lá, começou a dizer aos que estavam perto:

—Este homem é um deles.

70 E novamente Pedro negou que conhecia Jesus. Pouco tempo depois as pessoas que estavam ali começaram a dizer a Pedro:

—Sem dúvida que você também é um deles, pois você também é da Galileia.

71 Pedro, então, começou a afirmar com juramento, e assegurando estar se colocando debaixo da maldição de Deus se estivesse mentindo, disse:

—Eu não conheço esse homem de quem vocês estão falando.

72 E nesse mesmo instante o galo cantou pela segunda vez, e Pedro se lembrou do que Jesus tinha dito: “Você negará que me conhece por três vezes antes que o galo cante pela segunda vez”. E caindo em si, começou a chorar.

O governador Pilatos interroga Jesus

(Mt 27.1-2,11-14; Lc 23.1-5; Jo 18.28-38)

15 Assim que amanheceu, os líderes dos sacerdotes, os líderes, os professores da lei e todo o Conselho Superior dos judeus chegaram a uma decisão. Eles amarraram Jesus, o levaram e o entregaram a Pilatos. Pilatos lhe perguntou:

—Você é o rei dos judeus?

Ele respondeu:

—Você está dizendo isso.

Os líderes dos sacerdotes, então, começaram a acusá-lo de muitas coisas. Pilatos tornou a perguntar:

—Não vai responder nada? Veja quantas acusações estão sendo feitas contra você!

Mas mesmo assim Jesus não respondeu e Pilatos ficou muito admirado.

Jesus é condenado

(Mt 27.15-31; Lc 23.13-25; Jo 18.39-19.16)

Durante a festa da Páscoa, Pilatos tinha o costume de soltar um dos prisioneiros, qualquer um que o povo escolhesse. Havia entre os prisioneiros um homem chamado Barrabás. Ele e outros revolucionários tinham sido presos por terem matado várias pessoas durante um tumulto.

A multidão se ajuntou e começou a pedir que Pilatos fizesse como de costume. Pilatos, então, lhes perguntou:

—Vocês querem que eu solte o rei dos judeus?

10 (Pilatos disse isso porque sabia que por inveja os líderes dos sacerdotes tinham entregado a Jesus.) 11 Mas os líderes dos sacerdotes incitaram o povo a pedir que Pilatos lhes entregasse Barrabás ao invés de Jesus. 12 Pilatos, então, lhes perguntou mais uma vez:

—Então, o que querem que eu faça com este homem que vocês chamam de rei dos judeus?

13 E todos eles gritaram:

—Queremos que o senhor o crucifique!

14 Pilatos, porém, lhes perguntou:

—Mas que mal ele fez?

A multidão, no entanto, gritava cada vez mais:

—Crucifique-o!

15 Pilatos então, para contentar o povo, soltou Barrabás. Em seguida, mandou que Jesus fosse chicoteado e que depois fosse levado para ser crucificado.

Jesus e os soldados

16 Os soldados levaram Jesus para o pátio interno do palácio do governador e lá reuniram toda a tropa. 17 Primeiro eles o vestiram com uma capa vermelha.[ac] Depois, entrelaçando espinhos em forma de uma coroa, a colocaram sobre a cabeça dele 18 e começaram a saudá-lo, dizendo:

—Viva o Rei dos judeus!

19 Eles bateram na cabeça dele com um pedaço de pau, cuspiram nele e, ajoelhando-se diante dele, o adoravam.

20 Depois de terem zombado dele, tiraram a capa vermelha dele e o vestiram com suas próprias roupas. Em seguida, o levaram para fora para ser crucificado.

Jesus é crucificado

(Mt 27.32-44; Lc 23.26-39; Jo 19.17-19)

21 No caminho eles encontraram um homem chamado Simão, da cidade de Cirene. Ele era pai de Alexandre e de Rufo e estava vindo do campo quando os soldados o obrigaram a carregar a cruz de Jesus. 22 Eles levaram Jesus até um lugar chamado Gólgota (que quer dizer “Lugar da Caveira”), 23 e lhe ofereceram vinho misturado com mirra para beber, mas ele não aceitou.

24 Eles o crucificaram e depois dividiram as suas roupas entre si, tirando a sorte com dados para saber qual seria a parte de cada um.

25 Eram nove horas da manhã quando crucificaram Jesus.

26 Um pouco acima da cabeça de Jesus, pregaram na cruz uma tabuleta onde estava escrito como acusação: O rei dos judeus. 27 Crucificaram-no com dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda. 28 [ad] 29 As pessoas que passavam por ali faziam pouco dele e, sacudindo a cabeça, diziam:

—Ele não disse que ia destruir o templo e que ia construí-lo de novo em três dias? 30 Então que desça da cruz e que se salve!

31 Os líderes dos sacerdotes e os professores da lei também caçoavam dele e diziam uns aos outros:

—Salvou outros e não consegue salvar a si mesmo. 32 Desça da cruz agora o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e possamos acreditar.

E até os que foram crucificados com ele o insultavam.

A morte de Jesus

(Mt 27.45-56; Lc 23.44-49; Jo 19.28-30)

33 Ao meio-dia uma escuridão cobriu a terra, que permaneceu às escuras por três horas. 34 Às três horas da tarde, Jesus gritou bem alto:

Eloí, Eloí, lamá sabactâni?—(que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus! Por que me abandonou?”).(M) 35 Quando algumas pessoas que estavam ali ouviram isto, disseram:

—Escutem! Ele está chamando por Elias![ae]

36 Alguém correu, molhou uma esponja em vinagre e, colocando-a na ponta de uma vara, deu de beber a Jesus. Depois ele disse:

—Deixem-no! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz!

37 Mas Jesus deu um grito forte e morreu.

38 Nesse mesmo instante a cortina do templo se rasgou em duas partes, de cima até embaixo.

39 Quando o oficial da guarda que estava em frente de Jesus o ouviu gritar e viu como ele havia morrido, disse:

—Realmente este homem era o Filho de Deus!

40 Algumas mulheres que também estavam ali observavam de longe. Entre elas estavam: Maria Madalena, Salomé e Maria, a mãe de Tiago, o jovem, e de José. 41 Estas mulheres tinham acompanhado e ajudado a Jesus desde o tempo em que ele estava na Galileia. Muitas outras mulheres que também estavam ali tinham ido com ele para Jerusalém.

O enterro de Jesus

(Mt 27.57-61; Lc 23.50-56; Jo 19.38-42)

42 Era o dia da preparação, isto é, véspera do sábado. Já era quase noite quando 43 José de Arimateia, importante membro do Conselho Superior dos judeus e que também esperava pelo reino de Deus, chegou. Com muita coragem José se dirigiu a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 44 Pilatos ficou admirado quando ouviu que Jesus já tinha morrido. E, chamando um oficial, lhe perguntou se fazia muito tempo que Jesus morrera. 45 Depois de se certificar da morte de Jesus por informação do oficial, Pilatos permitiu que José levasse o corpo.

46 José comprou um lençol de linho e, tirando o corpo de Jesus da cruz, o enrolou no lençol. Depois, colocou o corpo num túmulo que tinha sido cavado numa rocha e rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo. 47 Maria Madalena e Maria, a mãe de José, estavam lá e viram onde o corpo de Jesus tinha sido colocado.

A ressurreição de Jesus

(Mt 28.1-8; Lc 24.1-12; Jo 20.1-10)

16 Depois que passou o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram perfumes para derramar sobre o corpo de Jesus. Domingo bem cedo, antes mesmo do nascer do sol, elas foram até o túmulo e, enquanto caminhavam, diziam entre si:

—Quem vai rolar a pedra da entrada do túmulo para nós?

(Elas estavam dizendo isso porque a pedra era muito grande.) Ao olharem adiante, porém, viram que a pedra já tinha sido tirada.

Quando elas entraram no túmulo, ficaram muito assustadas, pois viram um rapaz vestido de roupas brancas, sentado ao lado direito. Ele lhes disse:

—Não se assustem. Vocês estão procurando a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado, não é verdade? Mas ele não está mais aqui; ele ressuscitou. Vejam o lugar onde ele tinha sido colocado. Agora vão e deem este recado aos discípulos e a Pedro: “Ele irá para a Galileia antes de vocês. Vocês o encontrarão lá, exatamente como ele mesmo lhes disse”.

Elas saíram do túmulo correndo, pois estavam apavoradas e fora de si; e, por estarem com medo, não disseram nada a ninguém[af].

Jesus aparece a Maria Madalena

(Mt 28.9-10; Jo 20.11-18; Lc 24.13-35)

Depois de ter ressuscitado, na madrugada de domingo, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, de quem expulsara sete demônios. 10 Ela foi e contou o acontecido aos que tinham sido companheiros de Jesus, pois eles estavam muito tristes e choravam. 11 Quando ouviram que Jesus estava vivo e que ela o tinha visto, eles não acreditaram.

Jesus aparece a dois discípulos

12 Depois disto, Jesus apareceu, numa forma diferente, a dois de seus discípulos que estavam caminhando em direção ao campo. 13 Eles voltaram e contaram aos outros discípulos, mas estes novamente não acreditaram no que eles disseram.

Jesus aparece aos seus discípulos

(Mt 28.16-20; Lc 24.36-49; Jo 20.19-23; At 1.6-8)

14 Mais tarde Jesus apareceu aos onze discípulos enquanto estavam comendo. Ele os repreendeu pela sua falta de fé e pela sua teimosia, pois não tinham acreditado nas palavras daqueles que o tinham visto ressuscitado. 15 Ele lhes disse:

—Espalhem-se por todo o mundo e anunciem as Boas Novas a todas as pessoas. 16 Deus salvará aquele que crer e for batizado, mas Deus condenará a quem não crer. 17 Estes são os sinais que acompanharão os que creem: eles expulsarão demônios em meu nome e falarão em outras línguas; 18 se pegarem em cobras com as mãos ou beberem algum veneno, nada de mal lhes acontecerá; eles colocarão suas mãos sobre os doentes e estes ficarão curados.

Jesus é levado para o céu

(Lc 24.50-53; At 1.9-11)

19 Depois de ter-lhes dito todas estas coisas, Jesus foi levado ao céu e se sentou à direita de Deus. 20 Os discípulos, então, partiram e anunciaram a mensagem por todos os lugares. O Senhor os ajudava e confirmava o que eles diziam, realizando por meio deles sinais milagrosos.

Footnotes

  1. 9.11 Ver Ml 4.5-6.
  2. 9.19 Gente Literalmente, “Geração”.
  3. 9.29 Alguns manuscritos têm: “por meio da oração e jejum”.
  4. 9.44 Algumas cópias gregas de Marcos adicionam o versículo 44, que é igual ao versículo 48.
  5. 9.46 Algumas cópias gregas de Marcos adicionam o versículo 46, que é igual ao versículo 48.
  6. 9.49 Literalmente, “Todos serão salgados com fogo”. Alguns manuscritos adicionam: “e todo sacrifício será salgado”. No Antigo Testamento se colocava sal aos sacrifícios. Este versículo pode significar que os seguidores de Jesus serão postos à prova por meio do sofrimento e que eles mesmos devem se oferecer a Deus como sacrifício.
  7. 10.4 Ver Dt 24.1.
  8. 10.13 as abençoasse Literalmente, “as tocasse”.
  9. 10.24 Assim é como aparece nos melhores manuscritos. A maior parte dos manuscritos menos antigos têm “como é difícil para os ricos entrar no reino de Deus!”
  10. 10.38 cálice Um símbolo do sofrimento. Jesus usa a ideia de beber em um cálice para se referir à aceitação do sofrimento que ele enfrentaria nos terríveis eventos que estavam prestes a acontecer. Também no versículo 39.
  11. 10.38 ser batizados Aqui “batismo”, que pode significar “mergulhado”, tem um significado todo especial: é ser batizado ou enterrado (mergulhado) em problemas.
  12. 11.9 Glória a Deus Literalmente, “hosana”, uma palavra hebraica usada principalmente em orações feitas a Deus pedindo ajuda, mas neste caso provavelmente era um grito de alegria usado na adoração a Deus ou ao Messias.
  13. 11.26 Algumas cópias gregas antigas adicionam o versículo 26: “Mas se vocês não perdoarem aos outros, então o Pai de vocês, que está no céu, também não perdoará os seus pecados”.
  14. 12.19 se um homem morrer (…) irmão que morreu Ver Dt 25.5-6.
  15. 12.26 arbusto Ver Êx 3.1-12.
  16. 12.30 de toda a sua força Ou “com todas as suas riquezas”.
  17. 12.31 seu próximo O significado que Jesus dá à palavra “próximo” inclui qualquer pessoa, conhecida ou desconhecida, que esteja precisando de ajuda. Ver Lc 10.25-37.
  18. 12.36 sob seu poder Literalmente, “debaixo dos seus pés”.
  19. 12.41 caixa de contribuições Esta era uma caixa especial que ficava no lugar próprio para a adoração. Nela as pessoas punham as suas contribuições como oferta a Deus.
  20. 13.14 “a terrível coisa (…) desolação” Mencionado no livro de Dn 9.27; 11.31; 12.11.
  21. 13.14 entenda o que isto quer dizer O escritor quer que os seus leitores entendam que está falando a respeito do exército romano, que iria destruir Jerusalém. O escritor não quer escrever isso de forma clara. Ver Lc 21.20-24.
  22. 13.24-25 Leia Is 13.10; 34.4.
  23. 13.29 estas coisas acontecerem Em Lc 21.31, Jesus explica que está se referindo ao tempo no qual o reino de Deus virá.
  24. 14.5 300 moedas de prata Literalmente, “300 denários”. O denário era uma moeda de prata que, de maneira geral, se pagava por um dia de trabalho. Esta quantia (300 moedas) era o equivalente a quase um ano de salário.
  25. 14.7 Os pobres (…) com vocês Ver Dt 15.11.
  26. 14.36 Querido Pai Literalmente, Abba. As crianças judias chamavam seus pais de abba, que traduzido quer dizer “papai”.
  27. 14.36 cálice de sofrimento Jesus usa a ideia de beber em um cálice para se referir à aceitação do sofrimento que ele enfrentaria nos terríveis eventos que estavam prestes a acontecer.
  28. 14.68 Alguns manuscritos não têm: “Logo depois disso o galo cantou”.
  29. 15.17 capa vermelha Provavelmente era a capa de um dos soldados, que parecia com a capa vermelha usada por um rei. Eles a colocaram em Jesus para zombar dele por ter afirmado ser um rei.
  30. 15.28 Algumas cópias gregas adicionam o versículo 28: “Assim se cumpriu o que as Escrituras dizem: Ele foi contado com os criminosos”.
  31. 15.35 está (…) Elias Quando Jesus disse “Meu Deus” (tradução da palavra Eloí em aramaico ou Elí em hebraico), as pessoas pensaram ter escutado o nome do profeta Elias devido à semelhança de pronúncia entre as duas palavras.
  32. 16.8 Alguns manuscritos gregos mais antigos finalizam o livro com o versículo 8. Outros manuscritos finalizam com este final mais curto: “Mas eles pronto deram instruções a Pedro e aos que estavam com ele. Depois disso, o próprio Jesus os enviou desde o leste até o oeste com a santa mensagem que nunca muda: as pessoas podem ser salvas eternamente”.